31.3.11

GENTE DA MINHA TERRA (III)

“ O teatro foi sempre para mim uma paixão” - Ana Maria Paulo
“Mãos sujas do trabalho

Não tendes que ter vergonha

Estais sujas do trabalho

Mas limpas de peçonha”

Nisa foi sempre uma terra de artistas e de gente com grande paixão pelo teatro. No século XIX e à falta de melhor, instalavam-se palcos em espaços públicos para as representações de actores locais. Nos anos 40, 50 e 60 do século passado, muitas foram as peças de teatro levadas à cena, por amadores nisenses. A propósito do Dia Mundial do Teatro (27 de Março) trazemos à memória um espectáculo realizado no dia 11 de Março de 1946 e as emoções que o mesmo provocou à principal intérprete da peça “Romeu e Julieta”, Ana Maria Paulo.

Foi uma coisa nunca vista em Nisa, o Cine Teatro cheio, à cunha, as pessoas, ricos e pobres, na expectativa para verem o que nós fazíamos”.

A estreia foi o culminar de um longo trabalho, que incluiu seis meses de ensaios, à noite, numa sala da JAC (Juventude Agrária Católica), depois de um longo e duro dia de trabalho. A senhora Ana Maria, 81 anos, 22 dos quais a trabalhar em França, recorda como tudo se passou.

“O principal impulsionador do teatro foi o meu pai, Joaquim Paulo. Trabalhava na Horta do Parreirão e à noite recolhia-se, sem dizer nada a ninguém. Andou um ano a ler o romance “Romeu e Julieta” e a estudar a forma de o levar ao palco. O meu pai não andou à escola, aprendeu a ler e a escrever na tropa, mas tinha também o “bichinho” do teatro e conseguiu arranjar um bom grupo para a representação. As mulheres e parte dos homens trabalhavam no campo e foi preciso uma grande força de vontade para levarmos este desafio por diante. O meu pai era muito disciplinado e não admitia faltas de respeito. Em 1946 não era nada fácil juntar um grupo de mulheres e pô-las em cima de um palco a representar, mas o meu pai conseguiu.” Actores, ensaiador e técnicos de "Romeu e Julieta" - 11 Março de 1946 em Nisa

Ana Paulo tinha 17 anos e ainda recorda com um frémito de emoção e um brilho nos olhos, o seu papel de “Julieta”.

“ Representar foi sempre um desejo que tive na ideia e depois da apresentação da peça e a recepção que tivemos da parte do público, ainda mais se cimentou essa vontade. A reacção do público foi fantástica. O Cine Teatro parecia vir abaixo com tantos aplausos. Aplausos que eram um grande prémio para todos e especialmente para o meu pai que tanto trabalhou para aquele momento. Não esqueço o grande esforço que foi feito. As senhoras ricas de Nisa emprestaram os fatos, alguns adereços vieram de Lisboa, por aluguer. Os cenários foram feitos com o espírito de ajuda que existia entre todos nós. A segunda parte dos espectáculos era dedicada a Variedades e eu também cantava, tal como as minhas companheiras, sendo acompanhadas pela música do grupo de jazz “Os Fixes”. Lembro-me de ter cantado “As mãos sujas do trabalho”. Houve duas representações em Nisa, com lotação esgotada. Mais tarde, o meu pai levou à cena “Escravos de Amor” onde desempenhei também o papel principal, “Deolinda”, mas foi a peça “Romeu e Julieta” que me ficou sempre no coração e na memória, de tal maneira que, ainda hoje sei, quase de cor, todos os diálogos.” O exemplo de um trabalhador rural, com exíguas habilitações literárias, não passou despercebido a um dos professores locais que, no semanário “Correio de Nisa” lhe teceu os maiores elogios, bem como ao grupo de amadores, dedicando-lhe mais de meia página do jornal.

