22.10.11

OPINIÃO: SOB A INSPIRAÇÃO DE NOSSA SENHORA DA GRAÇA,

UM ESPÍRITO DE LUZ A MARCAR A 3.ª JORNADA MISSIONÁRIA DE 22 DE OUTUBRO EM NISA... SEM QUERER IMPOR, MAS APENAS LEMBRAR... O CONFORTO E BENÇÃO DA SUA INTERVENÇÃO PARA COM NISA
(Nossa Senhora da Graça,/ Minha Mãe, Minha Madrinha - in quadras tradicionais, fls. 316,Monografia de Nisa, José F. Figueiredo. Ed. da I.N,Casa da Moeda, CMNisa).
Sob a inspiração e valor de Nossa Senhora da Graça, um espírito de luz a marcar o Encontro Missionário de 22 e 23 de Outubro em Nisa, sem querer impor mas apenas lembrar...o conforto e bênção da sua missão de acompanhamento ao povo de Nisa, ontem como hoje.
Prezados conterrâneos, lembrar o espírito de luz de Nossa Senhora da Graça...a Mãe do Senhor na hora deste Encontro Missionário, junto dos homens e mulheres de Nisa, meus irmãos em Jesus ,e na terra que nos viu nascer, parece-nos um elementar dever de consciência.
A missão de Nossa Senhora da Graça é fazer a caridade e o bem.
Valorizemos assim este Encontro à luz da intervenção e bênção da Mãe do Senhor... Nossa Senhora da Graça, nosso consolo e bênção em séculos de história.
A Senhora da Graça acode sempre ao povo de Nisa.
Devotemo-nos a acolher o Encontro, mas esforcemo-nos por reforçar junto desse encontro fraterno... a luz - força, o sinal de intervenção espiritual da Mãe do Senhor... Nossa Senhora da Graça, nossa benfeitora espiritual, recolhamos-Lhe em nosso favor o socorro, o auxílio, a caridade, alevantando forças com Nisa como Norte e destino do Encontro, e assumindo a responsabilidade, o dever do agradecimento do seu amparo ao longo de séculos, acudindo sempre ao povo de Nisa em momentos tão solenes e de dificuldades.
Qual é a sua fisionomia, é tal qual como foi conhecida as suas visitas aos nossos confrades e conterrâneos que naquele tempo chamaram à Mãe do Senhor... Nossa Senhora da Graça, por intervir com seu amparo e graça salvadora.
Ouçamos nos nossos corações a sua presença, em estado de prece, recolhamos os seus alvitres, a Senhora da Graça será, assim o admitirmos ainda em nosso favor, o perfume dos vários tempos do Encontro Missionário, convertendo-o em momento frutuoso em benefício de todos.
Como timoneira da jornada descubramos a ajuda , e proclamemo-la.
Aceitemos a sua ajuda santa e sábia, mestra espiritual do povo nisense, e ouçamos e recolhamos os seus alvitres.
Aqui fica registado o sentimento de não podermos deixar de agradecer esta graça, depois do seu trabalho espiritual para com Nisa, como padroeira espiritual do povo nisense.
A festa exige que se ressalte o seu santo nome, a sua bênção na terra que os nossos antepassados elegeram como devotada a Nossa Senhora da Graça, um espírito de luz na honrosa tradição de Nisa.
(“ Naquele tempo, a festa... grande distância, mau caminho, como o principal pretexto desta acção seja a Festa e não houvesse notícia alguma da sua origem, mandamos que daqui em diante se dê princípio a esta função ordenando-se a procissão da Ermida primeira de Nª Sr.ª com o clero e Senado da Câmara e tudo na forma que, principiando desta vila, se fazia e ainda melhor poderá bem ser, pois ali costuma esperar o povo junto.”- in Monografia de Nisa).
( “A graça foi certamente a causa da fé dos que creram”... ”A graça se originou ali, além do controle humano”... ” Nada em nossa dimensão tempo -espaço contínuo foi causa da sua Graça e nada poderia mudar a mente de Deus agora”.Is.57-15)
João Castanho

21.10.11

NISA: Fecho das Extensões de Saúde é crime contra a Humanidade!


A Assembleia Municipal de Nisa reúne hoje, dia 21, em sessão extraordinária para "tratar" dos problemas da empresa municipal Ternisa, uma "novela" que se arrasta há vários anos e cujo desfecho está longe de terminar. Não se sabe em que condições a AM poderá deliberar sobre tão melindrosas questões, sem suporte adequado (a falta de informação é gritante e ilegal) para a tomada de qualquer posição.
A Assembleia Municipal de Nisa - e por que se trata de uma sessão extraordinária - deixará "de lado", julgo que, inconscientemente, a discussão de uma problema, esse sim, que no imediato prejudica de forma séria, brutal - eu diria quase mortalmente - os habitantes do concelho, principalmente os das freguesias a quem a ULSNA, nome pomposo para a Unidade Local de Saúde do Norte Alentejano, pretende fechar as Extensões de Saúde. É um crime contra a humanidade, porque fere principíos básicos, fundamentais, como são os dos direitos das populações aos cuidados de saúde. Pior do que isso, são medidas discriminatórias, que atingem as populações mais idosas, com parcos recursos e frágeis condições de mobilidade.
Este seria o problema a discutir e a merecer uma posição enérgica da AM de Nisa. Mas não. Em cima da mesa, estará a manutenção de interesses particulares, o "lavar das mãos" sobre uma situação que desde o primeiro momento foi mal conduzida e agora, tal como a da Valquíria há que, rapidamente, passar para outro "filme".
A saúde das populações está primeiro, mas os eleitos na AM bebem "Água do Vimeiro" e por isso, por que a maioria está longe de Nisa, em cidades onde não falta o essencial, estes problemas podem esperar.
Se calhar, até já estarem "resolvidos" pelos caprichos dos troikanos da ULSNA.
Haja Deus!
Mário Mendes

