31.8.11

NISA: 1º Encontro de Ex-Pára-quedistas do Concelho


“DESCER À TERRA PARA CONFRATERNIZAR”
Ex-pára-quedistas naturais ou residentes no concelho de Nisa juntaram-se em animado convívio no passado dia 13 de Agosto. A organização deste 1º Encontro constituiu o pretexto para lembrarem outros tempos em que o perigo, a aventura e as emoções - mas, também, a noção do dever - andavam de mãos dadas. As barriguitas, essas, não teriam tanta saliência, mas são a expressão dos anos que, entretanto, foram passando. Importante mesmo foi o reencontro de antigos camaradas de saltos e de acções militares. As outras, de carácter mais pessoal ficaram mesmo para serem contadas à mesa.
O convívio juntou cerca de quarenta ex-pára-quedistas de diferentes idades e anos de incorporação. Alguns já não chegaram a conhecer o “inferno” da guerra colonial, mas não deixam de reconhecer a importância de terem sido pára-quedistas e o contributo que esse tempo de vida militar teve na sua formação social e humana.
António Pimpão, um dos organizadores do Encontro explicou como nasceu a ideia de juntar os ex-pára-quedistas do concelho de Nisa.
“A ideia surgiu após ter participado com outros camaradas nas celebrações do Dia da Unidade de Pára-quedistas em 23 de Maio. No regresso, propus, de imediato, aos outros Companheiros a organização deste evento.
O mais difícil de tudo, foi conseguir os contactos dos ex-páras naturais do concelho, a maior parte a residirem noutras localidades do país. Mas tudo se arranjou, estão inscritos 37 ex-pára-quedistas e como pode ver, é um ambiente festivo e de confraternização. Vamos continuar a organizar estes Encontros e esperamos que para o próximo ainda mais possam estar presentes. Aproveito para agradecer ao Paixão, ao Pinto e ao Xico Zé, a colaboração que deram e de uma forma especial a todos os ex-pára-quedistas que participaram neste Encontro, não só pela presença mas também pelas lições de vida e de exemplos que nos deram.”
“Ter sido pára-quedista fez de mim um homem e uma pessoa melhor”
- Fernando Leirinha (74 anos)
Fernando Morujo Leirinha, 74 anos, natural de Montalvão e residente na Praia do Ribatejo, foi o mais velho ex-pára-quedista presente no 1º Encontro.
Ao “Alto Alentejo” confessou que a primeira vez que saiu de Montalvão foi para se alistar nos pára-quedistas, fazendo parte do 1º curso de 1959.
“ Estive seis anos nos Pára-quedistas, tempo que me deixou gratas recordações. Nunca cheguei a ir ao Ultramar porque o Comandante não deixava. Eu era chefe de fanfarra, tocava clarim e ainda toquei na Banda da Força Aérea.”
Após o cumprimento do serviço militar, Fernando Leirinha deixou-se ficar por terras ribatejanas. “A minha mulher com quem casei há quase 50 anos é de Constância e por ali fiquei a trabalhar. Tenho uma empresa de recolha de óleos usados, com uma frota de cinco viaturas, são apenas sete empresas certificadas pelo Ministério do Ambiente, a nível nacional, neste sector e no plano profissional não me posso queixar”.
Sobre a sua ida para os Pára-quedistas, Fernando Leirinha nem hesita ao afirmar que “foi a melhor coisa que me aconteceu. Ter sido pára-quedista fez de mim um homem e uma pessoa melhor e não é por acaso que estou aqui neste convívio com esta camaradagem toda. Sempre que haja encontros estou disposto a participar”.
Mário Mendes - in "Alto Alentejo" - 24/8/11

