29.2.12

NISA: Memória do Cine Teatro - Fevereiro de 1935

Em Fevereiro de 1935, a Empresa do Cine Teatro Nisense Lda promoveu três exibições de filmes que foram presenciados por 724 espectadores. Na linha de acção a que presidiu a criação do Cine Teatro de Nisa, a empresa  cedeu as suas instalações para uma Récita a favor da Sociedade Artística Nisense, colectividade, na altura, com cinco anos de existência. À récita assistiram 403 espectadores e da receita total, acima mencionada, coube à empresa do CTN a importância de 274$60.
A nível cinematográfico, realce para a exibição do filme "A Imperatriz e Eu" com actores consagrados e que marcaram a primeira metade do século XX, como Lilian Harvey, Charles Boyer e Pierre Brasseur.
Pierre Brasseur, bem conhecido dos cinéfilos portugueses e europeus, era um actor francês nascido a 22 de Dezembro de 1905, em Paris, e falecido em 16 de Agosto de 1972, em Brunico, na Itália. O seu nome verdadeiro era Pierre-Albert Espinasse. Na primeira fase da sua carreira distinguiu-se em interpretações de jovens sedutores e cínicos, como em Le Sexe Faible (1933). Identificou-se totalmente com Frédérick Lemaître no filme Les Enfants du Paradis (1944), no qual revelou o seu talento. Dentro desse estilo, representou em várias peças de teatro, como Le Partage de Midi (1948), Le Bossu (1949), Le Diable et le Bon Dieu (1951), Kean (1953) e Le Retour (1966). No cinema, participou em numerosos filmes, como Quai des Brumes (1938), Lumière d'Été (1943), Les Portes de la Nuit (1946), Les Amants de Vérone (1948), Porte des Lilas (1957), La Tête Contre les Murs (1958), Le Grain de Sable (O Triângulo Circular, 1964), La Vie de Château (1965), Le Roi de Coeur (1966), Goto, L'île d'Amour (1968) e La Plus Belle Soirée de Ma Vie (1972). É pai do ator Claude Brasseur.

