31.10.12

NISA: Tarifas de água e saneamento sem alteração em 2013

NOTA DE IMPRENSA DA CMNISA
" Presidente da Câmara de Nisa propõe:TARIFAS DE ÁGUA, ESGOTOS E LIXO SEM ALTERAÇÃO EM 2013
A Presidente da Câmara Municipal de Nisa apresentou uma proposta, a submeter à apreciação da Assembleia Municipal, no sentido da manutenção no próximo ano da Tabela de Taxas e Licenças do Município sem o aumento da taxa de inflação e da manutenção das Tarifas de Águas de Abastecimento, Águas Residuais e Resíduos Sólidos.
A proposta tem em consideração que a CMN não está em situação de desequilíbrio financeiro e que no presente ano será cumprida a Lei do Orçamento do Estado e a Lei dos Compromissos. Foi ainda tido em consideração que os munícipes já se encontram sobrecarregados com o aumento de impostos, nomeadamente o valor do IMI definido pelo governo.
No ano de 2011, os encargos na área do abastecimento de água, do tratamento de águas residuais e da recolha de resíduos sólidos implicaram para o município o prejuízo de €1.104.289. No entanto, os custos da água, do tratamento e recolha de resíduos representam para os munícipes de Nisa encargos tarifários que já se situam acima dos indicadores recomendados pela ERSAR (Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos) para a sustentabilidade dos munícipes.
A proposta foi apresentada em reunião extraordinária do executivo municipal realizada a 31 de outubro, e mereceu os votos favoráveis da Presidente da Câmara e do Vice Presidente, os Vereadores do PS e do PSD recusaram-se a expressar o seu voto por não concordarem com os considerandos da proposta.

NISA: Memória do Cine Teatro (Outubro de 1939)


Em Outubro de 1939, o Cine Teatro de Nisa promoveu seis iniciativas, entre a exibição de filmes, os espectáculo de teatro e variedades, e ainda uma Conferência, esta da responsabilidade da Juventude de Acção Católica tendo como principal dinamizador o Padre Sebastião Martins Alves. A empresa do Cine Teatro Nisense recebeu sessenta escudos pelo aluguer da sala e nesta importância estvam incluídas todas as despesas.
Em 9 e 10 de Outubro voltavam as "grandes enchentes" próprias do dia de Feira. Dois espectáculos com de Variedades e Teatro com a Troupe José Dubini alegraram os 979 espectadores que a eles assistiram. No dia 1 de Outubro, exibiu-se o filme "Margarida Gautier" tendo no desempenho dois "monstros sagrados" do cinema: Greta Garbo e Robert Taylor. Ainda assim a assist~encia ficou um pouco abaixo das expectativas.

Maria João Charrinho mostrou as suas “Raízes”

 
 
 
Na Biblioteca Municipal de Nisa esteve patente ao público durante o mês de Outubro, a exposição de pintura "Raízes" da autoria de Maria João Charrinho e que contou com a colaboração das suas filhas, em alguns dos trabalhos expostos.
A artista plástica Maria João Charrinho, natural de Nisa, professora, é diplomada pelo IADE e desde pequena sente especial atracção pelo desenho e pintura, abraçando diversas técnicas e materiais.
"Raízes", apresentada na Biblioteca Municipal, é uma exposição de emoções e de múltiplos afectos, desde a terra, à família e aos lugares de infância.

30.10.12

NISA: MEMÓRIA DO CINE TEATRO (Outubro de 1938)