O Alentejo retratado por António Passaporte

António Pedro Passaporte (1901-1983), filho do fotógrafo José Pedro Braga Passaporte, era natural de Évora. Aqui permaneceu até 1911, altura da partida com seu pai para África, onde se terá iniciado na arte da fotografia.
Apaixonado pelo teatro, quando regressa a Portugal participa em várias peças e mais tarde, em 1923, em filmes produzidos para cinema. Nesse mesmo ano parte para Madrid, onde inicia a sua carreira de fotógrafo. Como vendedor de papeis fotográficos viaja por toda a Espanha e Argentina, registando paisagens e monumentos que vêm a ser adquiridos pelo Ministério da Cultura e Turismo Espanhol para propaganda turística. Face ao sucesso obtido edita postais, assinando como Loty, nome pelo que ficaria conhecido.
Durante a Guerra Civil de Espanha ingressa nas Brigadas Internacionais como repórter fotográfico. Terminada a guerra, regressa a Portugal e inicia a sua actividade de fotógrafo com trabalhos de publicidade e arquitectura, retratos de artistas, etc. Em 1940 inicia a produção de postais ilustrados a preto e branco, destacando-se a edição dedicada à Exposição do Mundo Português. Retira-se da fotografia em 1965, dedicando-se, a partir daí, a escrever as suas memórias e a investigar a história da sua família.

29.8.11

OPINIÃO: ESTAÇÕES COM VIDA

Como anteriormente aqui mencionei, e por várias vezes, para a importância na sociedade, da existência de elevados valores que dignifiquem os próprios e o seu meio envolvente, nomeadamente nos aspectos culturais e sociais.
No seguimento desta linha de pensamento, deparamo-nos esta semana com uma excelente noticia, que apanhou desprevenidos os agentes culturais da cidade invicta, ou melhor: espantados e boquiabertos, com designação da sua Gare Ferroviária de São Bento, como uma das mais belas do Mundo, pois é, assim mesmo vem estampado, em grande destaque, na revista norte americana “Travel e Leisure”, apontando para a beleza dos seus vários paneis em azulejo, pintado pela mão do mestre Jorge Colaço, no inicio do século XX, onde retrata com toda a precisão e minúcia as gentes do Norte e os seus usos e costumes.
Onde outrora fora um Mosteiro de Freiras Beneditinas de São Bento da Avé Maria, passaria no inicio do Século XX a albergar aquelas enormes e imponentes máquinas a vapor que chegavam ao Porto, e como alguém uma vez disse, as estações dos comboios são uma montra das cidades ( vilas ou lugares), por onde o comboio passa e para.
E vem tudo isto a propósito da primeira imagem que me veio ao pensamento, quando ouvi esta notícia pela primeira vez: Já algum dos nossos autarcas reparou nos painéis lindíssimos, que se encontram nas Estações Ferroviárias de Marvão (Beirã), Castelo de Vide e de Vale do Peso? Não? Pois deviam, porque retratam muito bem este povo e os seus monumentos.
Todos sabemos que já lá não param comboios e muito menos pessoas, mas isso não é motivo para abandonar esse riquíssimo património, que são as estações ferroviárias, e a solução passa pela sua reconversão, abertas ao público, e quem sabe com uma vertente pedagógica e cultural, e até mesmo um circuito ou uma rota das estações desactivadas do Alto Alentejo. A ideia mais uma vez aqui fica lançada, na esperança que alguma entidade pegue nela e lhe dê uso. Porque o que menos gostaria de ver, era que estas estações, tivessem o mesmo destino que um dia tiveram as antigas “casas dos cantoneiros”, propriedade das Estradas de Portugal, que foram emparedadas e totalmente destruídas.
Por isso o repto aqui fica lançado, porque só damos conta do que realmente temos, em termos culturais, quando alguém lá do estrangeiro, nos alerta para toda esta imensa riqueza que está mesmo á nossa frente, e que é este nosso património material e imaterial.
E mais uma vez refiro, que nos momentos de crise, mais do que nunca, a importância para usar a cabeça é um trunfo, basta a mesma ter lá dentro algo que seja construtivo e que nos traga mais-valia, e para isso é necessária gente com acrescentada sensibilidade nestas áreas: da cultura e do turismo, porque é aqui que se encontra o futuro deste povo, descobrindo o seu passado, para poder construir um futuro melhor.
JOSÉ LEANDRO LOPES SEMEDO