“ Num propósito louvável e numa atitude que só nobilita quem a assume, um grupo de amadores dramáticos soube dar aos seus pares e a todos nós, um salutar exemplo de dedicação pela sua terra e de anseio pela sua ascensão e melhoria intelectual, cívica e moral”, assim escrevia o prof. José Francisco Figueiredo que, mais à frente, esclarece:

E querem os leitores saber por que motivo todos mais se empenharam e não se pouparam a esforços e canseiras para levarem a bom termo tão difícil e tão desmedido empreendimento? É que o drama Romeu e Julieta fora urdido por um dos seus companheiros de trabalho, o rural Joaquim Paulo, depois de vivamente impressionado com a leitura persistente e interessada do romance do mesmo título. E este fogo interior, esta chama emocional apoderou-se de tal modo do espírito de todos os intérpretes que ninguém poderia dissuadi-los de fazerem a sua estreia de amadores dramáticos numa peça de tantas dificuldades e tão exigente de recursos cénicos.”

Referindo-se ao espectáculo, o autor não poupa nas palavras elogiosas aos actores. “Tanto no drama como no acto de variedades, não podia exigir-se mais de todos os intérpretes. Sem desprimor para os outros, merecem especial menção Ana Maria Paulo, no papel de Julieta; Belmira André, em vários números de canto e Adelino Barra, que teve de substituir, à última hora, o amador a que fora distribuído o papel de Romeu”.

Damos, de novo, a palavra à senhora Ana Maria. “Guardo este jornal há 65 anos e revejo sempre com grande felicidade aqueles momentos inesquecíveis. Conseguimos levar à cena uma peça de teatro, fruto de muito trabalho e de grande ajuda entre todos, tivemos um grande êxito e as receitas foram oferecidas, generosamente, à Santa Casa da Misericórdia de Nisa. Para gente pobre, como eram todos os participantes, demos também um grande exemplo.” Ana Maria Paulo parece reviver o drama e a teia amorosa que opôs os Capuletos e os Montecchios no romance de Shakespeare. Fala do conde Páris, Frei Lourenço, Mercúcio Teobaldo ou Benvólio como se estivesse em cena, deixando escapar uma revelação. “O eco do sucesso de “Romeu e Julieta” foi tal que houve uma companhia de teatro que veio ver de mim, mas o meu pai nunca me disse. Temia que eu abalasse e como eu namorava, acabei por casar e constituir família. Mas foi sempre uma grande mágoa que ficou dentro de mim. Gosto muito de teatro e sempre que a televisão mostra alguma peça ou revista largo tudo para ver.”Ana Maria Paulo não “casou” com o Romeu, nem com o conde Páris. Desposou o “seu” João Cebola e esta história não podia ter um final mais feliz.

O teatro do ti Pales

Joaquim da Graça Paulo, se fosse vivo, teria completado 100 anos em 15 de Novembro de 2010. Trabalhador rural, a sua escola foi a da enxada e a dos trabalhos na lavoura. Aprendeu a ler e escrever na vida militar. O gosto pela leitura levaram-no a idealizar espectáculos populares de teatro e a levar à cena, dramas e romances que o entusiasmaram. E se bem o pensou, melhor o fez. Reuniu as pessoas, numa época em que era difícil despertar os homens e mulheres para as actividades culturais, mais ainda com ensaios, após um dia de dura labuta no campo. Ainda hoje em Nisa é comum ouvir-se falar nos teatros do ti Páles (Paulo). O seu exemplo frutificou e depois de si outras pessoas tomaram o gosto pelos ensaios e representação teatrais. Romances como “A Morgadinha dos Canaviais” ou o “Visconde de Val Flor” foram levados à cena, em Nisa, sempre com grande e entusiástico apoio popular. O que não é de estranhar, tendo em conta que, desde os anos 30 do século passado, as principais companhias portuguesas de teatro faziam de Nisa um dos seus “poisos” habituais, daqui irradiando a sua acção para concelhos vizinhos.