"A Rosa do Adro", a grande produção de Chianca de Garcia, foi o filme que animou a sala de espectáculos de Nisa em duas sessões, nos dias 10 e 11 de Outubro de 1938. Foram quase mil espectadores aqueles que assistiram a este filme português com Maria Lalande no principal papel.
No dia 9, véspera de Feira de S. Miguel, houve Cinema e Variedades com  o filme Porto Artur e o espectáculo "La Cucaracha". Um cartaz que levou à "velhinha" sala de Nisa, 626 espectadores.
Claro, os tempos eram outros, não havia a parafernália de inventos e aplicações tecnológicas que hoje estão ao alcance de qualquer um, via "made in PRC" (leia-se Popular Republic of China") e os filmes deixaram de suscitar a atenção e entusiasmo que outrora atraíam.
Cá para mim e pese embora tantos avanços da tecnologia, ainda continuo a pensar que filme de cinema é para ver ( e sentir, apreender) em sala de cinema. Por isso, a crítica insistente que faço ao mau uso ( ou nem sequer isso) do nosso CineTeatro. Há 5 anos, propagandeava-se "10 anos a Viver Cultura", esquecendo, propositadamente, toda a vida anterior desta sala e dos homens que ao longo de décadas proporcionaram prazer e fruição cultural a várias gerações de Nisenses.
Depois disso foi o "apagão" quase generalizado. Qual o "slogan" que irão utilizar agora?
Mário Mendes

VELADA (Nisa): Magusto dos Amigos da Velada

3 Novembro 2012 - Centro Comunitário
Os Amigos de Velada promovem no dia 3 de Novembro (Sábado) o tradicional Magusto para o qual convidam todas as pessoas interessadas.
A iniciativa integra o Almoço, às 13 horas, com inscrições grátis, a cargo de Pereira Louro, em Velada, devendo os participantes levar talher e prato.
Às 16 horas, começa o Magusto, com castanha assada, petiscos, bebidas frescas e música. As entradas serão grátis ou não se tratasse se um convívio popular tão ao jeito das gentes de Velada.
A organização é dos Amigos de Velada e conta com a colaboração da Freguesia de S. Matias, Câmara Municipal de Nisa, Centro Comunitário de Velada e Electro Narciso.
No sábado, dê um "pulo" à Velada e participe neste tradicional convívio!

29.10.12

NISA: MEMÓRIA DO CINE TEATRO (Outubro 1937)

 
Outubro era, por excelência, o "abono de família" para a empresa do Cine Teatro Nisense. A Feira de S. Miguel, a mais importante de Nisa e uma das mais concorridas da região, traziam à vila durante três e quatro dias (às vezes mais) uma autêntica multidão, multifacetada, de gente e de interesses.
As bilheteiras nos dois dias da feira não tinham mãos a medir e geralmente sessão de cinema ou de variedades, nos dias 9 e 10 eram sessões com lotação esgotada, garantida. Tal como nos anos 70 com os filmes do Gianni Morandi (o saudoso José Vilela costumava dizer, meio a sério meio a brincar, que as fitas do cantor italiano garantiam-lhe o sustento do Cine Teatro por alguns meses) esses dias´"mágicos" da Feira de S. Miguel levavam ao Cine Teatro verdadeiras legiões de cinéfilos, por vezes, com assistências records até para filmes portugueses. Se assim fosse por todo o país, o cinema português ( o "novo" e o antigo) tinham subsistência garantida e talvez nem a Tóbis chegasse ao estado de declínio a que chegou...
São enredos de outros filmes. Para o registo do mês de Outubro de 1937 (há 75 anos, onde é que isso já vai...) interessa-nos dizer que os espectáculos de variedades e cinema, nos dias 9 e 10, com Fernando Isidro e J. Martins registaram a afluência de mil cento e sessenta e oito (1.168) espectadores, que deixaram nas bilheteiras a importância de 5.362$50. Um "dinheirão" para a época.
Ainda como curiosidade, registe-se que ao filme português "Bocage" (estreado a 1 de Dezembro de 1936, no S. Luís, em Lisboa) assistiram, em Nisa, 370 espectadores.
Os nisenses gostavam de cinema. Pouco mais havia, como divertimento, é certo. Mas ninguém me convence que as actuais gerações, de um momento para o outro, deixaram de gostar, de amar, a chamada 7ª Arte que os seus antepassados tanto adoraram.
Há, por aqui, um mistério qualquer, a desvendar...
Mário Mendes