28.8.11

NISA: Festas de “Artilheiros e Artilheiras” animaram mês de Agosto


Artilheiros e Artilheiras de 1939 - 72 anos
Em Agosto, a vila de Nisa transforma-se num imenso centro de convívio, de festas, encontros, chegadas e partidas.
É o regresso dos nossos compatriotas, emigrantes em França e noutros países; é a visita de nisenses vindos da Grande Lisboa e de outros pontos do país, para abraçarem os familiares e amigos e participarem nas “Festas de Artilheiros”, designação tipicamente nizorra para identificar os homens e mulheres nascidos no mesmo ano.
É um bom pretexto (assim houvesse outros) para um regresso às origens e de reencontro com os amigos e amigas da escola, da mestra ou do trabalho, quantas vezes, até, da tropa.
Neste Agosto de 2011 houve diversos Encontros, não apenas aqueles que pelo simbolismo da data - 25, 30, 40, 50 ou 60 anos -, se tornaram habituais, mas muitos outros, alguns já de carácter anual, como que a prevenir a partida sem retorno deste ou daquela amiga. As mulheres que antigamente só por deferência dos maridos participavam nestes encontros, ganharam também a sua autonomia e independência, organizando elas próprias “Convívios de Artilheiras”.
Face ao elevado número destas iniciativas tornou-se quase impraticável dar conhecimento de todos e os que aqui noticiamos referem-se àqueles cujos organizadores/as nos contactaram.
Os homens e mulheres nascidos em Nisa no ano de 1939 já não passam um ano sem o habitual e apetecido convívio. Assim aconteceu no passado dia 6 de Agosto, realizando-se um almoço de confraternização num dos restaurantes da vila.
Artilheiros de 1946 - 65 anos
A 13 de Agosto foram os “Artilheiros” de 1946. Completaram 65 anos e festejaram a preceito com a degustação gastronómica no salão de festas do Nisa e Benfica.
No dia seguinte, também os homens e mulheres, com os respectivos cônjuges, nascidos em 1951 fizeram a festa dos 60 anos.


Nasceram em 1951, festejaram os 60 anos e marcaram encontro para 2051 (100 anos)
Foi uma festa linda, apesar do calor que se fez sentir. Eu sei porque também lá estive, a comemorar e a confraternizar com os amigos e amigas, muitos dos quais não via há bons anos. Houve tempo para tudo, para o convívio, a música, as anedotas, as mil e uma histórias dos tempos da mocidade. Depois, entre um copo e uma saudação, surgiram as recordações, as aventuras (quase) mirabolantes das brincadeiras dos anos 50 e 60, a guerra do Ultramar, nos anos 70, os “artilheiros e artilheiras” que nos deixaram, as canções do Gianni Morandi, Adamo, Roberto Carlos, a parafernália de músicas e conjuntos que abrilhantavam os bailes da Sociedade e do Benfica.

Em cima, Artilheiros/as de 1956 (55 anos); Em baixo, Artilheiras de 1941 (70 Anos)
Motivações idênticas tiveram os homens e mulheres nascidos em Nisa no ano de 1956, que no dia 15 e no mesmo local festejaram 55 anos, assim como as mulheres nascidas em 1941 e que na formosura dos seus 70 anos, acharam que a vida não é só feita de trabalhos e agruras, resolvendo celebrar com um almoço convívio tão ditosa idade.
Em Nisa, Agosto é mês de "Festivais de Artilharia", de convívios familiares, de chegadas e partidas, de encontros e de confraternizações, evocando os tempos em que a malta do "pé descalço", a muito custo conseguia os 25 tostões para as duas filas da geral do cinema para assistir aos filmes de espadachim e “biques de p´caréta”!
Um abraço para todos os "Artilheiros e Artilheiras" que celebraram a vida e a amizade neste Agosto de todos os encontros.
Mário Mendes in "Alto Alentejo" - 24/8/11