23.2.12

ZECA AFONSO: A Memória da Música Popular

Em 1987, José Afonso deixou-nos, vítima de doença incurável. Além de ser, juntamente com Adriano Correia de Oliveira, um dos mentores da canção de intervenção em Portugal e um baladeiro/compositor notável, soube conciliar a música popular portuguesa e os temas tradicionais com a palavra de protesto, Zeca trilhou, desde sempre, um percurso de coerência. Na recusa permanente do caminho mais fácil, da acomodação, no combate ao fascismo salazarento, na denúncia dos oportunistas, dos "vampiros" que destroçaram Abril, no canto da cidade sem muros nem ameias, do socialismo, da "utopia".
Injustiçado por estar contra a corrente, morreu pobre e abandonado pelas instituições. Mas não temos dúvidas, a voz de "Grândola" perdurará para lá de todos os chacais.
A infância
 José Manuel Cerqueira Afonso dos Santos nasceu a 2 de Agosto de 1929, em Aveiro, "na parte da cidade voltada para o realismo e para o mar".
Quando o pai, José Nepomuceno Afonso, foi colocado em Angola, em 1930, como delegado do Procurador da República, Zeca Afonso permaneceu em Aveiro por razões de saúde, confiado aos cuidados da tia Gigé e do tio Xico, um "republicano anticlerigal, anti-sidonista. Um homem impoluto". Tinha então um ano e meio e cresceu numa casa situada na Fonte das sete Bicas, rodeado da ternura fraterna das primas e dos tios.
De 1932 a 1937 José Afonso viveu com os pais e irmãos em Angola, deslumbrando-se com a imensidão africana. A relação física com a natureza causou-lhe uma profunda ligação ao continente africano que se refletirá pela sua vida fora. As trovoadas, os grandes rios atravessados em jangadas, a floresta esconderam-lhe a realidade colonial. Só anos mais tarde, ao exercer a docência em Moçambique, conhecerá a fotografia amarga da sociedade colonial moldada ao estilo do "apartheid" de Pretória
Em 1937 volta para Aveiro, onde é recebido por tias do lado materno, e no mesmo ano parte para Moçambique. Em Lourenço Marques reencontra-se com os pais e irmãos, com quem viverá pela última vez em conjunto até 1938.
Quando voltou para o continente, em 1938, José Afonso foi para casa do tio Filomeno, então presidente da Câmara, em Belmonte. No ano seguinte os pais já estavam em Timor, onde seriam cativos dos ocupantes japoneses durante três anos, até 1945. Foram três anos sem notícias dos pais.
Em Belmonte, Zeca Afonso completou a instrução primária e viveu o ambiente mais profundo do salazarismo, de que seu tio era fervoroso admirador. "Foi o ano mais desgraçdo da minha vida", confidenciou. Pró-franquista e pró-hitleriano, o tio de José Afonso levou-o a envergar a farda da Mocidade Portuguesa. Mas com a chegada a Coimbra em 1940, instalado em casa de uma tia devota, as suas pulsões mais íntimas sobrepuseram-se às influências familiares.
Coimbra e a lenda Coimbrã
José Afonso começa a cantar por volta do quinto ano do Liceu D. João III e a sua voz ecoa pela cidade velha. Os tradicionalistas reconheciam-no como um bicho que canta bem.
Em Coimbra passa pelas Repúblicas, onde conheceu a amizade e a farra académica. Seduzido pela cidade, tem os primeiros cantactos com clubes recreativos, joga futebol na Académica ("Entreguei-me completamente à mística da chamada Briosa") e acompanha a equipa um pouco por toda a parte.
Nas colectividades conhece "gajos populares", entre os quais Flávio Rodrigues, que admira como exímio tocador de guitarra, para si superior a Artur Paredes. Inicia-se em serenatas e canta em "festarolas de aldeia. Um sujeito qualquer queria convidar uns tantos estudantes de Coimbra, enchia-lhes a barriga e a malta cantava..."
Como estudante integrou várias comitivas do Orfeão Académico de Coimbra e da Tuna Académica da Universidade de Coimbra, nomeadamente em digressões pelo Continente e por Angola e Moçambique. O fado de Coimbra lírico e tradicional era superiormente interpretado por si. A praxe académica e a boémia encheu-lhe tardes e noites gloriosamente Coimbrãs.
É o tempo das boleias e da capa e batina ("Porque um tipo de capa e batina é rei das estradas"), que lhe permite os primeiros contactos com os meios sociais miseráveis do Porto, no Bairro do Barredo, fonte de inspiração para a sua balada "Menino do Bairro Negro".
José Afonso foi envolvido pela lenda coimbrã, com o encantamento das suas tradições, que simultaneamente o atraiam e causam repulsa.
O percurso do Cantor
Em 1958 José Afonso grava o seu primeiro disco "Baladas de Coimbra" enquanto acompanha o movimento em torno da candidatura presidencial de Humberto Delgado. Mais tarde grava "Os Vampiros" que, juntamente com "Trova do Vento que Passa", escrita por Manuel Alegre e cantada por Adriano Correia de Oliveira, constituem um marco fundamental da canção de intervenção e de resistência antifascista.
Em 1964 parte para Moçambique. Professor de liceu, desenvolve uma intensa actividade política contra o colonialismo, o que lhe traz problemas com a PIDE e com a administração colonial. Mais tarde regressa a Portugal onde é colocado como professor em Setúbal, mas posteriormente é expulso do ensino. Para sobreviver dá explicações e grava o seu primeiro LP, "Baladas e Canções".
Em 1967-70, Zeca protagoniza uma intervenção política e musical ímpar, convertendo-se num símbolo da resistência. Várias vezes detido pla PIDE, mantém contactos com a Luar, PCP e esquerda radical. Em 69 participa no 1º Encontro da "Chanson Portugaise de Combat" em Paris e empenha-se fortemente na eleição de deputados à Assembleia Nacional da CDE de Setúbal, gravando tambem o LP "Cantares do Andarilho", recebendo o prémio da Casa da Imprensa pelo melhor disco do ano, e o prémio da melhor interpretação. Alvo de sensura José Afonso passa a ser tratado nos jornais por Esoj Osnofa!
Com os arranjos de José Mário Branco, em 1971, edita "Cantigas do Maio", Neste álbum surge "Grândola Vila Morena" que se tornará um símbolo da revolução de Abril. Desde então Zeca participa em vários festivais. É publicado o livro "José Afonso", coordenado por Viale Moutinho. É lançado o LP "Eu vou ser como a toupeira". Em 1973 canta no III Congresso da Oposição Democrática e grava "Venham mais cinco".
Após a Revolução dos Cravos, participa em numerosos "cantos livres" e grava o LP "Coro dos Tribunais", onde conta com a colaboração de Fausto, Adriano Correia de Oliveira, Vitorino e José Niza, entre outros. Em 1975 canta em inúmeros espectáculos de dança e lança "Com as minhas tamanquinhas".
Em 1976 apoia Otelo Saraiva de Carvalho na candidatura à presidência da república. Em 1981 Actua no Theatre De La Ville de Paris, compõe a música de "Fernão Mendes" para a "Barraca" e grava "Enquanto há força" e "Fura fura".
Em 1985 José Afonso já se encontra doente. O Coliseu de Lisboa é o palco do seu último espectáculo. As homenagens multiplicam-se e é condecorado com a Ordem da Liberdade. Já muito enfermo, em 1985, apoia a candidaduta de Lourdes Pintassilgo à presidência da república. É editado o seu último disco, Galinhas do Mato.
A 23 de Fevereiro de 1987 morre no Hospital de Setúbal.
in "Alfarrabio"

António Maria Balbino… um campeão de Nisa!!!