Mário Mendes in "Fonte Nova" - 29/3/2011

30.3.11

XII ROTA DO CONTRABANDO: Pelos caminhos da raia se faz a história e constrói a convivência

Já estamos perto! 3 jovens cedillanos
Os Bombos animaram a festa
2 jovens nisenses
Mais de quatrocentos caminheiros participaram no sábado, dia 26, na 12ª edição da Rota do Contrabando, número que constitui record de participantes no percurso pedestre transfronteiriço, este ano realizado entre Cedillo, na província de Cáceres, e Montalvão no concelho de Nisa. A Rota do Contrabando é uma actividade organizada pela associação juvenil Inijovem, de Nisa, e pela Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal, com a colaboração dos municípios de Cedillo e Nisa e Junta de Freguesia de Montalvão. Foi com o céu cinzento e carregado de nuvens, a prenunciar uma manhã de chuva que o percurso teve início pelas 9 horas em Cedillo. De muito cedo que as calles das típica aldeia extremenha foram tomadas pelos caminheiros, homens e mulheres de todas as idades, ali chegados vindos de diversos sítios da Extremadura (Brozas, Badajoz, Cáceres, Almendralejo, Mérida, etc.) a que se juntaram, naturalmente, muitos cedillanos e portugueses, tanto das povoações fronteiriças, como de outras localidades do país, a exemplo do que vem acontecendo de há uns anos a esta parte. A Rota do Contrabando tem ganho cada vez mais prestígio, muito pela divulgação feita pelos próprios participantes, alguns dos quais nos elogiaram o nível de organização, a hospitalidade e o convívio que encontram tanto no percurso pedestre como nas duas aldeias fronteiriças. A Rota do Contrabando é organizada todos os anos e proporciona a prática saudável de exercício físico ao ar livre e o contacto com as belezas naturais das margens dos rios Tejo e Sever. Foi com esse espírito e quase indiferentes à ameaça de chuva, que os mais de 400 pedestrianistas se lançaram ao caminho e à aventura de percorrer cerca de 21 quilómetros por territórios de Espanha e Portugal onde nos anos 50 e 60 do século passado, os povos de um e outro lado da raia, faziam do contrabando um modo de subsistência, em perigosas travessias nocturnas nas quais, muitas vezes, se jogava a própria vida, para iludir a vigilância dos carabineiros ou dos guardas-fiscais. Um passeio que encerra uma lição de vida e de milhentas histórias, algumas recreadas durante a caminhada por alunos do curso de Animação Sócio-Cultural da Escola Tecnológica, Artística e Profissional de Nisa. À chegada a Montalvão, decorridas quase seis horas, os caminheiros tinham a esperá-los o Grupo de Bombos de Nisa, dando um final animado e festivo, a uma iniciativa que é já um importante cartaz de divulgação desta região transfronteiriça. Acabado o passeio, outra festa se iniciou no recinto de festas de Montalvão. Após tão longa e desgastante caminhada, os pedestrianistas mereciam e tiveram um repasto a condizer. Os voluntários da Junta de Freguesia de Montalvão e da Inijovem tudo fizeram para que os participantes nesta iniciativa, apreciassem a gastronomia tradicional e pudessem conviver e confraternizar tendo a música popular dos “Domingos e Dias Santos” como pano de fundo. Os Bombos de Nisa fizeram as despedidas e deixaram o convite para a Rota do próximo ano.

Uma Rota de sucesso

A Rota do Contrabando começou há 12 anos, com 80 pedestrianistas. Depois, o número não parou de aumentar, de tal modo que a organização teve que limitar as inscrições. Não por dificuldades de ordem logística ou de segurança, mas porque não é autorizada a circulação, a pé, pelo coroamento da Barragem de Cedillo, o que obriga à travessia do rio Sever, com utilização de barcos e outros meios, uma operação proporcionalmente demorada ao número de participantes, tempo de espera que afecta, naturalmente, o acto de caminhar. É este aspecto que tem impedido a organização de aceitar todas as inscrições, que surgem dos mais variados locais de Portugal e Espanha. Como é o caso daqueles dois “jovens” de 83 anos que vieram de Mérida e à chegada a Montalvão, conseguiam ainda sorrir e mostrar a satisfação de terem cumprido o percurso. Ou das duas amigas de Brozas, que realçam o prazer de caminhar e o convívio que se estabelece entre todos os pedestrianistas. Pela Rota passam pais e filhos, jovens e menos jovens, muitas mulheres que não temem o esforço e sabem que esta é uma iniciativa saudável e de contacto com a natureza.

