27.4.11

NISA: Amália Rodrigues nas Festas do Povo - 1976

Em tempo de crise e de “vacas magras”, e quando se questiona a realização ou não da Nisartes – com este nome ou com outra alcunha - será oportuno recordar algumas iniciativas realizadas em Nisa, há 35 anos, sem apoios camarários (a gestão local, democrática, era ainda um recém-nascido) e contando com a boa vontade e empenhamento da população.
Nesse ano (1976) Nisa recebeu a visita e actuação de Amália Rodrigues, no segundo ano das Festas do Povo, realizadas na Alameda.
Um programa com um elenco “fabuloso” - para a altura e as circunstâncias - que juntou, nos quatro dias de festa, alguns dos mais consagrados artistas nacionais, desde a já referida Amália ao Trio Guadiana, Lenita Gentil, Artur Garcia, Fernanda Batista, Moniz Trindade, Eugénia Lima, Trio Harmonia (campeões mundiais de harmónica de boca) e ranchos folclóricos bem conceituados como os grupos Académico e Infantil, de Santarém ou o Tá Mar, da Nazaré.
Os bailes – nesse tempo ainda se dançava – eram animados por excelentes grupos musicais como os “Alqualenk” (Sacavém) ou “Old Machine” (Bucelas).
O nosso conterrâneo José Casimiro, acordeonista, acompanhado por Alfredo Lemos, na bateria, fez o acompanhamento de alguns dos artistas, graciosamente.
As receitas das Festas do Povo de 1976 destinavam-se a melhoramentos e obras de beneficência, tendo havido no dia 8, primeiro dia de festa, um peditório da colcha, acompanhado por Zés Pereiras, e uma tourada à vara larga.
O programa das festas incluiu uma gincana de perícia automóvel, no Rossio e um “renhido desafio de futebol entre as “velhas glórias” do Nisa e Benfica”, seguido da disputa da Taça Amizade, oferecida por José Casimiro, entre as “fortes equipas” do Sport Nisa e Benfica, recém promovido à 3ª Divisão Nacional e o Centro Popular de Trabalhadores de Porto do Tejo.
A festa tinha o patrocínio da “Marina” – A cerveja bem portuguesa – e os preços eram os seguintes:
Entrada no recinto ---- 25 escudos
Baile (Rapazes) ------- 20 escudos
Baile (raparigas) ----- 10 escudos
Mesas p/ 4 pessoas ---- 100 e 80 escudos
Cada cadeira a mais --- 20 escudos.
Eram dias de festa e animação intensas e de fraternal convívio. As receitas cobriam as despesas, não havia “mega espectáculos” e muito menos “mega estruturas” para pagar quando “calhasse”. Os compromissos honravam-se e o povo - o de todo o ano e o que nos visitava - ficava feliz.
Servirá este exemplo, nos dias que correm, para alguma coisa?
Mário Mendes