SAÚDE: Presidente da Câmara toma posição sem ouvir o executivo

SAÚDE - ULSNA: As normativas "troikanas" e o atentado contra as populações



20.10.11

JOSEFA FIGUEIREDO: UMA FIGURA AGREGADORA DA ESCOLA PRIMÁRIA.

DA ENORME INGRATIDÃO DE VÁRIAS GERAÇÕES DE ALUNOS NÃO RELEVAREM
PUBLICAMENTE A SUA EXTRORDINÁRIA FIGURA E PESSOA.
A Senhora Josefa, como lhe chamávamos, e como era conhecida dos alunos da escola primária, não era uma contínua... ou funcionária qualquer.
Era um elemento identitário... da própria escola.
Não sei se os professores articulavam com ela, ou se era ela que articulava com os professores.
O seu olho clínico permitia-lhe adivinhar quem estava alimentado, e aqueles que porventura não tinham ingerido alimento algum.
Era bom que esse levantamento fosse feito, e do papel de solucionar problemas que protagonizou, e então talvez fosse possível conhecer dados que a maior parte de nós desconhecemos, e que fariam dela um ser ainda maior.
Era um ser magnífico que andava ali no melhor dos mundos, a escola era o seu mundo, era ali feliz.
Era prima do Director o Excelso Professor António Paralta Figueiredo, filho desse extraordinário nisense José F. Figueiredo, recordado recentemente por M.Mendes com o toque e a beleza que os seus escritos espelham.
Era uma pessoa muito inteligente, se tivesse estudado tinha tudo para um intelecto superior em qualquer área.
A Senhora Josefa era um Abraço largo sobre a escola ,quadro bom para um pintor registar , a sua relação com a escola e os alunos faziam um todo harmónico, sem ela a escola não seria a mesma escola, a sua alegria misturava-se na atmosfera da escola.
Por ela sempre tive um carinho especial.
E ... engraçado, quando ia a Nisa sempre me acolheu familiarmente, conhecia-me desde menino.
“João anda daí meu filho....anda fazer a prova oral (creio que da quarta classe)... falta um menino de uma freguesia do concelho... fazes tu... temos ali um livro para te emprestar...
Anda, aquilo para ti é canja... Mas, Senhora Josefa, não venho vestido!... (jogava à bola junto à Fonte do Rossio... Não faz mal, limpa o pó das botas... anda!”
E isto dito pela Senhora Josefa era metade do exame já feito, ela tinha esse segredo de nos elevar.
Não a incluir nas mais estimáveis pessoas e figuras de Nisa seria grave ingratidão.
A sua figura, a sua pessoa, o seu nome honram Nisa e toca os nossos corações reconhecidos, agradecidos.
Que Deus lhe pague na proporção que o Evangelho exemplifica.
João Castanho

17.10.11

80 ANOS DO CINE TEATRO DE NISA - João Ratão

"João Ratão" é o primeiro filme e grande êxito da década de 40. Realizado por Jorge Brum do Canto, o filme teve estreia a 29 de Abril de 1940 no cinema S. Luís e manteve-se em cartaz de estreia durante dez semanas. Óscar de Lemos, Maria Domingas, António Silva, Manuel Santos Carvalho, Teresa Casal e Costinha foram alguns dos principais intérpretes. ( http://pauloborges.bloguepesssoal.com/ ).
Exibido em Nisa, durante os dois dias da Feira de S. Miguel, teve casa cheia e uma assistência de mil duzentos cinquenta e quatro espectadores, como se pode ver pelo quadro acima.
Tempos de ouro para o nosso Cine Teatro, a contrastar, brutalmente, com o abandono a que vem sendo votado.
Que o povo se erga e faça ver à senhora Câmara, a insensatez e irresponsabilidade de tal atitude. E não nos venham com "desculpas troikanas"...