Joaquina (52 anos) e Lola (60 anos) pertencem ao Clube de Senderismo de Mérida. Percorrem a Espanha e alguns países europeus em iniciativas semelhantes, mas da Rota não escondem que “ há um extraordinário espírito de convivência entre países e foi muito bonita a recepção pelos tambores”. Gostaram do passeio e elogiaram a organização.

“Rota foi demonstração de participação e deu-nos novo alento”

Marco Moura – Presidente da Inijovem

Para o presidente da Inijovem, Marco Moura, este foi mais um desafio superado graças “às ajudas que tivemos e aos voluntários com experiência na organização”. “Trabalhámos no limite, tivemos um acréscimo muito grande de pedestrianistas e o balanço é positivo e tendo em conta as dificuldades do associativismo posso dizer que esta “Rota” foi uma demonstração de participação e que nos dá um novo alento.” “Esta é uma iniciativa a nível nacional e internacional e neste momento o maior evento a nível do concelho”, reforçou. Quanto aos custos da iniciativa, Marco Moura disse que a mesma “não dá lucro, ao contrário do que possam pensar, paga-se a si própria, mas graças ao voluntariado, aos apoios logísticos da Junta de Freguesia de Montalvão, do Ayuntamiento de Cedillo e da Câmara Municipal de Nisa. Temos também apoio do Instituto da Juventude através do PAJ, o evento é uma parceria com a Federação de Campismo e Montanhismo de Portugal e só não alargámos mais a participação devido às dificuldades das travessias dos rios. Esta iniciativa, por outro lado, reforça a necessidade e importância da construção da ponte internacional”. Por último, o presidente da Inijovem deixou um agradecimento a todos os voluntários, a todos aqueles que colaboraram e aos participantes na Rota. “Venham e tragam mais companheiros. Esta é uma oportunidade para a divulgação do interior português e espanhol”.

Mário Mendes

19.3.11

NISA: Fecho da Biblioteca aos sábados prejudica os munícipes

(In)Cultura *
Passaram já quatro meses, sobre o encerramento da Biblioteca Municipal aos sábados de tarde.
Os prejuízos para a população são evidentes. A poupança para o Município não sei se foi, já, contabilizada. O que sei, sem dúvida, é que o "lucro" assim obtido, tem sempre um sabor e um cariz, amargo e negativo. Muito maior do que pode julgar-se. Pense-se, só, nas crianças e jovens, nos menos jovens, em todos aqueles que no fim de semana recorrem aos serviços da Biblioteca e que, privados da leitura ou do acesso aos meios audovisuais, têm de limitar-se ao que a vila oferece: o bar, o café, quase nada.
Pensava eu que a Biblioteca era para servir o público, os habitantes e visitantes do concelho. Pelos vistos, enganei-me. E é pena.
Se foi para isso, a criação da chamada "Casa da Cultura", melhor fora que ficássemos, todos, "incultos"...
* Texto publicado no "Jornal de Nisa" nº 199 de 18/1/2006
De tempos a tempos, a administração municipal brinda-nos com medidas de todo incompreensíveis, mesmo quando "justificadas" por despachos como o "célebre nº 22".
Com base nesse Despacho, fabricado em Dezembro de 2010, e tendo como argumento a falta de aprovação do Plano de Actividades e Orçamento Municipal para 2011, a senhora presidente resolveu cancelar a programação do Cine Teatro de Nisa sine die, fechar o espaço internet (situação que se manteve durante um mês) e "encurtar" o horário de funcionamento da Biblioteca Municipal, com o encerramento aos sábados.
Há quase três meses que os nisenses não têm cinema e não podem frequentar a Biblioteca no fim de semana.
São medidas gratuitas, que nada contribuem para a "poupança" e recuperação da situação financeira do município, mas altamente lesivas para os munícipes, a quem lhes é sonegado o acesso à fruição de bens e eventos culturais.
Impõe-se que, de imediato a Câmara reveja estas sistuações. Já chega de vermos o nosso Cine Teatro como um "edifício fantasma", inactivo, sem vida. Para isso, não valia a pena o esforço feito desde há 20 anos pela autarquia na sua recuperação e remodelação.
"Viver Cultura" tem de significar, o livre e regular acesso dos cidadãos à mesma, sem restrições.
"Viver Cultura" tem de passar, sempre, por uma informação rigorosa das opções camarárias e não como acontece actualmente, por um silêncio sepulcral que não esclarece e confunde os munícipes.
Retomem as sessões de cinema; abram a Biblioteca aos sábados e deixem-se de "conversa da treta"!
Mário Mendes