24.8.11

Bodas de Ouro Matrimoniais


No dia 19 de Agosto celebraram 50 anos de Matrimónio, o senhor João Francisco Lopes e a senhora Adelina Malpique Rufino, naturais e residentes em Nisa.
O casamento do septuagenário casal nisense, teve lugar no dia 19 de Agosto de 1961 na Igreja do Espírito Santo em Nisa, após quatro anos de namoro e do feliz enlace nasceram dois filhos.
A família Rufino Lopes celebrou esta data festiva com um almoço familiar e mais tarde com uma pequena festa para a qual convidaram vizinhos, amigos e familiares.
João Francisco Lopes, 75 anos, reformado da EDP, é um conhecido activista local na defesa e divulgação do património histórico, arqueológico e ambiental do concelho de Nisa.
A esposa, Adelina Rufino, tem uma vida inteira dedicada às artes tradicionais, a fazer bordados ou, melhor dizendo, “a cegar as meninas do olhos”, como refere, lembrando os 32 anos de trabalho na Casa Paroquial e noutras mestras, na melhor tradição das mulheres de Nisa da primeira metade do século passado.
Artesã conhecida e conhecedora como poucas das artes dos panos e bordados de Nisa, a senhora Adelina havia de casar com outro artesão, este do ferro e do torno, que manejou durante muitos anos nas extintas oficinas da central da Bruceira.
Evocando a data de tão feliz acontecimento, saudamos o casal Rufino Lopes, endereçando-lhe através desta pequena menção, votos de muita saúde e um abraço de Parabéns!

NISA: Convívio familiar dos Reizinhos





Os familares e afins, descendentes de Manuel Reizinho, realizaram no passado dia 13 de Agosto, no salão de festas do Sport Nisa e Benfica, o seu 3º Convívio anual, consecutivo.
A festa familiar contou com a presença de 53 pessoas, numa diversidade etária que ia de 1 ano aos 89 anos.
Num ambiente de festa e descontraído, teve lugar o jantar e depois as variedades musicais e artísticas, ao gosto de cada um, servindo o convívio para fortalecer os laços familiares entre as diferentes gerações.

22.8.11

SANTANA: Festas populares na objectiva de Jorge Nunes





Realizaram-se durante este fim de semana, as festas populares em honra de Santa Ana, padroeira da freguesia com o mesmo nome e que envolveu as populações de Pardo, Duque e Arneiro.
As fotos (excelentes) são do nosso amigo Jorge Nunes que, mesmo com um dos braços imobilizado não deixou de registar para a posteridade algumas imagens de belo efeito.

16.8.11

NISA: 1º Encontro de Ex- Páraquedistas do concelho



Ex-páraquedistas naturais ou residentes no concelho de Nisa juntaram-se em animado convívio no passado dia 13. O 1º Encontro foi o pretexto para lembrarem outros tempos em que o perigo, a aventura e as emoções - mas, também, a noção do dever - andavam de mãos dadas. As barriguitas, essas, não teriam tanta saliência, mas isso é pormenor de somenos. Importante mesmo foi o reencontro de antigos camaradas de saltos e de acções militares. As outras, de carácter mais pessoal ficaram mesmo para serem contadas à mesa.
Ver reportagem mais desenvolvida na próxima edição do semanário "Alto Alentejo" (24/8/11).

15.8.11

NISA: A verdade a que temos direito (1)