16.10.11

80 ANOS DO CINE TEATRO DE NISA - Corina Freire

Em Março de 1940, o Cine Teatro de Nisa recebeu a visita da grande actriz Corina Freire (1897-1985) considerada, anos antes, o "mais belo sorriso de Paris".
Corina Freire e o Quarteto Vocal Folclórico, em digressão pelo país, apresentaram em Nisa o espectáculo de revista "Lisboa à Vista". Como sempre acontecia, o espectáculo realizava-se à percentagem cabendo à empresa do Teatro Nisense 30 por cento da receita.
No mesmo mês, a 24, realizou-se uma das habituais conferências de teor religioso promovidas pelo padre Sebastião Martins Alves, pároco de Nisa. O Cine Teatro era alugado pela módica quantia de 70 escudos, sem mais encargos para os promotores da iniciativa.Nos anos 40, o Cine Teatro de Nisa tinha vida, havia espectáculos de cinema e de teatro, o público comparecia e aplaudia. Hoje, as portas estão fechadas, o bolor e a indiferença vai tomando conta dos espaços e os promotores da "coltura" limitam-se a apontar o dedo ao "poder central" e a remeter para o "povo" a solução do problema que criaram.
Terá o povo de esperar ainda mais dois anos para arrumar, de vez, a questão?
Mário Mendes

12.10.11

NISA: Encontro e convívio de ex-combatentes

A vila de Nisa acolheu, no dia 1 de Outubro, o encontro anual dos ex-militares da CCS do Batalhão de Infantaria 4215 que cumpriram a sua comissão de serviço em Moçambique, na zona de Cabora Bassa., em 1973
O encontro juntou 42 ex-combatentes e alguns familiares que os acompanhavam e serviu de pretexto para se reforçarem os lados de amizade e companheirismo que foram apanágio naqueles tempos de Ultramar.
Muitos vieram pela primeira vez a Nisa e tiveram oportunidade de conhecer alguns dos locais mais emblemáticos da vila e o seu artesanato.
O almoço realizado num dos restaurantes locais foi pleno de animação, prosseguindo o convívio durante a tarde, tendo os visitantes ao partir, estampada no rosto, a satisfação por esta jornada de confraternização e deixando logo marcado o próximo evento.

11.10.11

NISA: “Artilheiros” comemoraram 75 anos de vida

Mais vale tarde do que nunca, terão pensado os naturais ou residentes em Nisa, nascidos em 1936 e que se juntaram para assinalar 75 anos de vida.
O encontro realizou-se no dia 2 de Outubro e serviu para se reverem amigos de infância e juventude, contarem histórias daqueles tempos difíceis, para além de se reforçarem os laços de amizade.
No convívio gastronómico, com um almoço servido a preceito, degustaram-se as especialidades da cozinha tradicional alentejana.
O encontro foi organizado pelo “artilheiro” Parente e os participantes fizeram questão de marcar encontro para o próximo ano, deixando uma promessa e desafio: que venham todos!