18.3.11

NISA: "GUERREIRAS DO FOGO, ANJOS DA VIDA"


Nisa acolheu II Encontro Distrital de Bombeiros Femininos
Sob o lema “Guerreiras do Fogo, Anjos da Vida”, cerca de 40 mulheres bombeiros de diversas corporações, reuniram-se em Nisa no sábado, dia 12, no 2º Encontro de Bombeiros Femininos do Distrito de Portalegre.
O evento teve início às 9h, com a concentração das mulheres bombeiros junto ao Quartel dos Bombeiros Voluntários de Nisa, seguindo-se o hastear da bandeira, às 10h, e um desfile pelas principais ruas da vila.
O evento, de acordo com os organizadores, visou dar continuidade ao 1º Encontro realizado em 2010 em Campo Maior e entre outros objectivo, “ evidenciar o papel importante e crescente das Mulheres nas estruturas do Corpo de Bombeiros do Distrito, fomentar o salutar convívio entre as mulheres bombeiros e comemorar o Ano Europeu do Voluntariado”, como informou Sílvia Félix, comandante dos Bombeiros Voluntários de Nisa.
Após o desfile pelas ruas de Nisa, decorreu uma palestra no auditório da Biblioteca Municipal que contou com as intervenções de Sabrina Moreira, em nome da comissão organizadora, da comandante dos Bombeiros Voluntários de Nisa, de Amélia Nabeiro, do Comandante Operacional Distrital, Belo Costa, da presidente da Câmara de Nisa, Gabriela Tsukamoto e do Governador Civil do Distrito de Portalegre, Jaime Estorninho.
Sabrina Moreira, deu as boas vindas às mulheres bombeiros e às entidades presentes no Encontro e salientou a importância do evento, afirmando que “tenho um grande orgulho de vestir esta farda que muito nos honra”.
Sílvia Félix, inseriu a realização do Encontro no Ano Europeu do Voluntariado e destacou o crescente papel das mulheres nos Corpos de Bombeiros do Distrito, revelador de “uma grande consciência social e da vontade em assumirem uma responsabilidade e um projecto, numa missão árdua para poderem contribuir para minorar as dificuldades das populações.
A comandante dos Bombeiros de Nisa esclareceu que o objectivo das mulheres, nos Corpos de Bombeiros “não é substituírem ou competir com os homens, pois o segredo é compartilhar, crescer juntos, com respeito pelas suas capacidades e pelo género”.
Amélia Nabeiro, madrinha deste evento, disse que o Encontro “prestigia a instituição e enaltece o papel da mulher” e desafiou as mulheres bombeiros a “serem ousadas e não deixarem de ser ambiciosas”, concluindo a sua intervenção com o reconhecimento dos bombeiros femininos: “Vocês são as guerreiras do fogo e anjos de vida. Podem contar sempre comigo”.
O comandante operacional distrital, Belo Costa, mostrou-se satisfeito com a realização do Encontro e revelou que “houve um tempo em que me surpreendia a capacidade de trabalho das mulheres bombeiros. Hoje já não me surpreende. Têm um espírito de entrega e sacrifício enormes e só espero que através de vós venham mais mulheres para os Bombeiros, pois, com o seu espírito integrador, elas são uma mais valia para as nossas comunidades”.
A presidente da Câmara de Nisa evocou a propósito deste Encontro a celebração do Dia Internacional da Mulher (8 de Março), para realçar que “as conquistas das mulheres têm sido obtidas através de luta e persistência”, lembrando o papel que hoje ocupam em muitos sectores e funções da sociedade. No entanto, relembrou a autarca, “ a igualdade na diferença ainda não foi plenamente atingida, porque as mulheres ainda são acusadas de irreverência e de outras coisas quando chegam aos mesmos patamares dos homens”.