A Câmara de Nisa teima em não disponibilizar no site oficial a informação indispensável ao conhecimento dos munícipes sobre a gestão municipal, nomeadamente, as Actas das sessões camarárias, ainda que resumidas e com a apresentação das posições dos diferentes eleitos.
Não se trata de um "favor" mas tão só de uma obrigação legal a que a Câmara se exime, atitude tanto mais grave quando um dos principais símbolos da coligação que gere o município de Nisa, a CDU é, precisamente, "trabalho, honestidade e transparência".
Nós ousamos perguntar: que raio de transparência é esta em que se esconde, DELIBERADAMENTE, dos munícipes, questões essenciais da administração pública do concelho?
A tomada de posição que aqui transcrevemos sobre a gestão da Ternisa, foi apresentada em sessão da Câmara de 25 de Maio. Sobre a mesma (e outras tomadas na mesma sessão) a "senhora Câmara" diz, no seu site, o seguinte:
"Relativamente ao assunto em epígrafe, a Câmara Municipal de Nisa apreciou o documento em análise, pronunciou-se sobre o mesmo e fará chegar ao Conselho de Administração da empresa municipal Ternisa, E.M., as recomendações referidas pelos eleitos e que irão ficar expressas na respectiva acta."
Você tá entendendo, cara? Tem mesmo de procurar a acta (agora é ata) para desatar o nó que a administração pública (será?) de Nisa, atou. A mesma que bate com a mão no peito a clamar por Transparência!
Mário Mendes
Declaração de Voto do vereador Francisco Cardoso (PS) sobre a "Apreciação da prestação de contas e relatório de gestão da empresa municipal "Ternisa, E.M.", do ano de 2010":
“ Um primeiro comentário que quero fazer, é que o relatório, para além de nos ter sido disponibilizado muito em cima da hora, o que nos impediu de analisar com mais rigor os dados que ele contém, é um relatório muito técnico, muito contabilístico, muito normativo e não, como a meu ver devia ter sido, um relatório para acionistas, com informação complementar sobre as variadas rubricas, nomeadamente, sobre as dividas a terceiros e de terceiros, sobre os fornecedores e prestadores de serviços, sobre a afetação dos RH e respetivos custos, um resumo sobre as principais ações realizadas, etc, Um segundo comentário é a falta de qualquer perspetiva de futuro, constando apenas frases vagas, sobre eventuais intenções que se repetem ao longo dos anos, e não o assumir de uma estratégia de desenvolvimento e crescimento, com um planeamento das principais ações concretas a desenvolver e resultados esperados das mesmas. Passando agora às contas propriamente ditas, verificamos o seguinte:
- a receita de 280 000 €, é praticamente semelhante à do ano anterior, e a despesa, superior a 1 milhão de euros, com as principais rubricas a crescer face ao ano anterior, nomeadamente, os custos com pessoal e com os fornecedores de serviços, o que se traduz num resultado de exploração negativo, superior a 800 000 €.
- um passivo de 1 135 016 €, em que a dívida à banca passou de 434 467 € para 530 107 € ( mais 95 640 € ), a dívida a fornecedores passou de 149 115 € para 280 584 € ( mais 131 479 € ), a dívida ao Estado passou de 51 490 a 188 705 € ( mais 137 214 € ), a dívida de outras contas a pagar de 103 282 € para 135 610 € ( mais 32 328 € )
Face à informação disponibilizada, pode-se concluir que a TERNISA continua numa situação de falência técnica, e a sua sobrevivência só é garantida pelas transferências financeiras da Câmara que, na sequência dos resultados ora apresentados, só a título de cobertura de prejuízos pelo exercício de 2010, terá de transferir para a TERNISA 536 498 € ( e os outros sócios terão de transferir 94 676 € ), o que, se somarmos aos 340 781 €, relativos à cobertura de prejuízos de 2009, mais os cerca de 160 000 € de transferências a título de indemnizações ( ? ) em 2010, mais algumas centenas de milhares de euros em despesas, que estão a ser suportadas pela Câmara, quando o deviam ser pela TERNISA, como as despesas de eletricidade, ou de água, ou como a receita relativa à renda que a TERNISA tem de pagar à Câmara pela utilização das instalações e dos equipamentos, e que continua sem pagar, leva-nos a afirmar que o Complexo Termal, não só está muito longe duma situação de sustentabilidade económico-financeira, como a ver a sua continuidade cada vez mais em risco, pois, ao representar um custo anual à Câmara da ordem dos 750 000 €, não só a Câmara não tem capacidade financeira para o suportar, como a própria Lei, a impede de o fazer. Para além de tudo isto, o recente acordo de entendimento que o País assinou com a Troika, no âmbito do pedido da ajuda financeira externa, implica obrigações, quer da parte das autarquias, quer da parte das empresas municipais, nomeadamente a nível do equilíbrio financeiro em que devem ter as contas, pelo que, ou a TERNISA altera duma forma drástica e urgente o rumo que tem seguido, ou são imensas as reservas sobre o seu futuro.
Uma outra conclusão que se pode tirar destes resultados, é que, ou os estudos de viabilidade económico-financeira que nos foram apresentando, estão completamente errados, e/ou as pessoas que têm estado na gestão, têm sido incapazes de implementar práticas gestionárias capazes de dar o rumo certo à sustentabilidade do Complexo Termal.
Ao longo do meu mandato neste executivo, por variadas vezes, tenho demonstrado a minha preocupação com os atos de gestão praticados, que, a meu ver, só podiam conduzir ao insucesso, pelo que, para além de apresentar algumas sugestões de atuação, apontei medidas concretas e urgentes a serem tomadas pelos responsáveis pela gestão do complexo. Infelizmente, porque ninguém nos ouviu, a situação da TERNISA não só não foi corrigida, como, pelos resultados agora conhecidos, se verifica que está cada vez mais degradada.