10.10.11

CINE TEATRO DE NISA – 80 ANOS

A Idade Maior do bairrismo nisense
Inaugurado há 80 anos, nos dias 9 e 10 de Outubro de 1931 (Feira de S. Miguel), o Cine Teatro de Nisa representou a concretização de um sonho colectivo e a demonstração do maior amor à sua terra, a que deram forma vários nisenses, através da então constituída Empresa do Teatro Nisense.
Entre tantos que disponibilizaram dinheiro e boa vontade, dois homens temos, forçosamente, de destacar: Manuel Granchinho e José Vieira Esteves da Fonseca. Um e outro pela generosidade das suas contribuições monetárias e empenhamento pessoal, o último, também, como gestor da obra no terreno e, posteriormente, como administrador da empresa.
Do que representou e continua a representar para Nisa, esta sala de espectáculos, hoje em dia uma das melhores do distrito por força da grande transformação e recuperação que sofreu nos anos 80 e 90 e que lhe travaram o estado de ruína e a progressiva degradação, obra realizada pela Câmara Municipal de Nisa, atestam-no, quer o gosto dos nisenses desde épocas remotas pelo teatro e as representações cénicas, quer a própria frequência aos espectáculos cinematográficos, desde os anos 30 do século passado.
Neste trabalho evocativo dos 80 anos da construção do novo teatro – houve outro, mais antigo, que ruiu em 1916, como se mostra noutro local – pretendemos assinalar a data, lembrar os obreiros desta grande obra, feita e mantida por particulares, a “sociedade civil” da época e abrir as portas e janelas para uma reflexão sobre o que pode a força criadora dos homens, quando animada e orientada num sentido mais nobre, nesta caso, a construção de um equipamento cultural que, mesmo na sua inauguração, foi considerado um dos melhores e mais espaçosos na época, a nível do interior.
Este sentimento nobre, este despontar de um forte bairrismo, alicerçado no amor à terra e à cultura, fez nascer, outra vez, o nosso Teatro. E, lembramos, uma vez mais, que em Nisa, desde o século XVIII, o teatro sempre fez parte das manifestações artísticas dos nisenses.
O nascimento de um sonho
Os dados que seguem foram retirados do Relatório e Contas (Exercício de 1930/1946) da Empresa do Teatro Nisense Lda, livros que foram criteriosamente elaborados por José Vieira da Fonseca.
“ Em fins do ano de 1929, teve-se conhecimento em Nisa que ia ser arrematado em hasta pública, no tribunal desta comarca o velho Teatro Nisense (1), cuja reconstrução em 1918-1919 ficara em meio.
Vindo a Nisa por essa ocasião Manuel Granchinho e encontrando-se com José Vieira da Fonseca, acordam em fundar uma sociedade com o fim de arrematar a construção do dito Teatro.”
Manuel Granchinho não residia em Nisa e foi necessário convidar outras pessoas para a direcção da futura sociedade, passando esta a integrar José Augusto Fraústo Basso e António Paralta.
Em 8 de Fevereiro de 1930 é constituída uma sociedade por quotas, designada Empresa do Teatro Nisense Lda, formada por 13 societários e com o capital inicial de 75 mil escudos (75 contos), não podendo a quota de cada sócio ser inferior a 5 contos.
O objectivo era arrematar o antigo Teatro Nisense e acabar a sua construção, ou então construir outro em local mais apropriado.
Assinaram, como societários, a escritura: José Augusto Fraústo Basso, António da Graça Paralta, José Vieira Esteves da Fonseca, Manuel Granchinho, Augusto Dinis Vieira, Alfredo Dinis Vieira, Carlos Bento Pestana, António Caldeira Tonilhas, Aníbal da Graça Vieira, João Emílio Figueiredo, Joaquim Tavares Machado, Albano Curado Biscaia e José da Cruz Nunes. Entraram Manuel Granchinho e José Vieira da Fonseca com a quota de 10 mil escudos, os restantes com 5 mil escudos, cada um, tendo sido nomeados directores e gerentes da empresa, os três primeiros.
Passados 5 dias foi o velho Teatro à praça com o preço de 14 mil escudos e em lances sucessivos – pois apareceu outro concorrente – elevou-se à quantia de 30 mil escudos.
Nesta altura a direcção da empresa abandonou a praça e o Teatro foi adjudicado ao outro concorrente.
Perante este percalço, a direcção pensou na construção, de raiz, no Rossio. Manuel Granchinho desde logo apoiou a ideia e deu a garantia de contribuir até 100 mil escudos para a edificação do teatro. José Vieira da Fonseca e Augusto Dinis Vieira duplicaram o valor da sua quota, procuraram-se mais sócios e passados alguns dias, em reunião de societários era apresentado o croquis da planta do novo teatro, com as ideias mais gerais.
Obra por administração directa
A planta depois de corrigida pela Inspecção-Geral dos Espectáculos veio aprovada em fins de Março.
Daqui em diante seguiu-se um autêntico corrupio. António Paralta e José Vieira da Fonseca contactaram o empreiteiro Joaquim Barbudo (Castelo Branco) e receberam outras propostas, deliberando fazer a construção por administração directa e encarregando dos trabalhos o mestre d´obras António Farto, de Vale do Peso.
No terreno onde existira o antigo cemitério, começaram a surgir os caboucos e da área arrematada utilizaram-se 640 m2 para o edifício, sendo 16 metros de fachada principal e 40 metros de comprimento, ficando a pertencer à empresa, uma faixa de terreno de 2 metros de largura do lado norte e do lado sul outra de 7 metros e m toda a extensão do edifício.
O sonho da construção de um novo Teatro estava em marcha, imparável e a inauguração nos dias 9 e 10 de Outubro de 1931 foi um dos grandes acontecimentos da história de Nisa do século passado.