Campeão Distrital de Meio-Fundo 2011 ACD Portalegre
Este nisense com columbofilia nas veias desde 1972 é um grande entusiasta do nosso desporto. Começou como estafeta, como muitos jovens nessa altura. Em Nisa, havia apenas um constatador e os columbófilos serviam-se dos estafetas para levar as anilhas de borracha até ao local onde se encontrava o relógio de controlo.  Era uma tarefa importante porque os estafetas menos velozes podiam perder um primeiro prémio para outro concorrente.
O seu primo João da Cruz pediu-lhe para desempenhar essa tarefa que aceitou de imediato. João da Cruz conseguia boas e bem evidentes classificações e António Balbino, entusiasmado, começou a pensar em formar uma colónia própria, o que fez com a ajuda dos columbófilos de Nisa, tendo sido muito útil a oferta de vários pombos.
Palmarés dos últimos dois anos
 Em 2010 António Balbino fez uma grande Campanha.
Para além de Campeão Distrital, na SC Nisense foi 1º em todas as especialidades e no Geral. Foi também 1º no Pombo Ás do Geral, 1º, 2º e 3º em Pombo Ás Meio-Fundo, 2º Pombo Ás em Fundo e Grande-Fundo.
 O melhor momento desse ano foi quando se sagrou Campeão Nacional na clássica prova de Barcelona.
Em 2011 foi Campeão Distrital de Meio-Fundo e na SC Nisense também foi Campeão de Velocidade e em Meio-Fundo.|
1º Pombo Ás do Geral, 2º Pombo Ás em Velocidade, 2º, 3º e 4º Pombo Ás em Meio-Fundo, para falarmos das classificações mais significativas.
in "Mundo Columbófilo"

DINIZ FRAGOSO: Barros de Nisa

O Alto Alentejo é um retalho de cor viva deste tapete multicolor de Portugal.
Nesta interessante faixa que se desdobra ao sol com as suas casas muito brancas e de grandes chaminés, só quem sofra de anestesia estética não encontra motivos de encanto para os olhos mais ávidos de notas coloridas.
O povo deste torrão alentejano além de trabalhar e com “apego à terra” peculiar em todo o alentejano, é de boa índole e não sei se alguma influência possa ter nele o predomínio da cor branca, reflectida por toda a parte, visto que o branco – como diz Mantegazza quando estuda a alma desta cor – não excita os sentidos, não exalta como o vermelho, não nos repousa como o verde, nem nos eleva como o azul...
Neste retalho de Portugal que tem lá ao longe como sentinela vigilante a fortaleza de Marvão, tiveram os Templários, em tempos que já vão longe, um papel importante, principalmente acentuado no distrito de Portalegre.
Não se limitou a acção dos Templários apenas á conquista e defesa dos pontos mais investidos pelos mouros: dela vieram também bastantes benefícios para a lavoura local e pequenas indústrias derivadas, que embora confusas a princípio e sem valor próprio, se nos apresentam hoje em dia com algo de aproveitar.
Assim, a cultura do linho que nesta região foi extensa, originou a indústria de tecelagem em alguns pontos do distrito de Portalegre, dando em Nisa uma especialização – os alinhavados – lavor característico, inconfundível.
Aponto aqui uma outra pequena indústria alentejana que é no entanto uma das mais interessantes e com maior sabor regionalista – a olaria.
A indústria dos oleiros, além de ser uma das mais antigas do Alto Alentejo, é aquela onde a gente do povo manifesta a sua sensibilidade artística, imprimindo aos barros uma originalidade que é de apreciar.
Quem não conhece os barros de Flor da Rosa, Amieira, Estremoz e Nisa? Quantos pintores de arte não se têm prendido com a nota colorida e tão alentejana que dão os barros quando espalhados pelo chão nos mercados e feiras, expostos ao sol do Alentejo?
Pelo lado artístico – entre os oleiros do Alto Alentejo – são os de Nisa os que mais cativam, pela graça com que trabalham o barro, dando-lhe não só uma linha de modelação muito sua e elegante, mas enriquecendo ainda essa modelação com incrustações de pequeninas pedras brancas, formando diversos volumes e flores, que fazem das cantarinhas, alegres e decorativas peças para o lar mais exigente.
Na ornamentação destas cantarinhas, única no género, observa-se sobretudo uma facilidade enorme de trabalho e qualidades belíssimas de assimilação desse género de trabalho, sabendo-se que são geralmente as crianças e mulheres do povo, sem conhecimento algum do desenho, que fazem essas incrustações ornamentais no barro. É curioso ver a rapidez com que estes artistas ignorados do povo riscam no barro ainda mole, as graciosas curvas e ingénuas flores que depois geralmente as raparigas contornam com pedrinhas brancas.
No entanto, esses desenhos, devemos confessá-lo, não têm concepção alguma regional e nem o encanto da ingenuidade possuem, visto que são desenhos tirados aqui e além, alterados cada vez mais em cada reprodução feita. Em todo o trabalho de decoração a base é sempre a mesma – a ideia ornamental. Neste caso da nossa olaria alentejana e, mais particularmente ainda, da olaria nisense, os melhores elementos decorativos, a meu ver, devem procurar-se na própria Natureza.
Sob este ponto de vista não faltam no Alto Alentejo valores decorativos a extrair da própria flora, por si mesma abundante de motivos ornamentais – a espiga do trigo, a folha do carvalho, o ouriço do castanheiro, a bolota, etc – elementos esses susceptíveis de darem lindas estilizações do mais rico efeito de composição. É interessante ver como a silhueta da cantarinha tem a sua semelhança com a linha de contorno da rapariga da região, vestindo as saias rodadas.
Li já impressão idêntica com referência à cantarinha de Coimbra, muito semelhante, também, na linha de contorno, com a silhueta estilizada da tricana.
Decerto, influência de uma imagem que está gravada nos olhos do oleiro, cujas mãos, modelando o barro, reproduzem nele, em estilização, uma figura que lhe baila nos sentidos...
Dinis Fragoso in “Revista Alentejana” nº 242 – Junho de 1957