26.4.11

OPINIÃO: 25 DE ABRIL, 25 PARTICIPANTES

1. A comemoração da revolução dos cravos, em Nisa (como em tantos pontos do país) começou por chamar o povo às ruas, envolvê-lo de maneira activa, com centenas de pessoas a escutar discursos mais ou menos inflamados sobre o tema.
Há alguns anos, já «à porta fechada», transferiram a evocação da efeméride para o Cine-Teatro. Espaço onde cabiam à vontade todos os que quisessem associar-se ao acto.
2. Este ano a «solenidade» transferiu-se para o salão nobre dos Paços do Concelho.
Numa situação normal, o local escolhido seria insuficiente para acolher aqueles que, em geral, acorrem em número, apesar de tudo, relativamente elevado.
Porém, a jornada comprovou a «razoabilidade» da escolha do sítio de acolhimento dos assistentes à cerimónia. Cabiam todos na (pequena) sala com grande folga, deixando ainda muitas cadeiras vazias.
3. Objectivamente, concorrer, por acção ou omissão, para uma situação tão pobre do ponto de vista da participação da população, é ser «responsável» pelo acolhimento fácil da tese de que «o povo está farto do 25 de Abril e da política». Para natural satisfação de todos aqueles que não viram com agrado o derrube do fascismo e continuam a não morrer de amores pela democracia.
4. O programa adoptado era de uma pobreza franciscana, limitado à vila sede de concelho e sem manifestações populares dignas desse nome. Limitou-se aos aspectos estritamente «solenes». Não se venha «argumentar» que havia que «despachar» a coisa à pressa para seguir para a romaria. Municípios aqui bem perto, em situação de festa popular e religiosa, também com feriado municipal, optaram por realizar digna e tranquilamente uma parte das acções de evocação de Abril logo no sábado e até no domingo de Páscoa.
5. Razão que explica facilmente a ausência da população dos paços do concelho é a total ausência de divulgação do programa, colocado apenas na página electrónica do município, «escondendo» a iniciativa daqueles (a grande parte) que (ainda) não têm acesso ou hábitos de consulta da internet. Dava tristeza a quem sente o espírito de Abril passar por um café, uma pastelaria, um outro tipo de espaço onde se juntam os cidadãos no seu convívio e não ver nada alusivo a esta comemoração que tanto continua a significar para os democratas sem aspas. Um simples papel com um cravo impresso. Aliás nem nos «locais ditos do costume» estava afixado o que quer que fosse. Em placards que têm essa função. Até no vidro da porta principal da biblioteca nada se via que acompanhasse a venda (louvável iniciativa de fomento da leitura) de livros a preço de saldo.
6. Tudo se passou, afinal, como se tivesse tratado de um acontecimento «clandestino» e com um «conteúdo programático» que poderia ser subscrito por qualquer dos presidentes de câmara que entravam diariamente no local da «sessão solene» antes do 25 de Abril. . .
DINIS DE SÁ

NISA: A Primavera de Abril e da Senhora da Graça



Foi a primeira vez em 37 anos do 25 de Abril, que a data da Revolução dos Cravos coincidiu com a data festiva do Feriado Municipal e dia da Padroeira de Nisa, Nossa Senhora da Graça.
Em segunda-feira de Páscoa, num dia primaveril resplandecente de sol, foram muitas as centenas de nisenses, de origem ou por afinidade, assim como gente vinda de terras vizinhas, de França e da Grande Lisboa, que rumaram até à Senhora da Graça.
A maioria, de automóvel. Mas foram muitos, também, aqueles que não quiseram desperdiçar a excelência do tempo e aproveitaram para percorrer a pé, a curta distância entre a vila e a capelinha que brilha lá no alto do monte.
Pelo caminho foram fazendo algumas paragens já “habituais”. Abriram as bolsas, estenderam as “mesas”, provaram os enchidos, que o “lagarto” já foi perdendo o lugar da tradição. E não deixaram de “molhar o bico” provando a “pomada”, religiosamente guardada para este dia.
Na Senhora da Graça, o bulício das grandes romarias, o trânsito automóvel pouco menos que caótico – a grande vantagem de ir a pé – com a GNR a disciplinar o estacionamento e o movimento de viaturas.
As cerimónias religiosas decorreram com grande participação de fiéis. Primeiro, a missa, celebrada no imenso adro e miradouro da capela, a que se seguiu a procissão, entre as ermidas da Senhora da Graça e da Senhora dos Prazeres, retornando à primeira.
Cumprida devoção, feitas as preces à Padroeira de Nisa, os fiéis despediram-se da capelinha e procuraram o abrigo das árvores para “estenderem a manta” e provarem as iguarias feitas a preceito para este dia.
A romaria da Senhora da Graça é tempo e espaço para o reencontro de familiares, amigos, conhecidos. Vive-se a festa da padroeira com o respeito e solenidade que ela merece e promovem-se outras festas de cariz mais pagão.
Uma e outra estão interligadas desde há séculos e assim hão-de continuar pelo correr dos tempos.