A inauguração solene, na véspera da Feira de S. Miguel, esteve a cargo da Companhia do Teatro Nacional Almeida Garret, de que faziam parte além dos seu directores Amélia Rey Colaço e Robles Monteiro, a actriz Palmira Bastos e o actor António Pinheiro.
Num dos intervalos do espectáculo, foi descerrada pela actriz Palmira Bastos, uma lápide de mármore a assinalar a inauguração no salão do Teatro.
O cinema mudo foi inaugurado a 3 de Novembro, devido a problemas com a instalação eléctrica. Em 18 de Janeiro de 1935 inaugurou-se o cinema sonoro, com o sistema Klangfilm-Tobis, tendo importado a sua compra e instalação em cerca de 20 mil escudos, verba que foi obtida por subscrição.
A actividade do Cine Teatro de Nisa manteve-se, ininterruptamente até finais dos anos 70, com sessões de cinema aos sábados, domingos e feriados, espectáculos teatrais, musicais e de revista, representações cénicas com actores locais, sessões de propaganda, enfim, tudo o que o espaço cénico comportava.
Degradação do edifício e obras de reabilitação
Depois as condições do edifício foram-se, progressivamente, deteriorando-se. A execução de obras e a remodelação da sala de espectáculos condizente com as novas realidade e condições de conforto e segurança foram sendo adiadas, ainda mais por que a maioria dos societários tinham falecido ou estavam ausentes de Nisa há longos anos.
Havia dúvidas quanto à titularidade do Cine Teatro, que entretanto, passara, para a propriedade da Santa Casa da Misericórdia de Nisa.
Este aspecto viria a condicionar o arranque de obras para a reabilitação do edifício, que antes que a ruína lhe abreviasse o fim e lhe sucedesse o mesmo que ao antigo teatro, em 1916.
A Câmara de Nisa, presidida por José Manuel Basso tomou a decisão de avançar com as obras de recuperação e reabilitação do Cine Teatro. Foram negociações difíceis e complexas com a Misericórdia de Nisa, mas por fim sobressaiu o bom senso e as obras avançaram e com alguns percalços pelo caminho foram concluídas no final de 1996.
Custaram cerca de 175 mil contos, tendo em conta algumas obras de beneficiação que a autarquia executou no âmbito do protocolo com a Santa Casa.
Em Outubro de 1997, com o filme “O Vulcão” que teve estreia nacional em Lisboa, Porto e Nisa, o Cine Teatro era reinaugurado e reabilitada com honra e festa, a memória de Manuel Granchinho e de José Vieira da Fonseca, principais dinamizadores de um equipamento cultural que enobrece Nisa,
Nisa tem um Cine Teatro que é dos melhores do distrito, mas a que falta emprestar, a graciosidade, o saber e o dinamismo dos autores e actores locais, entre estes, em primeira instância, a própria Câmara Municipal.
É preciso recuperar o “espírito bairrista” que animou esta gesta de homens, eu deram asas ao sonho e promoveram, por si próprios, um dos mais arrojados empreendimentos da nossa vila.
Nesta “idade maior” do Cine Teatro de Nisa, recordamo-los como exemplo a seguir, ao mesmo tempo que evocamos outras personagens desta história com 80 anos.
(1) – Edifício que foi sede do Clube Nisense, Biblioteca Municipal e actualmente da Inijovem.
O Cine Teatro Recuperado
Após profundas obras de recuperação, o Cine Teatro de retomou a sua actividade em Outubro de 1997 e iniciou um novo ciclo de espectáculos. No âmbito da inauguração realizou-se um espectáculo com colectividades e grupos do concelho de Nisa e foram representadas peças integradas no Festival Internacional de Teatro de Portalegre.
Do edifício do Cine Teatro inaugurado em 1931, para além da memória dos seus momentos de glória, permaneceu a fachada inicial
Operou-se uma total remodelação dos espaços e equipamentos.
As instalações actuais do Cine Teatro compreendem uma Sala de Espectáculos para 394 espectadores, com condições de conforto, dotada de ar condicionado e de modernos equipamentos de projecção, iluminação e instalação sonora. Um amplo palco com torre de cenários, ecrã de cinema e fosso de orquestra torna a sala vocacionada para sessões de cinema, teatro, teatro musicado, dança, canto, concertos musicais, actos cívicos. Para além de instalações e serviços de apoio, como gabinetes de projecção e controle de luzes e som, bilheteiras, camarins, sanitários e arrecadações, o edifício tem como locais complementares: salas para de escola de música e canto, para actividades de iniciação e aprendizagem musical, ensaio de agrupamentos musicais, canto regional e canto coral; sala de escola de teatro e dança, teatro experimental, expressão corporal, sala de instrumentos musicais, sala de execução e depósito de cenografia e carpintaria de palco; vestíbulo com bufete / bar; gabinetes de apoio à gestão e administração.
80 ANOS DO CINE TEATRO DE NISA
Responsáveis municipais falam da obra
José Manuel Basso, ex-presidente da Câmara Municipal de Nisa na vereação que levou a cabo a compra, recuperação e transformação do Cine Teatro, lembra o processo e a importância desta infra-estrutura.
1 - O que significou para si, enquanto nisense e presidente da Câmara Municipal, a recuperação do Cine Teatro de Nisa?
“A recuperação do Cine-Teatro de Nisa foi considerada, pela administração municipal que iniciou funções em 1983,um dos grandes investimentos prioritários a concretizar na vila sede do concelho, a saber: abastecimento de água à vila, casa da cultura, termas, cinema, turismo no Tejo, piscinas, pavilhão desportivo, arranjo do Rossio.”
2 - Quais os custos efectivos da obra e o que levou a que as mesmas demorassem uma infinidade de tempo?