19.2.12

IN MEMORIAN - Morreu o Joaquim Fouto

Com lágrimas, morreu o Joaquim Fouto, o nosso Gianni Morandi, e de repente o dia fica mais triste, mas tudo serena com a beleza das canções que não esqueceste, e agora podes cantar ainda de forma mais livre em espaço espiritual em que só flui o bem que tão bem representaste ...
Ave Maria! vergin del ciel
Sovrana di grazie e madre pia
Che accogli ognor la fervente preghiera,
Non negar a questo straziato mio cuor
Tregua al suo dolor!
Sperduta l'alma mia ricorre a te
E pien di speme si prosta ai tuoi piè,
T'invoca e attende che tu le dia
La pace che solo tu puoi donar
Ave Maria!
Gianni Morandi
Abro as notícias de Nisa e vejo o facto da tua partida introduzido pelo comentário sensibilizado do Mário, enquadrando no seu modo singular de dizer com carinho àcerca da sua gente, dos seus afectos.
Joaquim, como eram inolvidáveis as viagens do tempo de serviço militar, naturalmente mais divertidas com a exuberâncias dos páras que rumavam a Tancos.!
A tua alegria todos contagiava, acrescentada pelo grupo de Alpalhão, a quem sobrava a alegria da juventude (nunca chegámos a ir ao petisco do ouriço cacheiro, regado com piadas de toda a ordem... e isso não prende a urina?... ainda ficamos sem ...,) e perante o sorriso das caras bonitas que habitualmente também viajavam, e lembro-me de alguém que estimo muito ter viajado uma vez conosco ter gostado... rido até às lágrimas contigo.
“ Eu sou o Gianni Morandi..”, e eras ... na graça, na beleza da tua expressão convivencial.
Também o primo Tito no seu modo escondido, reservado de ser te adorava no teu jeito alegre de ser.
Há muito que te não via, meu estimado vizinho de rua das nossas infâncias já distantes (ou talvez não).
Vejo-te agora depois de algum tempo de recolhimento e oração na tua bonita pessoa a serenar-me, explicando-me que o caminho prossegue e pode ser, está a ser renovado e feliz e há condições para continuar a festejar nesse outro plano, com canções musicais de uma beleza arrebatadora, uma espécie de encantamento..
E que há mãos que se estendem para ti a aplaudir-te, a acolher-te na veste que tiveste de espírito de paz.
É que a tua figura induz essas ondas de fraternidade, bem querer, alegria.
E na estrada onde caminhas cantam os seres que te acolheram contigo em coro um "Non son degno di te
Non son degno di te,
non ti merito più,
ma al mondo no, non esiste nessuno
che non ha sbagliato una volta!
E va bene così
me ne vado da te,
ma quando la sera tu resterai sola
ricorda qualcuno che amava te.
Sui monti di pietra può nascere un fiore...
in me questa sera è nato l'amore per te!
E va bene così
me ne vado da te,
ma al mondo no, non esiste nessuno
che non ha sbagliato una volta, amor!
Sui monti di pietra può nascere un fiore...
in me questa sera è nato l'amore per te!
Non son degno di te,
non ti merito più,
ma quando la sera tu resterai sola
ricorda qualcuno che amava te.
Amore, amor!
Amore, amor!
E prossegues a caminhada com presenças que julgavas perdidas .
Com amizade,
João Castanho

17.2.12

Opinião: GATO ESCONDIDO...