28.10.12

OPINIÃO: Portugal sem crise e a Árvore da Mentira


O texto que se segue foi retirado do blog " À volta de um Portugal sem crise" e escrito por Ricardo Braz Frade. Escrita escorreita, sem peias nem ameias, e aqui, gostosamente, transcrevemos a parte respeitante ao concelho de Nisa.
De Castelo de Vide a Nisa
"Alpalhão é ali bem perto, já excluído da zona do Parque da Serra de São Mamede. É o que ainda sobra do alentejo. Tenho pena de já não poder ouvir-lhe o Descante dos Noivos que o Giacometti gravou nas suas vastas recolhas musicais que fez pelo país. Ainda por cima, sendo Sábado, seria dia provável para o ter à mão. O casamento de Alpalhão tinha uma versão alternativa. Não era como os outros. No dia em que os noivos ficavam oficialmente casados, os convidados dirigiam-se à casa onde pernoitavam, já depois do jantar, e cantavam-lhes versos de boa fortuna, primeiro à mulher, depois ao homem: era o Descante. Segundo o que li, as pessoas só davam de frosques quando ele, o recém-casado, lhes trazia carne e vinho. Seria este, portanto, o preço para a noite bem passada - grande eufemismo, este - com a mulher que desposou. Há tradições que se perdem porque não têm a carga simbólica necessária para que novas gerações lhes peguem. Outras que têm tanta força que nem a tecnologia e décadas e décadas de velocidade industrial conseguiram abater. E ainda outras que se esquecem e se relembram anos mais tarde, ressuscitando com novo folgo. Em que categoria é que o Descante dos Noivos está, não consegui perceber. Espero que fique. Mesmo mudado, que vá ficando.

Entre Alpalhão e Nisa encontrei outra pedra que fala. Foi quase por engano. Fica numa propriedade privada, com acesso proibido, e que eu interpretei de outra forma. Passei por um muro de pedras soltas e saltei por cima de um arame farpado que me rasgou a camisa e feriu a barriga. Está a cerca de trinta metros da estrada principal, do lado esquerdo de quem se dirige para norte. A rocha tem uma forma arqueada, esquisita, e é bem larga. Está disposta na vertical, e tem uma cruz de ferro no topo. Não está cartografada, nem tem placas a indicar-lhe o caminho. Desconheço-lhe o nome e desconheço sequer se ela o tem. Mas há-de carregar alguma importância pelo crucifixo que lhe cravaram em cima.

Despeço-me hoje do alentejo, em Nisa. À hora de jantar, lá irei ao queijo, que é da praxe. Vou aproveitar para respirar os últimos ares alentejanos, que aqui já têm brisas beirãs. Falando de Nisa, é bom notar que há castelos que não fogem às pessoas, ou vice-versa. Aqui, o que resta das muralhas e torres castelares dissolve-se no quotidiano. E mais que a Igreja Matriz, espevitada nas torres de telhado cónico, é a torre do relógio que se faz notar. Vejo-a daqui. À noite, se a iluminarem, fica o sítio para onde todos olham, de certeza. Ficarei atento ao mudar da hora, daqui a pouco.
Para o fim guardo uma notícia triste. A Árvore da Mentira, ícone da vila, assim chamada por lá se juntarem pares de namorados, que ali debaixo, na sua sombra, diziam as maiores mentiras de amor uns aos outros, foi cortada. Agora está envernizada, feita unidade de exposição de arte contemporânea. Dar cabo de símbolos já é mau que baste. Terminar com a vida de uma árvore que tinha o bem humorado desplante de ser conhecida pelos maus namoros que abrigava, é crime. Se havia solução para ela que não a morte, tenho um pequeno e construtivo comentário a fazer a quem se lembrou de acabar com ela: vão bardamerda.