“ A animação e dinamização cultural lançadas em 1984 necessitavam (também) de espaços adequados, funcionais e acolhedores no usufruto por parte da população.
Para o cine-teatro, além da fruição cultural pelos munícipes locais, foi definida uma estratégia de utilização da sala e programação numa óptica sub-regional, aproveitando a inexistência, à época, de espaços culturais dignos desse nome nas capitais de distrito vizinhas (Castelo Branco e Portalegre).
Foi assim que se tentou desde início conjugar uma programação alternando o espectáculo popular (que não popularucho) com iniciativas de grande prestígio que atraíssem a Nisa espectadores de outros pontos do país, nomeadamente dos concelhos vizinhos. Dentro desta concepção, as acções de inauguração incluíram, ao mesmo tempo, uma estreia nacional de cinema (o filme O Vulcão) e a actuação da Sociedade Musical Nisense com todos os seus grupos, mas «animado» o serão pela presença de uma apresentadora da TV na altura «em alta» (Fátima Lopes, SIC). Ainda no período inicial de reactivação do cine-teatro como espaço plural de todas as artes, esteve presente Cesária Évora, num espectáculo que, nessa «tournée» da prestigiada cantora de Cabo Verde, além de Nisa, apenas aconteceu em Lisboa.
Na sala realizavam-se ainda os debates, encontros, conferências, etc. quando o número de participantes (muitas vezes) não cabia no auditório da casa da cultura.
Fazendo jus ao slogan, não adoptado por acaso, de «sala do Norte-Alentejano» captavam-se grupos para aqui realizar as suas iniciativas e, assim, animar a vida local.
Desde igrejas (todas as orientações religiosas) a grupos profissionais ou sectoriais, com uma política de tarifário protegido e outros apoios logísticos, a todos se tentava chamar, para aqui realizarem as mais variadas iniciativas, nelas participando muitas vezes centenas de pessoas.
A ultrapassagem do tempo previsto para a realização da obra deveu-se a dificuldades momentâneas da empresa construtora. Apesar de se tratar de firma (justamente) conceituada na região (sede em Abrantes) atravessou na altura problemas de organização que só a competência do, então, departamento de empreitadas da câmara permitiu ultrapassar a situação difícil e concluir os trabalhos.”
3 - Como vê o futuro do Cine Teatro de Nisa?
“ O futuro, com o uso nos termos inicialmente previstos para os equipamentos culturais e de desenvolvimento local, integrados em projecto global para o concelho, de momento paralisado em absoluto, com os espaços a degradarem-se, só terá solução no quadro de uma viragem radical na orientação da política municipal. Cada dia que passa, sem uma solução, na cultura e no desenvolvimento, perpetua-se a estagnação e hipoteca-se o futuro do concelho.”
******************
Manuel Bichardo, vereador com o pelouro da Cultura da Câmara Municipal de Nisa, acedeu responder a algumas questões que lhe colocámos sobre o Cine Teatro.
1 - O que representa para o Município de Nisa a administração de um edifício como o Cine Teatro?
“ Programar e coordenar iniciativas ligadas à difusão cultural; Assegurar a actividade e o funcionamento do equipamento cultural; Promover o registo de conteúdos e sua publicação no interesse do concelho e/ou regional; Programar e coordenar a celebração de efemérides e comemorações municipais; Estabelecer parcerias com associações e instituições culturais, na difusão da sua actividade.
Assegurar o desenvolvimento de actividades visando o enriquecimento cultural dos munícipes, na fidelização de públicos às artes de palco.
Programar e acompanhar actividades de apoio à população escolar.
Disponibilizar os equipamentos às instituições do concelho para a promoção de actividades lúdicas.”
2 - O que é que impede a tomada de posse efectiva (propriedade plena) do edifício por parte da Câmara Municipal de Nisa?
“ Esta pergunta carece de fundamento, pois não faz sentido nenhum colocar esta questão sendo público que o edifício do Cine-Teatro é património do Município de Nisa.”
3 - Quais os motivos que levaram a autarquia a deixar de programar sessões de cinema?
“ São motivos de ordem económica, que resultam do que em Orçamento Municipal foi aprovado pelo Executivo para o ano de 2011, cuja verba ali destinada à Aquisição dos respectivos filmes, já todos o sabíamos, iria ser manifestamente insuficiente, mas apesar disso prevaleceu a vontade da maioria.
Acresce ainda entendermos que esta resposta está incompleta, porquanto, os motivos aqui referidos nunca foram bem explicados por quem restringiu cegamente despesas em orçamento e agora se esconde na retaguarda do Executivo Municipal.”
4- Qual o futuro para o Cine Teatro de Nisa e que medidas prevê a Câmara tomar no sentido da revitalização do espaço e da programação cultural?
“ O futuro do Cine-Teatro de Nisa não está em causa, só poderá estar em causa se as medidas tomadas pela Administração Central assim o decidirem, contudo, neste caso entendemos que a população do Concelho de Nisa deverá pronunciar-se sobre a questão.”
NR – A pergunta que formulámos, ao contrário do que pensa vereador Bichardo, tem toda a razão de ser. Ainda há bem pouco, era a Câmara que subsidiava a Misericórdia de Nisa para que esta pudesse pagar o IMI respeitante ao edifício.
A situação ao que parece – a Câmara não é transparente nestas e noutras questões – estará já definitivamente resolvida. Ainda bem.
Mário Mendes in "Alto Alentejo - 5/10/2011