No mês de Janeiro deparámo-nos com acontecimentos que:
1- acarretam sérios riscos para o ambiente e a sustentabilidade económica nacional, que
2-poderiam alterar a política de desenvolvimento energético nacional, baseada nas nossas capacidades e potencialidades e entravar o sólido desenvolvimento de energias renováveis no nosso país e também nesta região, onde estes aproveitamentos tem melhorado a qualidade de vida e criado bem estar social.
Um Manifesto sobre Energia Nuclear foi divulgado pelo lobby da mesma, pelo lobby e pelosos promotores/commissionistas dessa forma de energia, desta vez com alguns afastamentos significativos em relação a anteriores com a mesma origem, agora que se assume com toda a clareza como ponta de lança dessa, mas também com entradas de referência, como o ex-ministro Veiga Simão, que alterou despudoradamente os resultados técnicos dos Planos Energéticos, nos anos 80, em que participei  (recordo dele afirmar Portugal ou tem 6, seis centrais nucleares em 2000 ou estará às escuras, isto em 1985), pois Veiga Simão nunca o esquecerei na última reunião do Grupo Consultivo, com o Plano Energético alterado por si,,, em favor da nuclear.
Este Manifesto não teria história e o seu destino será certamente motivo para estudos sócio-psicologicos sobre a grandeza e  misérias, sobretudo misérias de alguns dos seus signatários.
Este documento desenvolve uma técnica conhecida, parecida à usada pelo regime colonial para cativar as populações africanas,os chamados Planos de Acção Psicológica.
Manipulações diversas, escamoteamento de dados, por exemplo, e engodo, muito engodo:
1-Manipulação:
a) continuam a confundir, ou deitar para o ar, os custos da energia eléctrica com os custos globais do sector energético
2- Escamoteamento  de dados:
b) não há uma linha sobre  a redução dos custos do CO2 que as renováveis propiciam, nem sobre os ganhos para o país de tal, não recordo uma linha sobre as obrigações de Portugal no quadro das convenções sobre o clima
c) não há qualquer referência à criação de emprego local e as exportações geradas pelo sector renovável, exportações de produto, tecnologia, e cérebros (neste momento inúmeros quadros e técnicos portugueses desta area seguiram o conselho do 1º ministro!)
d) não referem  o desenvolvimento local e a qualidade de vida que é mantida ou gerada, aliás julgo que a palavra ambiente aparece uma ou dos vezes, e sempre  a despropósito
e) Não tem em conta, ou não fazem ideia ou projecção da evolução dos custos das fósseis ou tem a minima em relação aos custos de desmatelamento ou armazenamento dos resíduos nucleares
Mas claro que esta manipulação e escamoteamento tem como objectivo iludir as populações afirmando peremtóriamente, veja-se lá bem: 
(Aí vem o engodo)
São esses tais turras (lembrem-se da guerra psicológica) que,  agora são as renováveis, que conduzem ao aumento dos custos que pagamos pela electricidade, e nos querem conduzir à miséria.
Os vossos amigos são pois os vossos inimigos, e nós (eles) só queremos uma ou duas termo-nucleares para então abolirmos os contadores de electricidade (é verdade este era um argumento da nuclear nos seus 1ºs anos,,, mas depois, bom depois ,,, não há quem a pague,,, aliás este Manifesto já está,,, a esmolar-se ao Estado, aos nossos impostos!!!)
Neste documento a favor da nuclear e sobretudo conta as renováveis não há uma análise global nem se  articulam as diversas componentes da política energética, num quadro social e de protecção ambiental e de sustentabilidade da economia.
Mas os autores deste Manifesto fazem lembrar a formulação que se lhe aplica inteiramente,
O que tem de novo não é original, e o que parece original não é novo, e está marcado na história em 1979 em Three Mile Island, em 1986 em Chernobyl, em 2011 em Fukushima, isto para não referir as muitas centenas de acidentes que por boa sorte não tiveram nome aqui referido e os muitos milhares, milhões de mortos devido a uma tecnologia que apresenta riscos, riscos mortais em todo o seu ciclo.
Em Portugal o ano passado mais alguns ex-trabalhadores das minas de urânio morreram devido a doenças destas derrivadas.
Continuaremos atentos, nunca se sabe, embora o objectivo agora seja a zona de Vila Velha de Ródão, se em Ferrel não nos termos que voltar a enterrar na areia.
António Eloy

16.2.12

IN MEMORIAN - O Fouto morreu!

Morreu o "Fouto"! Morreu umas das figuras mais populares de Nisa, mormente das décadas de 60 e 70 do século passado. Joaquim Maria Dinis Semedo, o Fouto, enfrentou com coragem e determinação, por vezes, com um sorriso e aquele seu jeito particular que a todos animava, uma doença que se manifestara de forma letal. Faleceu no passado dia 13, a poucos dias de completar 64 anos. Um jovem, ainda, o "Fouto" que se despediu cedo da vida e do mundo, um mundo que ele ajudou a tornar melhor, com o arte de cantar e de encantar plateias, em inúmeros espectáculos de benemerência, a favor de instituições de solidariedade, de colectividades ou de pessoas individuais. Respondia, positivamente, a quem o convidava, para, com o seu estilo impagável e malabarista de usar o microfone, dar cor e animação às sessões em que participava.
Uma imensa multidão despediu-se com tristeza e acompanhou o "Fouto", o "Dinis Dias" ou o "Dinis Semedo" à sua derradeira morada, tributando-lhe uma sentida e justa homenagem.
À Silvéria, à Vanda, ao Luís e a todos os familiares e amigos, apresentamos sentidos pêsames e recordamos, aqui, como testemunho para a memória futura, a crónica de António Conicha, publicada em Setembro de 2008.
Dinis Semedo: O regresso do “guerreiro”
Joaquim Maria Dinis Semedo, 60 anos, dito o “Fouto”, que lutou contra uma grave doença, vem por este meio informar que se encontra em boa forma e de saúde, afirmando que está à disposição para actuar em espectáculos, desde que seja convidado. E, porque não, na Nisartes 09?
Ele contou-nos que já foi contactado para actuar no Natal dos Hospitais em Portalegre e pela Liga dos Amigos do Centro de Saúde de Nisa, por isso devemos apoiar o Dinis Dias (nome artístico), que participou de igual modo no Festival da Canção de Nisa, nas décadas de 60 e 70, em conjunto com outro nisense, este que frequentou o Centro de Preparação de Artistas, em Lisboa, então liderado pelo empresário artístico e locutor, Marques Vidal.
O seu apelido Fouto, vem de outra actividade que requeria coragem e determinação, a de pegar touros nas “corridas à vara larga”.
Quando lhe falam de touradas, o Fouto sente-se orgulhoso, não esquecendo de contar algumas peripécias em que se viu envolvido, como aquela vez em que foi parar às bancadas, com a “cornada” de uma bezerra.
Lembra também, com um misto de saudade e orgulho, as actuações no Cine Teatro de Nisa, em que canções como a “Tirana”, “Vamos ao Minho” ou “Amor de Verão” fizeram vibrar a plateia.
Joaquim Dinis Semedo foi também um emigrante e em França actuou em favor de várias associações, algumas das quais em Paris.
Aqui deixamos esta nota, para que as comissões de festas possam contactar este artista da nossa terra.
António Conixa - in "Jornal de Nisa" - nº 263 - 1ªsérie - 24/9/08