27.10.12

MEMÓRIA NISENSE: Rodrigues Correia, Homem do teatro e da cultura



Rodrigues Correia marcou a vida cultural de Nisa dos anos sessenta. Autor, actor, encenador, músico e letrista, dinamizador cultural do teatro com "a casa às costas", teve um papel fundamental na criação do Rancho Típico das Cantarinhas de Nisa, em 1964, um agrupamento folclórico que chegou a "dar cartas" e ser considerado um dos melhores do país. As suas actuações no Pavilhão dos Desportos em Lisboa e em outras localidades próximas da capital granjearam-lhe apreciável fama e indiscutível mérito sob a superior orientação de Rodrigues Correia.
A estas iniciativas, juntava Rodrigues Correia um jeito nato para a música e letra de canções. A que transcrevemos, "Nisa Encantadora" tornou-se um hino desta terra bordada de encantos, trauteada por muitos e muitos nisenses, orgulhosos de pertencerem a este "quadro lindo para um pintor".
Os arranjos musicais ficaram a cargo da Troupe Jazz "Os Unidos", outra das celebridades culturais, como a Jazz Band "Os Fixes" e a orquestra "Atlântida Nisense", grandes animadores de bailes e festas populares em Nisa e arredores.
NISA ENCANTADORA (Canção-Bolero)
Letra e Música de Rodrigues Correia – Criação da Orquestra-Jazz "Os Unidos"
Entre Castelo Branco e Portalegre,
Há um quadro lindo para um pintor,
É Nisa com seu jardim florido,
Onde se fazem lá versos de amor.
Aos domingos as lindas raparigas
Com seus xailes bordados a passear,
São promessas de amor aos namorados
Que o dia mais feliz há-de chegar.
Refrão
Nisa encantadora
Tu tens graça e singeleza
És terra bem portuguesa
A sorrir sempre formosa
Nisa encantadora
Cantarinhas rendilhadas
Lembram bordados de fadas
Podes-te sentir vaidosa.
Ó Nisa orgulho de D. António
Duma beleza rara para quem passa
Deu aos seus pobrezinhos património
Asilo Nossa Senhora da Graça
Em Nisa quem passar pela tardinha
Pois dela nunca se pode esquecer
Quando quiser beber água fresquinha
À linda cantarinha vai beber.

CRÓNICAS DA TABANCA: Notícias da Terra

Notícia do Dia (1)
Contrariamente ao que tem sido propalado na praça pública, o PRM – Partido da Rainha e da Monarquia – ainda não tem candidato à presidência da Câmara de Nhabula.
A menos de um ano do abandono da actual presidente, a Baronesa da Fadagosa, figura que certamente irá deixar muitas saudades, o quinzenário "Gazeta Alentejana" divulgou que na primeira linha de sucessão à autarquia nhabulense se perfilaram já alguns pré-candidatos como são os casos de Malpica Bartolomeu, Bicharroco Giesteira e Cartaxinho Figueira Djaló.
Segundo informações fidedignas chegadas à redacção da "Voz da Tabanca", estamos em condições de garantir que Malpica Bartolomeu recusou, liminarmente, ser pré-candidato, uma vez que estará apostado na concretização de grandes projectos para a freguesia a que preside e para os quais apresentou candidatura ao PLORC – Plano de Liquidação das Obras Remetidas para as Calendas, como é o caso da requalificação dos antigos lavadouros municipais, da reconversão urbanística do Alto de Santa Luzia e da implementação da toponímia em diversos bairros e arruamentos da urbe nhabulense.
Malpica Bartolomeu quer ainda ver concretizado o projecto de transformação do Centro Histórico de Nhabula em estúdio cinematográfico, destinado, especialmente, à rodagem de filmes de longa-metragem e de documentários, tendo como pano de fundo a Idade Média.
Notícia do Dia (2)
Ainda sem candidatos às autárquicas de 2013 e de acordo com a "Gazeta Alentejana", estão também o PCP – Partido dos Coqueiros e das Palmeiras, o PS – Partido da Savana, e o PSD – Partido dos Sândalos e Damasqueiros.
No primeiro caso, a resposta pode estar no actual vereador, mas a decisão ainda não está tomada. Situação diferente é a do Partido da Savana (PS) partido onde a "Gazeta Alentejana" assegura, a luta está mais acesa, com quatro pré-candidatos a digladiarem-se pela conquista do primeiro lugar, não adiantando o quinzenário se a luta será resolvida a golpes de espadachim ou de biques de picaréta, nomeando como "acesos" intervenientes os nomes da Duquesa da Trindade, Visconde do Vale da Boga, o Conde de Vale Cardoso e o Marquês do Figueiró.
No Partido dos Sândalos e Damasqueiros, a situação parece mais difícil de resolver, depois de o Barão da Fonte da Cruz ter apoiado a decisão do Ministério da Justiça e defendido o encerramento do Tribunal de Nhabula, desde logo prometendo que não pagará nenhum almoço se na ementa constar as "favas à alentejana".
Notícia do Dia (3)
Em declarações à Rádio Talefe, da Vinagra, o regedor de Albarrol, Matias Baldé, desafiou a Baronesa da Fadagosa, presidente da Câmara de Nhabula e os eleitos na Assembleia Municipal a integrarem a PNRCTT – Plataforma Nhabuense para a Recuperação do Complexo Turístico do Tejo.
"Precisamos de todos e de todas as vontades para resolvermos, de vez, este problema "bicudo" que nos foi legado pela administração anterior e que a actual tem remetido para o rol das promessas eternamente por cumprir", disse Matias Baldé.
Não se conhece até ao momento qualquer reacção ao desafio do regedor de Albarrol, sendo de esperar que, a menos de um ano das eleições autárquicas, alguma coisa mexa para que tudo fique como dantes.
A não ser que...
Mário Mendes
 