9.10.11

9 OUT. 1931: 80 Anos do Cine Teatro de Nisa


Dez anos a Viver Cultura - Quatro anos a amamentar Valquírias
Completam-se hoje 80 anos sobre a inauguração do Cine Teatro de Nisa. A efeméride que deveria ser efusivamente festejada com orgulho e alegria, deu lugar à tristeza e ao desencanto. Pior que isso, é sinónimo de VERGONHA!
A Câmara Municipal de Nisa detentora do edifício que tem como um dos objectivos primordiais o de “assegurar o desenvolvimento de actividades visando o enriquecimento cultural dos munícipes, na fidelização de públicos às artes de palco”, na definição do vereador que deveria responder pela Cultura, tem deixado nos últimos tempos que paire sobre o nosso Teatro, o espectro da tragédia que em 1916 vitimou o velho Cine Teatro, da Rua Marechal Gomes da Costa.
Na altura, tal como agora – num contexto político, social e económico, algo diferente – foi a falta de vida e de actividades, o progressivo desinteresse e o paulatino abandono que lhe ditaram a morte lenta com que veio a sucumbir.
Hoje, a crise económica e a falta de verbas são as causas apontadas para que a melhor casa de espectáculos do Alto Alentejo, esteja às moscas, sem programação digna desse nome, sem exibir filmes há quase um ano, padecendo dos mesmos males com que a autarquia se debate, um dos quais - quiçá o principal – é um amorfismo quase generalizado, um “deixa andar” sustentado nos “males provocados pela oposição”, uma desorientação que vem de trás e para a qual não se vê, a curto ou médio prazo, uma saída.
Em 2007, o executivo absolutamente maioritário, colava ao Cine Teatro o slogan “Dez anos a Viver Cultura”. Além de abusiva, a frase mostrava um completo desrespeito por quem, numa época de verdadeira crise económica e social, levara a efeito e mantivera durante décadas o empreendimento. Entendia-se, de resto, a amplitude e a truculência da mensagem: dos dez anos a “viver cultura”, desde 1997, seis anos eram da gerência de quem ainda hoje gere (mal) a autarquia.
Tão mal que, gastou milhares de euros em Valquírias e outros projectos valquirosos, sem que o concelho deles retirasse qualquer benefício.
Tão mal que, hoje, dia 9 de Outubro de 2011, não teve um pequeno rasgo, uma centelha de lucidez para organizar um programa que lembrasse aos nisenses os 80 Anos a Viver Cultura expressos na memória do nosso Cine Teatro.
Não eram precisos ministros, nem entidades, nem faustosos banquetes, como num passado recente. Bastava que actuassem os artistas locais e que se descerrasse uma lápide a perpetuar os nomes de Manuel Granchinho, José Vieira Esteves da Fonseca, José Vilela Mendes e alguns mais.
Tão pouco para tão grande e magnífica obra, que é um monumento ao bairrismo nisense.
Este, brota do coração: não se constrói nem com “pactos de sangue” nem com estafadas fórmulas eleitoralistas.
Viva o nosso Cine Teatro. Avec Spandex!
Mário Mendes

8.10.11

Memória do Cine Teatro de Nisa

Há 30 anos (1981) Nisa comemorou os 700 anos da fundação da vila. Um programa cultural do mais alto nível animou o concelho durante grande parte do ano. Às comemorações não faltaram, sequer, o brilho da visita do Presidente da República, general Ramalho Eanes, recebido com grande entusiasmo e fervor bairrista.
No Cine Teatro realizaram-se diversos espectáculos de teatro, cinema, colóquios, conferências, música popular. O que apresentamos refere-se a um sarau cultural de divulgação da música e canções da Beira Baixa, a cargo dos mais credenciados embaixadores albicastrenses da altura: o Orfeão de Castelo Branco e a Orquestra Típica Albicastrense.
Ainda a carecer da renovação que se impunha, o Cine Teatro de Nisa cumpria o seu papel de dinamizador cultural, com espectáculos de custos quase irrisórios e a que os nisenses aderiam.
Agora é o que se (não) vê. Fechado, sem vida e sem cor, vai-se transformando, aos poucos, num edifício fantasmagórico que para nada serve. É tempo de os responsáveis camarários acordarem e insuflarem de vida e bulício o nosso Cine Teatro.
Para "elefante branco" já nos chega o Complexo Turístico da Barragem do Fratel.
Dêem vida ao Cine Teatro, porra!
Mário Mendes

6.10.11

NISA: Quando o Cine Teatro cumpria a sua função...

A MORGADINHA DE VALFLOR - ÊXITO TEATRAL POR AMADORES NISENSES
Na semana em que se comemoram 80 anos da inauguração do Cine Teatro de Nisa (9 e 10 de Outubro de 1931) vamos relembrar – no sentido de despertar as consciências mais empedernidas – alguns dos espectáculos que ao longo destas décadas fizeram a “delícia” não só dos nisenses, mas de muitos visitantes.
Viajamos até à noite de 2 de Janeiro de 1947, data em que “a pedido do nosso público de Nisa, por alguns sucesso já confirmados, apresentamos em 2ª Representação o sensacional Drama em 3 actos, de Pinheiro Chagas, obra prima do Teatro Português, A Morgadinha de ValFlor”, lia-se no prospecto de divulgação de uma Récita por Amadores.
Amadores de Nisa como Lúcia Bicho, que interpretava a personagem D. Leonor Coutinho, Lourdes Pinheiro Heitor, Antónia M. Gomes, José Dinis Martins, António Serralha, António Emílio Ramos, Joaquim A. Venâncio, António P. Bento, Joaquim Correia Matias, Júlio Casimiro e ainda muitos figurantes no papel de camponezes, camponezas, criados da casa Valflor.
O programa anunciava ainda “um Grandioso Conjunto”, na “mais sublime e profunda peça do nosso Teatro” que era complementado com “um novo e atraente acto de variedades, em que colaborarão todos os amadores da peça”.
No total eram 32 figuras, a que se juntava o agrupamento musical Troup Jazz “Os Fixes” de Nisa.
A parte técnica estava a cargo de Júlio da Cruz Filipe (Ponto), António Pires bento (Contra Regra), António José Pereira (Caracterizador), sendo o Guarda-Roupa e Cabeleireiras da firma Ferreira & Franco de Lisboa.
Os preços iam dos 9 escudos (camarotes) aos 12 escudos (cadeiras de Orquestra), 8 escudos (Superior), 5 escudos (Balcão) e 4 escudos e cinquenta centavos (Geral).
Resta referir que as representações desta peça de Teatro tiveram casa cheia e foram rodeadas de grande entusiasmo.
Mário Mendes