Aquando da demissão do Dr Rabeca, em Julho do ano passado, e na sequência de variadas intervenções e pedidos de esclarecimentos ao anterior PCA da TERNISA, aproveitando essa mudança, e tendo em conta os resultados desastrosos de que tínhamos tomado conhecimento em Junho, apresentámos um conjunto de medidas que entendia serem as mais adequadas. Defendi na altura que era urgente e prioritário, entre outras, as seguintes ações:
- adequar a estrutura de custos, à receita gerada ( com a sugestão de variadas medidas quer na área dos Recursos Humanos, nomeadamente nas remunerações dos quadros dirigentes, na adequação dos horários, no redimensionamento do quadro de pessoal, quer na área dos fornecedores de serviços, com eventuais renegociações de contratos ) – o que se verificou é que se chegou ao final do ano, e, quer os custos com pessoal, quer os custos com os fornecedores e prestadores de serviços foram ainda superiores aos do ano 2009
- licenciar urgentemente quer o Complexo Termal, quer as outras valências ( nomeadamente, a unidade de reabilitação e a unidade de internamento ) – o que se verificou é que nada foi feito até final do ano e, parece que, mesmo agora, ainda nada está definitivamente licenciado
- promover adequadamente o Complexo Termal ( quer junto da classe médica, quer junto das populações vizinhas, incluindo os nossos vizinhos espanhóis, quer junto da comunicação social ) – até final do ano, que eu saiba, nada disto foi feito, e parece-me que continua por fazer
- estabelecer protocolos/parcerias ( nomeadamente protocolos com Seguradoras, Associações, INATEL, Clubes desportivos, Bombeiros, Forças de Segurança, etc, etc, SNS, Sub-Sistemas de Saúde, Santas Casas de Misericórdia, SAMS, ACS-PT, etc, e parcerias com Agentes turísticos – agências de viagens, hotéis e restaurantes ) – até final do ano, que eu saiba, nada disto foi feito, e também não sei se, mesmo agora, já alguma coisa terá sido concretizada
- definir um conjunto de indicadores de gestão, nomeadamente de despesa e receita e proximidade ao executivo camarário – não só nada disto foi feito, como há medidas que são tomadas e se trabalha em eventuais soluções, sem que as mesmas tenham sido discutidas e, portanto, terem o aval prévio do executivo.
Desde a primeira hora, como se constata, é indesmentível que tenho apresentado contributos, duma forma aberta e transparente, para uma melhor gestão do Complexo Termal, e, inclusive, subscrevi, com a Drª Idalina, uma proposta para o Conselho de Administração da TERNISA, que me disponibilizei a integrar de forma graciosa. Infelizmente, as nossas propostas não foram aceites, e os resultados estão à vista, depois de um investimento inicial de mais de dez milhões de euros, financiados na sua maioria por transferências do Estado Central e por Fundos Comunitários, o Complexo Termal, dois anos após a sua abertura, não só não dá mostras de ser capaz de se aproximar dum projeto auto-sustentável, como, pelo contrário, continua a ser um grande sorvedouro de dinheiros públicos.
Assim sendo, entendo que, rapidamente, deve ser feita uma análise e discussão séria e rigorosa sobre o Complexo Termal. Continuo disponível para contribuir para essa discussão, mas, não estou disponível para validar soluções negociadas “ nos bastidores “, que apenas visam, ou a manutenção de erros do passado, ou a entrega a novas aventuras experimentais, nem estou disponível para continuar a fechar os olhos a uma gestão incapaz de reduzir acentuadamente a despesa, e de apresentar um plano de ações que levem ao aumento da receita, nem estou disponível para ser conivente com uma gestão, que, não sendo capaz de garantir a sua sustentabilidade, tenha de viver à custa das transferências anuais de centenas de milhares de euros dos contribuintes.
Aproveito para reafirmar, que me demarco totalmente de eventuais decisões que, até agora, tenham sido ou venham a ser tomadas pelo Conselho de Administração, mesmo que essas decisões tenham sido decididas pela Assembleia Geral da TERNISA, que não subscrevo, pois, embora a Srª Presidente de Câmara esteja, supostamente em nome do Executivo, na presidência da mesma, ela tem assumido as suas posições sem ter consultado ou discutido, pelo menos com os Vereadores do Partido Socialista, as matérias em análise nessas reuniões. De facto, em quase dois anos de exercício do mandato de Vereador, e tendo sido realizadas várias reuniões dessa Assembleia, nem eu, nem a outra vereadora do Partido Socialista, tivemos conhecimento, nem antes, nem depois, dos assuntos que aí são discutidos, nunca tivemos acesso a quaisquer ATAS dessas reuniões, apesar de já as termos por diversas vezes solicitado, inclusive, a Drª Idalina, depois de terem apresentado a desculpa de que o livro das ATAS não podia sair das instalações da TERNISA, dirigiu-se ao local e, não só lhe foi negado a acesso às mesmas, como, até hoje, creio que nunca ninguém se lembrou de tirar umas fotocópias dessas mesmas ATAS e fornecê-las aos vereadores.
O meu compromisso, enquanto Vereador, é com os todos os nisenses, e, por isso, não posso ficar indiferente perante um projeto que, depois dum investimento de vários milhões de euros, em vez de representar uma mais-valia em termos de desenvolvimento para o nosso concelho, se está a transformar num enorme sorvedouro dos fracos recursos financeiros da nossa autarquia, ou seja, dos nossos CONTRIBUINTES. Não contem comigo, para pactuar com irresponsabilidades, ou para passar “ cheques em branco “, sobre matérias desta complexidade. “
Francisco Sena Cardoso