IN MEMORIAN - Faleceu o ti Emílio Aurélio

Com 91 anos, faleceu no passado domingo, dia 12, o senhor Emílio Curado Brito Carrilho, o ti Emílio Aurélio, como era, popularmente, conhecido. Homem de muitas actividades profissionais, foi no desporto amador que ganhou maior projecção, ficando famosas as suas participações em corridas de ciclismo, modalidade em que era considerado um verdadeiro "ás do pedal".
Nos últimos anos, reformado, era um assíduo frequentador da Biblioteca Municipal, onde se entretinha na leitura e procurava saber as "últimas" do país e do mundo.
À família, apresentamos sentidas condolências e, em jeito de homenagem, recordamos, aqui, o texto que escrevemos e publicámos na edição nº 227 do Jornal de Nisa - 1ª série - 14 de Março de 2007 com o título:
EMÍLIO “AURÉLIO“ - Memórias de um “ás de pedal” e do que mais adiante verá
Esta é uma história de vida, contada na primeira pessoa. Fala do ciclismo, dos produtos tradicionais de Nisa e das voltas que a vida dá, seja sentado numa bicicleta, ao volante de uma camioneta, a desmanchar porcos ou a vender copos de vinho. De toda esta variedade é constituído o percurso de vida de Emílio Curado Brito Carrilho, nascido em Nisa, em 1921. Ora, escutem-no.
“Abalei para França em 1929, com os meus pais e dois irmãos, tinha 8 anos. Fomos para Tours, onde o meu pai era encarregado de um senhor chamado Jérome.
Andei à escola em Tours, mas por pouco tempo. Os francos faziam falta em casa para ajudar a família, eu já era bem constituído e comecei a trabalhar na construção civil. Estive em França até ao início da 2ª Guerra Mundial.
Em França, a minha mãe tinha uma cantina portuguesa, onde comiam os emigrantes portugueses e espanhóis. Fazia a comida e nós tínhamos uma criada. Quando rebentou a guerra, os alemães estavam para invadir a França e nós viemo-nos embora para Portugal. Chegámos a Nisa em plena guerra e começámos a trabalhar em obras e negociante de gados. Eu trabalhava como assalariado, a oferta de trabalho era pouca e tínhamos que agarrar ao que aparecia.
Andei por aqui até ir para a tropa. Fui para o Regimento de Engenharia, no Campo Grande, andei lá 15 meses e quando vim da tropa casei-me.
Andei a trabalhar uma temporada no campo e vim morar para a Devesa, aqui para esta casa que aluguei por 5 anos ao senhor José de Moura e depois quando o contrato terminou acabei por comprar a casa. É onde tenho morado toda a vida.
A vida do campo dava pouco e eu pensei em tirar as cartas profissionais de motorista e fui para Lisboa uma temporada. Nesse tempo só se viam burros e carroças nas ruas, não havia transportes como há hoje. Tirei as cartas e fui trabalhar para a firma Rodrigues & Irmão em Vila Velha de Ródão, para o lugar de um motorista que tinha tido um acidente.
O que eu fazia? Andava a apanhar bidões de azeite desde o Fratel e Vilas Ruivas, por caminhos manhosos. Ganhava um conto e quinhentos, por mês, naquele tempo.
Trabalhei depois como motorista para o senhor Mourato, um empreiteiro que tinha obras nas Câmaras de Nisa, Ponte de Sor e Arronches, mas tive que procurar outro patrão, pois ele disse-me que não pagava o abono de família a mim nem a nenhum funcionário. Ainda trabalhei também para a Camionagem Central, em Nisa, que fazia o transporte de mercadorias para a estação de Vale do Peso, mas aconteceu o mesmo, não queriam pagar o abono de família e como tinha duas filhas, vim-me embora.
Nesta altura, já tinha uma camioneta, um estabelecimento de taberna e uma salsicharia. Éramos três, os negociantes de gado suíno em Nisa. Eu, o Norberto e o Tigelinhas. Íamos muitas vezes a Castelo Branco comparar porcos e toda a gente nos conhecia como pessoas sérias.
Tínhamos uma grande clientela. Matávamos 5 ou 6 porcos por semana e tudo se vendia. Estavam connosco a trabalhar todo o ano quatro mulheres a encher carne. A qualidade dos nossos enchidos era muito boa porque eram fabricados como deve ser, bem adubados e curados na chaminé.
Todas as semanas ia a Lisboa, ao mercado 24 de Julho. Levava enchidos de Nisa e trazia hortaliças para vender no concelho, de terra em terra.
Há 10 ou 12 anos que deixámos a actividade. As filhas estavam orientadas e a velhice já não permitia o trabalho como noutros tempos.”
O “ás do pedal”
Deixámos falar, sem interrupções, o ti Emílio Aurélio. O “Aurélio”, que em Nisa se diz Árel, não faz parte do seu nome, é alcunha que lhe sobreveio do pai e do avô. O seu pai, é bom que se diga, foi um dos primeiros nisenses a emigrar para França, no início da década de vinte, do século passado.
De França, trouxe o ti Emílio, uma bicicleta. Muito jovem e com apreciável compleição física desde logo deu nas vistas. Pela bicicleta, o “último modelo francês”, mas também pelas vitórias que ia conquistando nas provas que se organizavam no distrito. Deixemos que faça mais uma viagem a essa época.
“Quando vim de França e comecei a entrar nas corridas, era um dos melhores do Alentejo. Ganhava os primeiros prémios aqui e em todas as terras aqui à volta, sendo considerado o campeão do Alentejo. Os meus treinos era ir daqui a Castelo Branco e voltar. A estrada tinha um piso muito duro e era estreita, mas era o que havia.
Fui seleccionado para a Corrida dos Campeões, representando o distrito de Portalegre e fomos correr a Lisboa. Estavam ali os representantes de todos os distritos e a corrida foi no Campo Grande. Eram 18 voltas num circuito de 3 quilómetros. Eu seguia já destacado na 4ª volta, quase com uma volta de avanço, quando um cavalo da GNR fez marcha-atrás e atirou-me ao chão.
Foi uma grande desilusão, mas eu continuei. Um rapaz que tinha desistido emprestou-me a bicicleta dele e completei a corrida chegando ao mesmo tempo do pelotão. Corri durante cinco anos, mas depois deste acidente, já não quis continuar. As taças e troféus que ganhei estão no Nisa e Benfica.”
A finalizar a nossa conversa e do alto dos seus 85 anos, Emílio Carrilho, não hesita em alertar para a situação de Nisa e da perda de serviços que tem acontecido.
“Hoje, liga-se pouco ao ciclismo, só automóveis. Em Nisa havia algumas fábricas, pequenas, mas que davam trabalho, como a do senhor Ribeirinho. Fecharam-se os lagares, matadouros, está tudo fechado. Coisas que davam de comer a muita gente. A Santa Casa só cá está porque não a podem levar ás costas. Se não...”.
Mário Mendes