OPINIÃO: Honrar a República avivando a sua memória

 O Dr. António José de Almeida foi Presidente da República Portuguesa entre 1919 e 1923, o único que cumpriu, integralmente, o mandato.
O seu nome figura na toponímia de Nisa desde os finais dos anos 20 do século passado. Melhor dizendo: figurou. O largo com o seu nome, entre a Porta da Vila e o início da Rua Direita há muito que deixou de ostentar as duas placas toponímicas esmaltadas, de fundo azul, igual à da “vizinha” Rua Dr. Francisco Miguéns.
Os executivos da freguesia de Nossa Senhora da Graça, do PS e da CDU há mais de dez anos que vêm sendo alertados para esta vergonhosa omissão. Sem resultado. O dinheiro que receberam deu para festas e bolos com que se enganam os tolos, mas nunca chegou para uma obra irrisória e elementar: a colocação que se impõe das duas placas toponímicas em falta. Nem o Centenário da República, que se comemorou durante este ano, foi suficiente para dar “ânimo” aos eleitos da Junta para, finalmente, fazerem o que se impunha e lhes compete. Eu sei que há crise e duas placas toponímicas devem custar uma fortuna, mas, se para tanto for necessário, não me importo de abrir neste blog uma subscrição pública.
Vá lá, eleitos da Junta, juntem as vossas “senhas de presença” de uma reunião e reponham, aí mesmo ao vosso lado, o nome do Dr. António José de Almeida, quanto mais não seja, para que os nisenses saibam que nesta terra se respeita a memória dos obreiros da Pátria.
É o mínimo que, como bons republicanos, podem (e devem) fazer!
Mário Mendes
ANTÓNIO JOSÉ DE ALMEIDA: Médico, Republicano, Presidente da República
António José de Almeida, nasceu em Vale da Vinha, Penacova, 17 de Julho de 1866 e faleceu em Lisboa, em 31 de Outubro de 1929. Foi um político republicano português, sexto presidente da República Portuguesa de 5 de Outubro de 1919 a 5 de Outubro de 1923. Casou com D. Maria Joana Queiroga, de quem teve uma filha.
Biografia
Um dos mais populares dirigentes do Partido Republicano, desde muito novo manifestou ideias republicanas.
Era ainda aluno de Medicina em Coimbra quando publicou no jornal académico Ultimatum um artigo que ficou famoso, intitulado Bragança, o último, que foi considerado insultuoso para o rei D. Carlos. Defendido por Manuel de Arriaga, acabou condenado a três meses de prisão.
Depois de terminar o curso, em 1895, foi para Angola e posteriormente estabeleceu-se em São Tomé e Príncipe, onde exerceu medicina até 1903. Regressando a Lisboa nesse ano, foi para França onde estagiou em várias clínicas, regressando no ano seguinte. Montou consultório, primeiro na Rua do Ouro, depois no Largo de Camões, entrando então na política activa.
Foi candidato do Partido Republicano em 1905 e 1906, sendo eleito deputado nas segundas eleições realizadas neste ano, em Agosto. Em 1906, em plena Câmara dos Deputados, equilibrando-se em cima duma das carteiras, pede aos soldados, chamados a expulsar os deputados republicanos do Parlamento, a proclamação imediata da república. No ano seguinte adere à Maçonaria.
Os seus discursos inflamados fizeram dele um orador muito popular nos comícios republicanos. Foi preso por ocasião da tentativa revolucionária de Janeiro de 1908, dias antes do assassinato do rei D. Carlos e do príncipe Luís Filipe. Posto em liberdade, continuou a sua acção demolidora pela palavra e pela pena, sobretudo enquanto director do jornal Alma Nacional.
Ministro do Interior do Governo Provisório, foi depois várias vezes ministro e deputado, tendo fundado em Fevereiro de 1912 o partido Evolucionista, que dirigirá, partido republicano moderado organizado em torno do diário República, que tinha criado em Janeiro de 1911, e que também dirigia, opondo-se ao Partido Democrático de Afonso Costa, mas com o qual porém se aliou no governo da União Sagrada, em Março de 1916, ministério de que foi presidente.
Em 6 de Agosto de 1919 foi eleito presidente da República e exerceu o cargo até 5 de Outubro de 1923, sendo o único presidente que até 1926 ocupou o cargo até ao fim do mandato. Nestas funções foi ao Brasil em visita oficial, para participar no centenário da independência da antiga colónia portuguesa. A sua eloquência e a afabilidade do seu trato fizeram daquela visita um êxito notável.
Durante o seu mandato deu-se o levantamento radical que desembocou na Noite sangrenta de 19 de Outubro de 1921, em que foram assassinados, por opositores republicanos, o chefe do governo da altura, António Granjo, assim como Machado Santos e Carlos da Maia. Nomeou 16 governos durante o seu mandato.
Os seus amigos e admiradores levantaram-lhe uma estátua em Lisboa, de autoria do escultor Leopoldo de Almeida e do arquitecto Pardal Monteiro, e coligiram os seus principais artigos e discursos em três volumes, intitulados Quarenta anos de vida literária e política, obra publicada em 1934.
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