6.8.11

NISA: Um "cine" teatro sem cinema!

"Furacão de Saias" era o filme anunciado em cartaz pela empresa que explorava o Cine Teatro de Nisa, a Socorama. Nesse ano (1965) o "cinema" de Nisa, mesmo no Verão, continuava a sua missão de divertir, entreter, proporcionar aos nisenses - e não só - momentos de lazer e de cultura.
A sala enchia-se e filmes havia que eram passados duas e três vezes, tal o êxito que obtinham.
No ano em que o Cine Teatro de Nisa completa 80 anos da sua fundação (1931), triste é constatá-lo, a "sala de espectáculos do Norte Alentejano" deixou de fazer jus ao nome e à fama conquistada. Durante a semana reina um silêncio lúgubre pelas salas e corredores do amplo edifício, quase moribundo. Aos fins de semana, deixou de haver cinema, dizem as "más línguas" que, por dívidas às empresas de distribuição. Outras, apontam o famigerado Despacho nº 26 qual troika caseira do aparatchik que nos desgoverna, como a "fonte cultural" que secou e nos deixou a todos mais pobres.
Manuel Granchinho e José Vieira da Fonseca, entre outros, no lugar onde repousam, mereciam uma melhor homenagem que aquela que a autarquia lhes está a "prestar" no 80º aniversário do Cine Teatro. Mereciam, merecem, que o bairrismo e o esforço que encetaram no final da década de vinte do século passado, visando dotar Nisa de uma moderna sala de espectáculos, seja renovado e que o grande espaço cultural da Praça da República seja isso mesmo: um espaço de vida e cultura, de conhecimento, saber, entretenimento e de lazer, e não se transforme no fantasma do velho cemitério sobre cujas fundações assenta o edifício.
Mário Mendes