22.10.12

Opinião: IN CLARIS, NO FIT INTERPRETATIO


... a grande amizade, estima e agradecimento por aquele que foi o meu grande companheiro de carteira entre o 1.º o 5.º anos do colégio em Nisa, José Maria de Oliveira Marquês, dar-lhe conta ... se é que é preciso, da amizade que me dedicou... estando eu largo tempo doente em ano de exame, no 2.º ano do colégio, dando-me conta da matéria dada diariamente, aquele que considero o ser mais inteligente que conheci até hoje, que poderia academicamente chegar a um ponto alto na qualquer área que escolhesse, com a sua extraordinária bondade, simplicidade, cuidado e inteligência... fazia-me o ponto da situação e informação escolar diários...
Estudar e partilhar com ele no lugar mais próximo a mesma carteira, foi para mim um privilégio, fica-me talvez melhor dizer... uma bênção.
Embora ausente pela distância sempre lhe dediquei o melhor dos sentimentos, quer de estima quer de agradecimento, da maior afetividade, permite-me....familiaridade.
Nas voltas da vida nunca esqueci aquele que haveria de ser o meu companheiro de carteira do 1.º ano ao 5.º ano do Colégio, das suas excecionais qualidades, do seu carácter, da sua nobreza de alma.
Nunca o esqueci.
Quando te encontrei, já depois do desaparecimento físico de tua mãe, cujo facto não me chegou ao conhecimento na oportunidade, fui incapaz de falar no assunto quando nos encontrámos, com receio de que nos emocionássemos.
Conhecia demasiado bem a mãe do Zé, da enorme capacidade de acolhimento da pessoa bondosa de tua mãe, um ser tão bom... tanta bondade, casa onde tantas vezes entrei, qualidades de acolhimento que já eram cultivadas pelos teus avós, e se estendiam ás tuas tias, pelo que se nos impõe o dever de lhes dedicar elevados sentimentos de respeito carinho e admiração.
O exemplo sereno de vida do Antero...
E no céu, onde está a tua mãe consentir-me-á, aprovará por certo, este meu reconhecimento público ..., agradecimento e estima pela tua beleza interior.
Como referido na epígrafe, foi o Zé, talvez o ser mais inteligente que conheci até hoje, com qualidades invulgares para poder ser tudo o que quisesse.
As pegadas, nas nossas almas, dos tempos em que companheiros vivíamos em proximidade ocupando a mesma carteira diariamente, durante cinco anos, deixam-me profundas saudades.
Igualmente dispensámos da prova oral do 2.º ano graças à qualidade das informações que me transmitias com rigor, visitando-me durante o período de doença, e em que te esmeravas e eras pontual, com as auas altas capacidades de aluno superior.
Ao rever-te há tempos a grande alegria da partilha do encontro.
A amizade... Zé, é como a fé... nem é mais nem menos... é simplesmente.
Embora nos diversos caminhos e viagens da vida sozinhos ... a nossa amizade segue igual à de ontem.
A nossa amizade foi, é, um ...abraço para sempre, e enriquece-nos, e é bênção que agradeço.
Vivemos no país um momento coletivo e individual de afrontamentos, de pobreza, de agressividade, de incompreensão pelas pessoas de bem que prosseguem a justiça mas não dispensam a humanidade das decisões, não aceitam a incompreensão pelos mais pobres.
Nós sabemos que tais tempos justificam, que não toleram as arbitrariedades, as certezas adquiridas da gente dos pequenos e grandes poderes que contrasta com as certezas das nossas dúvidas, do pouco que conhecemos e sabemos.
Este contexto social que começa a evidenciar-se ameaçador, bem ao nosso redor.
Porém, não nos amedrontemos, não poupemos a crítica que exige justiça, ajuda fraterna, compreensão, perdão em vez de perseguição....vectores que Nossa Senhora da Graça induziu nas nossas mães, e que se nos transmitiram.
Por isso me lembrei, da integridade do teu exemplo, nesta hora de exigência de um sentido
para a vida.
Não nos equivoquem, temos o direito de ser nós. Não achas Zé?
Com a mesma afetividade sincera de sempre
João Castanho