14.2.12

CONCELHO DE NISA: 2012 é ano de comemoração da concessão de Forais

Quatro povoações do concelho de Nisa, assinalam durante o ano, 500 Anos da Concessão de Foral. Nisa, Alpalhão, Montalvão e Amieira do Tejo, que constituíram antigos concelhos comemoram a concessão do 2º foral, ou Foral Novo, atribuídos pelo rei D. Manuel I.
Do mesmo modo, a povoação de Tolosa, assinala os 750 anos da atribuição do 1º Foral, datado de 1262.
Carta de Foral
Desde o inicio da nossa nacionalidade que se sentiu a necessidade de criar e adequar um conjunto de leis que visassem a protecção da população, a normalização das várias actividades, a moralização dos costumes e actualizar o plano fiscal.
A carta de foral adquire uma dimensão prática depois da sociedade mais estabelecida. No fundo estes documentos eram a base do estabelecimento de um Município, e por conseguinte um evento muito importante na história de qualquer vila ou cidade.
A Carta de Foral serviu desde o século XII como um elemento importante nas relações entre a população os municipais e o Rei. Era no fundo o regulador desta relação, imprescindível numa altura em que os grandes senhores ainda dominavam grandes territórios em desfavor da Coroa.
No entanto, passados alguns séculos estes documentos já não respondiam às necessidades da população, por estarem escritos, na sua maioria num latim bárbaro, já pouco perceptível, o que originava más interpretações dos oficiais municipais muitas vezes em desfavor do povo e por estarem em muito mau estado de conservação.
Assim, o Rei Manuel I deu ordem em 1497, para que fossem recolhidos todos os velhos forais do reino, com o objectivo de os refazer e actualizar. Para essa tarefa foi escolhido o seu cavaleiro de confiança Fernão Pina, mas não foi finalizada por este, nem pelo monarca, uma vez que este levantamento prolongou-se até 1520.
O Novo Foral ou Foral Manuelino, tinha como objectivo de uma forma muito sucinta, demarcar os limites territoriais estabelecendo as relações económicas e sociais entre as entidades outorgadas e as outorgantes, definindo os tributos a pagar pelos primeiros e tinha acima de tudo um carácter fiscal.
Eram descriminados os lugares no conselho, eram descriminadas as dívidas á coroa que eram pagas em géneros alimentícios ou dinheiros reais.
Estes Forais foram reunidos no chamado Livro dos Forais Novos, ou Leitura Nova, por estar escrita no chamado gótico librário.
A par destas comemorações, a freguesia de Tolosa irá também celebrar a entrega do 1º Foral á vila, datado de 1262 e entregue pelo Prior do Crato. Este foral seguiu o modelo do de Évora de 1166.
Fonte: CMNisa

ZECA - 25 ANOS DEPOIS

No próximo dia 23, pelas 21,00 horas, a Associação José Afonso, com organização do seu núcleo de Lisboa, levará a efeito o espectáculo ZECA, 25 ANOS DEPOIS. O evento decorrerá na Academia de Santo Amaro (R. da Academia Recreativa de Stº Amaro, 9 / Lisboa) e contará com diversos nomes do panorama musical, encontrando-se a apresentação a cargo do encenador Helder Costa. Para informações ligue 265 185 580 ou envie um e-mail para ajalisboa.nucleo@gmail.com. As reservas poderão ser feitas directamente na ASA através do telefone 213636637 ou para o seguinte endereço electrónico: academiadesantoamaro@hotmail.com .