22.4.11

NISA: Câmara de costas voltadas para Abril?

O executivo da Câmara de Nisa é de maioria CDU. Esta constatação, só por si, levaria os munícipes e quem nos visita nesta época do ano, a perguntar-se por que motivo não há qualquer referência, mínima que fosse, às Comemorações do 25 de Abril.
Há, no país, alguns executivos camarários e governo regional da direita mais revanchista, que tentam impedir a evocação do “dia inteiro e limpo” que constituiu o alvorecer da Liberdade em Portugal, fazendo por esquecer-se que foi a Revolução de Abril que lhes permitiu guindar a muitos dos cargos e mordomias de que hoje desfrutam.
Em Nisa, mesmo descontando o facto de, pela primeira vez em 37 anos, o 25 de Abril coincidir com o dia de Feriado Municipal, não acreditamos que a autarquia nisense não tivesse meia dúzia de tostões para mandar imprimir uns cartazes e, aproveitando o próprio Feriado Municipal, fazer das duas datas um programa que reforçasse a identificação do povo com a sua padroeira e com os ideais de Liberdade.
A “crise”, não pode constituir pretexto para o esquecimento, o alheamento e a indiferença perante uma data tão cheia de significado.
A desorientação parece ter tomado conta dos eleitos camarários com maiores responsabilidades políticas, mas o povo do concelho saberá, sempre, manter bem vivos ideais de Abril.
Venham os “pára-quedistas” que vierem!
Mário Mendes
NOTA: A Assembleia Municipal reune, obrigatoriamente, em Abril. Até hoje, dia 22, nenhum dos eleitos recebeu, ainda, qualquer convocatória. No site da Câmara nada consta sobre o assunto.
Como qualificar esta falta de respeito para com os eleitos?

18.4.11

Termas de Nisa: O novo “elefante branco”?

Estamos em meados de Abril. Por esta altura do ano (e até muito antes) não havia sítio onde não se publicitasse a abertura da época termal, os preços, as condições, etc. Neste Abril de 2011, o que se lê são “ofertas da Páscoa” para a frequência do SPA das Termas. Nada se sabe sobre o início da época termal, mas conhecem-se (alguns) dos problemas estruturais em que as Termas de Nisa têm (sobre)vivido. A entrevista, por encomenda, do administrador das Termas ao jornal local suportado pela Câmara deixa adivinhar muitos “gatos escondidos com o rabo de fora”. São problemas graves, de anos, dívidas e erros de gestão acumulados e sobre os quais os eleitos no executivo e na Assembleia Municipal não são devidamente informados e muito menos esclarecidos. Na próxima reunião da Câmara, agendada para a próxima quarta-feira, o Conselho de Administração das Termas volta, novamente, a discussão. Não se sabe porquê nem para quê, tendo o actual CA tão pouco tempo de vigência. Por responder, permanecem muitas das questões colocadas pelos vereadores do PS (principalmente) sobre o pagamento dos terrenos onde está implantado o complexo termal e a área envolvente. É uma novela que se arrasta há anos e de que nem os munícipes (nem os eleitos, num e noutro órgão) conhecem os contornos.

O “exemplo” do Complexo Turístico da Barragem do Fratel está ainda bem presente e com a degradação à mostra, na memória dos nisenses. Será que, um “projecto âncora” e “salvador” do concelho, como foi anunciado, está a tomar, irremediavelmente, o mesmo caminho? Os munícipes, os eleitores e contribuintes têm o direito de saber, em toda a plenitude, o que se passa sobre as Termas de Nisa. Aguarda-se, da parte da Câmara, principal accionista da Ternisa, uma informação clara e cabal sobre o assunto.

Sob pena de continuarmos a navegar em “águas inquinadas”.