ETNOGRAFIA: José Francisco Figueiredo e o Traje de Nisa (I)


Evolução do trajo e do penteado (camponeses, lavradores e artífices e suas famílias)

Em remotos tempos, as mulheres usavam saia de catimbé (au), fazenda espessa de lã, geralmente em azul escuro ou castanho, com barra amarela, cor de rosa ou encarnada. Estas saias tinham, de ordinário, três panos e eram demasiadamente compridas, passando mais tarde a usar-se por abaixo do joelho. Por baixo da saia de catimbé, faziam uma de estamenha, tecido de lã e linho; mas esta, em vez de barra, terminava por uma orla formada a pontos de trança de lã em espiral, distanciados de um centímetro pouco mais ou menos.
Usavam ainda, sob a estamenha, saias de beata de seda, uma espécie de flanela de algodão felpuda.
As camisas eram sempre de linho, sendo frequente encontrarem-se algumas em que a parte correspondente ao tronco era de linho e a inferior de estopa ou estopinha. Nas mangas, que quase todas tinham e nos ombros eram bordados com linha caseira, isto é, com fios de linha adrede preparados.
No peito, sobre a camisa, vestiam um colete de pano encarnado, enfeitado com fitas de cor diferente e sobre a roupinha, uma espécie de corpete muito justo e que, conforme se destinava ou não para dias festivos, era confeccionada em seda de várias cores, ou em pano azul de lã. As mangas desta interessante peça de vestuário eram também muito apertadas por meio de pregas longitudinais no braço e antebraço, notando-se apenas uma parte mais larga na região do cotovelo que deu a tais mangas a denominação de mangas de balão.
Sobre a roupinha usavam ainda a capa de bombonete, que era uma capa pequena de tule ou renda bordada de branco com que cobriam apenas os ombros e cujas pontas iam prender-se sobre o seio com um alfinete ou uma fita de seda branca. Nos dias de maior solenidade, como casamentos, festa de S. Pedro, etc., as lavradoras vestiam saias de seda chamadas saias de rua que, com o desuso, têm sido transformadas nestes últimos tempos em lindíssimas colchas.
Com o decorrer dos tempos, as saias de catimbau (bé) cederam o lugar às de castorina fina; a roupinha apertada, a outra de mangas largas feitas dos mais variados tecidos, e a capa de bambonete com lindíssimos lenços de pescoço, em lã ou seda, na maior parte das vezes bordados pelas portadoras.
As saias de castorina ainda hoje se usam, embora arrebicadas de pregas e plissados, e foram elas que, com os lenços de pescoço e a tradicional roupinha, constituíram, por largos anos, o trajo característico e interessantíssimo das donzelas nisenses.
Houve uma época em que o luxo e a ostentação se aferiam pelo número de saias usadas, sendo frequente aparecerem nos bailes raparigas cuja cintura tinha de suportar o peso de doze daquelas incómodas peças de vestuário! Era um martírio, principalmente de Verão! E, como se este peso não fosse bastante para cruciar as pobres moças, ainda o peito e o pescoço tinham de suportar a pressão de várias gargantilhas, cordões, grilhões, cadeias, etc., que algumas ostentavam, como ourivesarias ambulantes, vaidosamente. Servia-lhes de agasalho – e nem de outra forma saíam à rua – numa mantilha roxa, forrada de beata encarnada, na parte que colocavam sobre a cabeça. Mais tarde a mantilha roxa foi substituída por outra de pano preto, com que assistiam às cerimónias religiosas e ocultavam o rosto à indiscrição dos curiosos.
Hoje a mantilha apenas é usada por algumas viúvas mais aferradas à tradição e ainda assim só nos primeiros tempos de viuvez.
José Francisco Figueiredo