10.2.12

A triste solidão dos idosos

DISTRITO COM TRÊS CONCELHOS REFERENCIADOS
Três municípios dos Distrito de Portalegre figuram na lista dos 15 concelhos com maior percentagem de idosos a viverem sós.
O distrito de Castelo Branco lidera com quatro concelhos (Penamacor, Idanha-a-Nova, Vila Velha de Ródão e Oleiros) segundo dados do Instituto Nacional de Estatística, numa lista que integra os concelhos norte-alentejanos de Gavião, Nisa e Sousel, referindo os que têm a maior percentagem de alojamentos familiares habitados por uma pessoa idosa (com 65 ou mais anos) a viver sozinha.
Gavião é o sétimo município do país com mais idosos a viver sem companhia. No conjunto das 1736 casas habitadas, 21,4 por cento (371 habitações) são habitadas apenas por uma pessoa com mais de 65 anos.
Nisa, em décimo primeiro lugar, tem mais casas habitadas (3210) das quais 20,6 por cento, ou seja, 662, são ocupadas por um só idoso.
Os resultados dos Censos indicam também que o número de idosos a viver sozinhos aumentou 29 por cento em Portugal nos últimos dez anos, uma subida idêntica (28 por cento) à que se registou nos idosos que vivem exclusivamente com outros. O INE indica também que dez por cento dos alojamentos familiares são habitados por uma só pessoa idosa.
Os 15 municípios mais populosos do país apresentam, na generalidade, percentagens mais baixas de alojamentos familiares habitados por uma pessoa idosa a viver só.
O peso relativo destes alojamentos varia entre 14,9 por cento em Lisboa, 13,2 por cento no Porto e 5,6 por cento em Braga e em Guimarães.
- Célia Domingues in “Jornal do Fundão” – 9/2/2012 (adaptado)

8.2.12

20 de Janeiro de 1935 – O cinema sonoro em Nisa

Inaugurado a 9 de Outubro de 1931 – 80 anos – o Cine Teatro de Nisa teve a 20 de Janeiro de 1935 a estreia do cinema sonoro através do sistema Klangfilms.
O filme alemão “Príncipe da Arcádia”, estreado em Portugal a 31 de Outubro de 1932 teve a “honra” de ser escolhido para a primeira apresentação sonora, em Nisa, numa sessão com casa cheia, nada menos do que 646 espectadores, cerca de metade dos quais (319) pertenciam às chamadas “classes populares” e que esgotaram os bilhetes mais em conta, a 2 escudos.
O actor alemão Willi Forst
“Príncipe da Arcádia”, drama, teve como director Karl Hartl e nos principais papéis Willi Forst, Liane Haid e Hedwig Bleibtreu.
A obra deu origem a uma comédia musical estreada em Londres no ano de1933.
Refira-se, não como comédia musical, mas como realidade, o facto de, desde Dezembro de 2010, o Cine Teatro de Nisa não proporcionar a exibição regular de filmes.

2.2.12

ESCRITORES DO CONCELHO (8) - Exaltação do Infante

(Renúncia do Mar)
Noite.
Noite entre mar e céu…
*********
Escuridão.
Naus e tormenta…
Ventos batidos,
Perdidos,
No som cavo da morte que acorrenta
As almas vis
E boas
No irremediável forte do destino…
*******
Tarde de Ceuta!!...
Ao longe,
Em plaga escura,
Soam gemidos
De vencidos,
Gritos
Cortados de amargura
E dor…
Há luto,
Lágrimas, Cansaço,
Escravidão,
Morte… morte!...
*******
A nau voga.
Regressa.
*******
Uiva em seu redor o vento,
Bate-a o colosso,
O mar
Que se revolve
Enfurecido e enorme…
E quer traga-la,
Comê-la,
Tê-la,
Para si,
Como alimento
Ao seu egoísmo louco
De omnipotência…
******
Mas a nau voga,
Continua correndo sobre as águas,
Desejando depressa regressar…
******
E, vinda de ela, se ouve uma voz
Clamar:
- Acalma-te, ó mar.
Era a voz dum jovem cavaleiro
De olhar firme
E tez morena-escura,
Do rei de Avis, o filho terceiro…
******
Uma vaga bramindo de iracunda
Lhe responde
- Quem és, incógnito e louco aventureiro?..
- Quem és tu, ó doido ser que assim me falas?..
******
E o moço lhe diz
Brandamente,
Abrindo os braços
Para a abraçar:
- Sou o teu senhor e amo!...
Tu és meu, ó mar…
És meu escravo,
Meu irmão,
E também meu Mestre…
Acalma-te…
Vem contar-me o teu desconhecido…
******
Ao timbre desta voz o mar se estremeceu
E se amainou.
Como o da criança, convencida.
O seu falar soou:
- Pois sim, contar-to-ei… Mas só a ti.
Carlos Franco Figueiredo
(Poema publicado na Revista Alentejana - 285 - Jan. 1961)