Mário Mendes

14.4.11

ALPALHÃO - XIV Feira dos Enchidos: Uma aposta ganha

Alpalhão vestiu-se a rigor, na manhã de sábado, para receber a XIV mostra de gastronomia. Cerca de quarenta expositores, todos da região de Alpalhão e Nisa, mostraram o que bem se faz na arte dos enchidos, dos queijos, dos licores, dos bordados e da olaria. Ao som da banda filarmónica alpalhoense, as gentes da freguesia abriram o recinto, dando início a um dos dias mais aguardados por todos os habitantes da vila. A realizar-se pelo 14º ano consecutivo, o certame é, na opinião de João Moisés, presidente da Junta de Freguesia, “uma aposta ganha” e “bastante importante para a freguesia e para o concelho. A mostra desenvolve o comércio, as pessoas expõem os produtos, sejam eles de enchi-dos, queijos, licores ou bordados” o que significa que “é neste espaço que conseguem algum dinheiro para fazer face às despesas anuais”. Uma aposta nos expositores e produtores locais, “porque são os nossos produtos que queremos mostrar e divulgar”, por isso mesmo o autarca assume que coloca alguns obstáculos à entrada de expositores de fora do concelho. Uma excepção feita ao fornecedor dos pratos de barro, onde foram servidas as refeições do almoço da feira, “uma novidade que quisemos implementar, uma vez que temos refeições quentes e os pratos de plástico não funcionam muito bem”. A terminar, o autarca mostrou-se satisfeito porque mais uma vez as expectativas foram superadas, “todos os anos temos mais visitantes, e isso é o reconhecimento de todo um trabalho que vem sendo feito há anos”.

Uma vida a bordar Alpalhão

Alpalhão é uma das freguesias mais tradicionais, o uso do xaile, dos ouros, das saias bordadas, tudo isso faz desta vila uma das mais típicas do distrito de Portalegre. Os bordados desde sempre tiveram um lugar especial no coração destas gentes, das mãos das bordadeiras saiam e saem verdadeiras maravilhas e foi isso mesmo que, em vários stands, se viu durante o dia de sábado. Os xailes bordados, as colchas de renda, os aventais ou as toalhas de bandeira são alguns dos muitos exemplos expostos. Rita Ferreira nasceu e cresceu na arte dos bordados. Aos 15 anos iniciou aquela que viria a ser a sua principal profissão. Aproveitando o saber de quem ensinava e o seu gosto por aprender, levou-a a ser a bordadeira que hoje é. Reconhecida por todos, Rita Ferreira, hoje com 55 anos, trabalha numa arte que apesar de “continuar a ter alguma procura” já teve dias bem melhores. Faz de tudo um pouco, “em minha casa e por encomenda”, mas são os xailes que mais a fascinam. A tradição já vem de várias gerações. Histórias há muitas mas ao certo ninguém conhece o motivo que levou, pela primeira vez, as mulheres alpalhoenses a fazerem do xaile uma das principais peças dos seus trajes. “Desde sempre conheço os xailes em Alpalhão, não sei porque nasceu a tradição do uso, só sei que desde os tempos mais antigos que se usam”. Hoje a geração mais nova já não o usa no dia a dia, mas continua a haver quem o queira manter na memória e por isso “há sempre uma grande procura na altura do Carnaval” três semanas a fazer, “isto se não fizer mesmo mais nada”. Conhecidas por gostarem de falar, as mulheres de Alpalhão não se mostram tímidas quando se pede que nos falem das suas tradições. Ana Briostes, de 74 anos, e Maria José Graça, de 73 anos, falaram com desenvoltura do que foi o uso do xaile. “Os xailes eram, sobretudo usados, quando os maridos mor-riam. As mulheres colocavam xailes grandes na cabeça e traçavam-no ao peito. Fosse de inverno ou verão. Hoje, as pessoas mais antigas ainda os usam”. Uma tradição que faz de Alpalhão uma vila impar.