Gabriela Tsukamoto, lembrou que tinha sido a primeira mulher eleita como presidente da Câmara, no concelho de Nisa e no distrito de Portalegre, o mesmo acontecendo com a comandante dos Bombeiros de Nisa, Sílvia Félix.
As mulheres têm que estar cada vez mais na linha da frente e ter uma diferença na postura. O seu trabalho é reconhecido. Ser voluntário é muito importante, continuem a ser mulheres e bombeiros, a terem orgulho no vosso género”, concluiu.
Jaime Estorninho, Governador Civil de Portalegre, elogiou o Encontro e a presença de Amélia Nabeiro, afirmando que “não podemos esquecer o que aquela família faz em prol dos Bombeiros e das instituições humanitárias do país”.
O Governador Civil lembrou a tragédia no Japão e alertou para a “necessidade premente de cada um de nós e as forças de protecção civil estarem preparados “.
Disse ser um orgulho estar neste Encontro e reconheceu que “ser bombeiro é uma causa muito nobre, sendo mulher é ainda mais difícil” pelo que reforçou o apelo às mulheres bombeiros para que “estudem, apliquem-se tecnicamente à formação e transmitam essa preocupação e exemplos a todos os cidadãos”.
O Encontro prosseguiu com uma visita aos núcleos museológicos do bordado e do barro e com um almoço convívio que teve lugar no salão de festas do Sport Nisa e Benfica.
Um almoço que serviu para reforçar o espírito de camaradagem e de confraternização entre as mulheres bombeiros e que teve um grande momento de animação com a espectacular actuação do grupo “Bombos de Nisa”.
Pela tarde gastronómica passou, ainda, a animação musical a cargo de alguns amadores, entre estes, Jaime Estorninho, que não pode recusar o convite para dar voz e expressão a alguns dos fados do seu repertório, bem como de uma “bombeira” e “camponesa” de Campo Maior que na alegria das suas “saias”, criou os condimentos para o baile popular.
No meio houve distribuição de prendas, a todos os participantes no Encontro, homenagem e reconhecimento à madrinha do evento, Amélia Nabeiro e à comandante dos Bombeiros Voluntários de Nisa, Sílvia Félix. Partiu-se o bolo do 2º Encontro, cantaram-se os parabéns e a festa continuou.
Após o almoço, as mulheres bombeiros participaram num Peddy Paper pela vila de Nisa
“As mulheres estão vivas, conscientes do seu valor e do papel que desempenham nos Corpos de Bombeiros” - Belo Costa – Comandante Operacional Distrital
São cerca de centena e meia as mulheres que desempenham funções nos Corpos de Bombeiros do Distrito de Portalegre. Fazem de tudo um pouco, no respeito pelo princípio da igualdade, sem proteccionismo e num processo de integração que é relativamente recente e que não tem sido fácil, mormente a nível das instalações, onde foi preciso adaptar algumas estruturas necessárias à vida diária das mulheres bombeiros.
Belo Costa, comandante operacional distrital, não tem dúvidas sobre a importância deste Encontro e do papel desempenhado pelas mulheres bombeiros.
A integração da componente feminina nas organizações é fundamental para a vida da sociedade. Procuramos em cada Corpo de Bombeiros que essa integração se processe com equilíbrio, sem discriminações e tendo presente a noção de complementaridade.
As mulheres estão vivas, conscientes do seu valor e do papel que desempenham nos Corpos de Bombeiros e como comandante distrital só me apraz constatar a sua contribuição para esta causa humanitária