Manuela Lã Branca in "Fonte Nova"

12.4.11

TOLOSA: Junta de Freguesia com nova sede

No dia 14 de Abril, quinta-feira, são inauguradas as instalações da Junta de Freguesia de Tolosa (concelho de Nisa), no edifício que albergou o posto da Guarda Nacional Republicana. O edifício do antigo posto da GNR foi objecto de obras de recuperação efectuadas por administração directa pela Câmara Municipal de Nisa, em parceria com a Junta de Freguesia de Tolosa. As novas instalações possibilitam a centralização dos serviços administrativos da autarquia e acolherão também os serviços dos correios. O edifício é constituído por uma sala de espera e uma sala de reuniões, um gabinete de apoio destinado aos CTT, duas salas de serviços administrativos e um gabinete para a presidência da Junta de Freguesia. O espaço envolvente do edifício é também alvo de recuperação e integrará um anexo para instalação de uma associação local.

ALPALHÃO: Procissão dos Passos 2011




Realizou-se no domingo, 10 de Abril, a tradicional Procissão do Senhor dos Passos, em Alpalhão. O evento religioso constituiu impressionante manifestação de fé com muitas centenas de alpalhoenses a integrarem o cortejo entre a Igreja da Misericórdia e a Igreja Matriz, local onde teve início a Procissão que percorreu as principais ruas da localidade até ao Calvário. As fotos são de João Carrilho, a quem agradecemos a colaboração.

11.4.11

Curiosidades sobre a toponímia de Nisa

Como “nasceu” a Rua do Século *

Diz o povo, no seu saber milenário, que “as homenagens são sempre contra alguém”. Pode o propósito ser o mais nobre e elevado, mas nem sempre as honrarias oficiais distinguem quem (pessoas ou instituições) realmente as merecem e muitos são os exemplos que mostram a verdade desta asserção. O nome da Rua do Século, em Nisa, tem uma história curiosa, assim como outras da nossa urbe e que em devido tempo irão sendo contadas. Quem percorre a estreita artéria entre a Porta da Vila e a Rua de Fundo (Angola) e depara com a placa em mármore a indicar-lhe a “Rua do Século” não deixará de se questionar, a que título o arruamento ostenta este nome. A resposta fomos encontrá-la numa das actas da Câmara Municipal, a de 15 de Fevereiro de 1930, na qual a Comissão Administrativa constituída pelo tenente António Falcão (presidente), Mário Augusto Raposo e António Joaquim Fraústo (vogais), decidiram, “tendo em consideração os serviços prestados ao paiz, à Dictadura e particularmente a este concelho, serviços estes evidenciados ultimamente aquando da visita de Sua Exª o sr. Governador Civil a este concelho pelo jornal “O Século”, resolveu dar à rua conhecida pela Rua do Engenho, o nome de Rua do Século” “. O proponente, presidente da Comissão Administrativa vai mais longe e decide “agradecer ao mesmo jornal o envio a esta vila de um delegado especial para fazer a reportagem da visita do Exmo Sr. Governador Civil ao concelho”, bem como “manifestar ao mesmo jornal a sua satisfação pela forma correcta e imparcial como o mesmo enviado especial se desempenhou da sua missão”. E foi assim, pela troca de uma reportagem de propaganda, “imparcial”, que um jornal, “O Século”, na altura com pouco mais de meia dúzia de leitores em Nisa, se guindou ao direito de figurar na toponímia de uma das ruas da vila. Vivia-se em Dictadura, o golpe militar do 28 de Maio estava ainda bem presente na lembrança e o nome antigo da rua (Rua das Adegas e não Rua do Engenho como vem na deliberação) num regime que pretendia preservar a moral e os bons costumes, estava mesmo “à mão de semear” para o retoque da imagem. Em 1942, numa deliberação camarária, que pretendia pôr um pouco de “ordem” no nome das ruas da vila - “ordem” essa que incluía o apagamento de quase todas as denominações republicanas – foi proposto e aprovado que a Rua do Século voltasse a ter o nome de origem: Rua das Adegas. A extensa deliberação, que “mexia” com a maior parte das designações toponímicas de Nisa, nunca foi posta em prática e a placa de mármore lá ficou, sem razão e até hoje, a lembrar um jornal já extinto e com o qual Nisa pouco ou nada tinha a ver.