“Fazer parte dos Bombeiros faz-nos crescer e ter uma maneira diferente de estar na vida”- Ana Narciso, delegada distrital da Juve Bombeiros
Ana Paula Matos Narciso tem 21 anos e está há 6 anos nos Bombeiros de Avis. Jogou futebol feminino no Alter, no Eléctrico e no Benavilense, chegando a ser convocada para a selecção distrital. É uma atleta da palavra e da acção e por isso, não se estranha que entre as mulheres bombeiros lhe chamem “a ruça”.
Desde pequena que está ligada aos Bombeiros e um dia uma amiga, filha do comandante convidou-a para integrar a Corporação de Avis. Teve dificuldade em convencer os pais, mas lá conseguiu, aos 15 anos, entrar para os “soldados da paz”.
Posso dizer que cresci com os Bombeiros. Fiz o 12º ano, estava indecisa entre a área de Desporto e a de Saúde, entretanto fizeram-me um contrato e sou trabalhadora da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Avis.”
Ana Narciso foi convidada há um ano para delegada distrital da Juve Bombeiros, cargo que exerce.
A Juve Bombeiros é uma estrutura no seio dos Bombeiros Portugueses que procura dinamizar as actividades dos jovens bombeiros. No distrito a Juve esteve um bocado parada e queremos arrancar em força, dar um novo estímulo na promoção das escolinhas dos miúdos para angariarmos mais jovens para o Corpo de Bombeiros, pois este está a ficar com menos gente e mais envelhecido.”
E, como quem remata à baliza, diz-nos, com ar alegre: “Fazer parte dos Bombeiros ou de uma associação faz-nos crescer e ter uma maneira diferente de estar na vida. Tenho um grande orgulho de ser mulher e pertencer aos Bombeiros. A nível pessoal é uma grande realização porque além de mim temos a família, damos a vida pelo outro. Não há palavras!”

As “bombeiras”
Num contexto de crise, a que nem os bombeiros escapam, o II Encontro Distrital de Bombeiros Femininos foi o toque a reunir para o convívio, a festa, a troca de ideias e experiências. No fim, uma certeza: a história dos Bombeiros do Distrito de Portalegre não se pode fazer sem a participação das mulheres.
Elas mostraram neste Encontro, a força das suas convicções e a chama da dedicação a uma suprema causa humanitária: os Bombeiros.
Não lhes perguntem porquê. Algumas têm o "bichinho" dos Bombeiros na família; outras admiram o esforço dos "soldados da paz" e viram neles um exemplo a seguir.
Todas, sem excepção, vêem e sentem na adesão e no trabalho nos Bombeiros, uma forma voluntária de poderem ser úteis aos outros e às comunidades onde se inserem.
Que belos exemplos, estes, no Ano Europeu do Voluntariado. Venha o próximo Encontro!
Mário Mendes

14.3.11

A MINHA RUA 2 - Aproveitamento e desperdício


Em época de crise, uma decisão do presidente da Câmara Municipal de Estremoz, Luís Filipe Mourinha, mereceu elogios e o destaque nas notícias da imprensa, rádio e televisão.
E o que fez ou mandou fazer o autarca, de tão transcendente, para merecer os maiores encómios?
Uma coisa simples e ditada pelo bom senso, à mistura com uma boa dose de consciência humanitária.
Luís Mourinha deu ordens a alguns trabalhadores da sua autarquia para que colhessem os frutos das laranjeiras implantadas em espaços públicos do Município de Estremoz.
Mais: que as laranjas fossem entregues a várias instituições de solidariedade social do seu concelho.
Em Nisa, penso que atitude semelhante poderia ser tomada, com efeitos benéficos para algumas instituições ou escolas. A Câmara podia muito bem, mandar colher os frutos das laranjeiras existentes na avenida D. Dinis e na própria Praça do Município, como fazia, aliás, noutros tempos, com a recolha da flor das tílias, e oferecer esses frutos para utilização de instituições de carácter social.
É uma daquelas decisões que não têm custos, praticamente, e que evitariam que o principal arruamento de Nisa mostrasse, nesta época do ano, as imagens de sujidade e desperdício de uma terra e de um país que está nas “lonas”, mas que continua a pavonear-se com ares de novo-riquismo.
Mário Mendes