* O Século foi um jornal diário matutino de Lisboa, publicado entre 8 de Junho de 1880 e 12 de Fevereiro de 1977, data em que foi suspenso.

Mário Mendes

7.4.11

A VIDA : ARTILHEIROS DE 1966 (Nascidos em 1946)

(Mensagem a propósito do encontro de 7 de Agosto próximo)

No vai vem da vida não demos pelo fluir do tempo. Vemos ao espelho os nossos rostos ainda de crianças...jovens, vimos verdades novas, tantas aventuras, tantas esperanças ,tantos gestos, tantos ganhos, tantos perdas; encontros, desencontros neste veleiro da vida calcorreando as águas, ora alterosas ora calmas dos nossos seres.Não somos porém reféns da vida, acreditamos na vida, temos fé...apesar do cair da tarde. Os nossos passos continuam firmes na colheita de um novo dia em cada dia que nasce. Com forças para continuar aquilo que um dia projectámos... com amor sem limites, como aprendemos, sem medo de nos enfrentarmos, aceitarmos o que somos, no encantamento desta floresta da vida, certamente também decorada pela beleza, mesmo encanto, das vidas de cada um de nós. Não detivemos o vento que soprava livre... mas segurámos o sorriso de crianças felizes que permanece, persiste em nós, como sinal identitário de inocência e nobreza que nos invade, conservando a vontade de viver, abrindo todas as portas e janelas que encontramos, não importa se a estação do ano mudou. Não deitámos fora esses tesouros preciosos. Olhando em redor sabemos quanto afortunados somos. Prossigamos pois o sonho, os nossos sonhos, com fé, sem mágoas de ninguém, enchendo os nossos corações de esperança, a esperança que sempre mantivemos e que nunca perdemos. Tornando cada dia da nossa vida precioso, valioso, insubstituível. É o que sinto e desejo aos meus insubstituíveis artilheiros, aos que estão fisicamente e aos que do lado de lá (continuação deste) continuam vivos nos nossos espíritos, e certamente a festejar connosco. Rebente pois a festa. Com o abraço fraterno do