13.3.11

NISA: 2º Encontro de Bombeiros Femininos do Distrito de Portalegre










Nisa acolheu hoje, dia 12 de Março, o II Encontro Distrital de Bombeiros Femininos. Toque a reunir para o convívio, a festa, a troca de ideias e experiências. No fim, uma certeza: a história dos Bombeiros do Distrito não se pode fazer sem a participação das mulheres.
Elas mostraram neste Encontro, a força das suas convicções e a chama da dedicação a uma suprema causa humanitária: os Bombeiros.
Não lhes perguntem porquê. Algumas têm o "bichinho" dos Bombeiros na família; outras admira(ra)m o esforço dos "soldados da paz" e viram neles um exemplo a seguir.
Todas, sem excepção, vêem e sentem na adesão e no trabalho nos Bombeiros, uma forma voluntária de poderem ser úteis aos outros e às comunidades onde se inserem.
Que belos exemplos, estes, no Ano Europeu do Voluntariado. Venha o próximo Encontro!

9.3.11

NISA: 14º Rally Paper com aventura e divertimento



Realizou-se em Nisa, no passado sábado, dia 5 de Março, o 14º Rally Paper de Nisa, uma iniciativa organizada pelo "Oc Opus Bar" e que como nas edições anteriores, resultou num dia bastante divertido e aventureiro, com passagem por diversas zonas do concelho de Nisa.
As condições climatéricas não ajudaram, mas ainda assim registe-se a participação de 25 equipas de 4 elementos, envolvendo esta iniciativa 100 pessoas, na maioria jovens.
Foi o pretexto para um passeio por diversos locais do concelho e para a redescoberta da sua história, lendas, tradições, monumentos e tantas outras coisas.
O convívio no final proporcionou a troca de experiências, os relatos alegres de muitas situações e das dificuldades com que os concorrentes se depararam durante o passeio.

7.3.11

NISA: Domingo Gordo de alegria e emoções





O Nisa Futsal Clube organizou este ano os festejos carnavalescos do Domingo Gordo (dia 6).
A Praça da República, em Nisa, começou a encher de gente a partir das 14 horas, uns para presenciarem o desfile e outros em grande número, com disposição para participarem e contribuir para dar um ar de festa, alegria e divertimento, num tempo cinzento em que é preciso readquirir um novo assomo de energia e os níveis de confiança.
A folia, o riso e a boa disposição, tomaram conta do largo central de Nisa, à medida que os foliões iam passando e exibindo os seus trajes e coreografias, cheias de imaginação e colorido.
Até o S. Pedro pareceu admirar o desfile carnavalesco de Nisa, pois susteve as nuvens ameaçadoras que chegaram a pairar no horizonte e brindou-nos, até, por largos momentos, com raioso de sol que iluminaram os sorrisos de todos os participantes.
Faltou, talvez, a irreverência, a crítica e a sátira que caracteriza esta quadra em que por ser Carnaval ninguém leva a mal.
O que de certo modo até se compreende. Em Nisa corre tudo sobre rodas, não há problemas a resolver, as instituições públicas, locais ou governamentais primam por prestar um excelente serviço à população, e de resposta rápida e eficaz a qualquer situação que surja.
Por isso, nada melhor que festejar o Carnaval, que a vida são dois dias e um deles já passou...
Algumas fotos para recordar o Domingo Gordo, num país com um governo faminto e que nos suga até ao tutano...