João Castanho

6.4.11

OPINIÃO: Procissão dos Passos em Amieira do Tejo

Eis que mais um ano passou… e aí estamos nós à beira de mais uma das mais esperadas tradições da nossa Terra: a procissão dos Passos. Este ano fiquei encantada com a notícia que obtive através de fonte a qual não vou divulgar o nome, pois de pouco interessa… foi por volta do meio de Março que me foi dito que em princípio este ano a Procissão se iria realizar os dois dias e por completo. Fiquei extasiada, contente e perplexa perante o que ouvira, fiquei no fundo muito contente, mas infelizmente tudo se desvaneceu… lembro-me de ter dito ao receber a notícia: - Finalmente!!! Mas… no fim do mês de Março recebi a notícia à qual me fora dito que afinal iria ser só um dia como tivera sido até aqui desde que recomeçara. Fiquei completamente desacreditada com tudo, e o encantamento que sentira ao princípio desvanecia-se no ar… não sei de onde nem de quem partiu esta recusa mas se realmente no meio de tudo isto existem culpados se assim se puder dizer então esses como se diz na gíria: “Que enfiem a carapuça”. E que me desculpem, mas não posso deixar de dizer o que penso, embora, contudo quero deixar claro que mais vale pouco, que nada! Passo a citar: Até que ponto, como, quem e porquê querem acabar com tradições tão antigas? Ignorando simplesmente que as tradições religiosas jamais existiram… estando deste modo a fazer com que cada vez mais cidadãos deixem de participar nestas celebrações religiosas, fazendo com que os mesmos aos poucos deixem de estar presentes, chegando em muitas das vezes a abandonar a própria igreja. Será isto, estes exemplos, a nossa religião? Vemo-nos obrigados a perder momentos de pureza, amor, e encontro com Deus, em que muitas das vezes só nestes actos religiosos conseguimos alcançar a esperança perdida, e até mesmo só nestas alturas consegue haver uma maior proximidade entre famílias, ao qual não acontece durante um ano inteiro… e são tantos os sentimentos… entre beijos, abraços, encontros e reencontros, risos e lágrimas (muitas delas de saudade) o sentimento que aqui reina é apenas um, amor ao próximo e a Deus, e nestes actos o que consigo sentir e dizer é que todos, somos apenas um só… é algo de inexplicável! E contudo isto, pergunto: -Para quê tanta Burocracia? Será que o desejo e a vontade de um povo não conta? Quem poderá ser a voz do povo, para ir até onde for preciso para manter vivas as nossas tradições religiosas, tão antigas, simbólicas e valiosas, tradições que os nossos antepassados começaram e tão carinhosamente nos deixaram. A quem de direito, às entidades competentes e a todos os que se vêem envolvidos nesta celebração religiosa, em meu nome e em nome do povo quero deixar um apelo sentido: -Por favor, tocando no coração de quem ama, sente e acredita que tudo é possível, para isso havendo um pouco de vontade, peço-vos que descruzem os braços e façam o que for preciso para que a “nossa” amada procissão dos Passos seja feita do principio ao fim, com toda a sua grandeza e verdadeira história, como fora conhecida há muitos anos atrás. Não deixem que esta tradição acabe! Tenho plena consciência que este ano já não é possível, mas… ao menos dêem-nos uma esperança de que para o ano seja diferente… e que o que se perdeu volte a ser encontrado e reconquistado! Sem mais, quero aqui deixar o meu muito obrigado a todas as entidades que aqui possam estar envolvidas, e outros mais, ficando com a certeza de que algo vai ser feito da parte de quem de direito para trazer de volta esta tradição religiosa com toda a sua grandiosidade, não a deixando voltar a acabar, ou simplesmente mais uma vez… morrer aos poucos! Termino, deixando cumprimentos para todos os Amieirenses e amigos da “nossa” linda e histórica Amieira do Tejo.

P.S.: Este ano, por muita pena minha, não vou poder estar presente por motivos pessoais e profissionais, mas eu serei apenas uma gota no oceano no meio de todos os que aí irão estar presentes, mas esse dia ira estar com toda a certeza dentro do meu pensamento e do meu coração e para o ano se Deus quiser aí estarei presente, nessa que é “nossa” tão amada entre outras procissões. Até Breve!

Ana Paula Mendes Nunes da Conceição Horta - 5 de Abril de 2011

3.4.11

Festa dos Santos Passos em Amieira do Tejo

Como vem acontecendo nos últimos anos, vai realizar-se no próximo dia 10 de Abril a tradicional Festa dos Passos de Amieira do Tejo. Trata-se duma grande manifestação religiosa em que se procura fazer reviver a caminhada do Senhor até ao Calvário. Esta Festa é organizada pelas autoridades eclesiásticas locais e pela Irmandade dos Santos Passos de Amieira do Tejo. O programa é o seguinte: 10,00 horas - Chegada da Banda de Musica da Sociedade Instrução Musical Rossiense, de Rossio ao Sul do Tejo. - Peditório em Vila Flor e Amieira do Tejo 14,30 horas - Concentração na Igreja do Calvário e inicio da procissão até à Igreja Matriz, onde será celebrada a Santa Missa. - Após a Missa, continuação da procissão pelas principais ruas da Vila, terminando na Igreja do Calvário. De particular significado são os chamados Passos (altares), recriados em várias ruas que vão identificando a caminhada de Jesus até ao Calvário assim como o Encontro do Senhor com a Mãe (vinda da Rua do Castelo) na Praça Nun'Alvares Pereira, enquanto se ouve o sermão do Encontro. Convidam-se, pois todos os Amieirenses e Amigos de Amieira a participar nesta manifestação tão grandiosa.