18.10.12

BANDA DE NISA REACTIVADA HÁ 30 ANOS (II)

 "O maestro António Charrinho tem sido o pilar desta colectividade" - João Maia, presidente da direcção
João Manuel Palheta Maia, o presidente da direcção da Sociedade Musical Nisense é músico desde que a banda foi reactivada há 30 anos. Sobre o significado desta comemoração, considera-a "um marco porque são muitos anos, com altos e baixos é certo, continuamos a formar jovens e a ensinar-lhes não só os fundamentos da música, como também incutir-lhes noções de sentido de responsabilidade, partilha e respeito. Temos muita gente, felizmente, muitos jovens, mas o grupo de executantes da Sociedade Musical Nisense prima por ser heterogéneo e nesta grande escola que é a música todos aprendemos uns com os outros.
O grande pilar deste "edifício" com 30 anos tem sido o maestro António Maria Charrinho. A SMN tem neste momento dois grupos, a banda com 52 elementos e a Filarmonisa (grupo de metais) com 8 executantes.
Formação é a base do sucesso
É através da formação que a banda da Sociedade Musical Nisense garante o prosseguimento da sua actividade.

"Os 52 elementos da banda vieram todos da formação e a escola de Música é, neste momento, um sucesso", garante-nos João Maia. O ano passado tivemos 20 meninas na aprendizagem e hoje já tocam na banda. Este ano irão entrar mais crianças, a partir dos 6 anos. O ensino é grátis e facultativo, pedimos a colaboração dos pais na fase em que as crianças precisam de adquirir instrumentos."
Tanta música para espaço tão pequeno
As instalações acanhadas em que a Sociedade Musical Nisense desenvolve a sua actividade, tem sido o maior problema dos seus dirigentes. Funcionam num anexo do Cine Teatro de Nisa, num espaço que serve para ensaios, secretaria e arrecadação de instrumentos. Há anos que procuram dotar a colectividade de instalações condignas e através da Câmara chegou a avançar-se para a elaboração de um projecto para a construção de um edifício, na Urbanização das Amoreiras, solução que, face aos custos (600 mil euros) e a indefinições várias, teve de ser abandonada.

"As instalações são, de facto, o nosso "calcanhar de Aquiles" , confessa o presidente da SMN. "Temos esperança de que, com a construção do novo centro escolar, fiquem vagas algumas instalações e nós possamos aí instalar a sede da colectividade.
À parte esta situação que nos preocupa, a Sociedade Musical Nisense vive da quotização dos 420 associados, contamos com um apoio camarário de 800 euros mensais, este ano será um pouco menos e com apoios de outras entidades como sejam as juntas de freguesia do concelho, Inatel e também promovemos a auto sustentabilidade através da participação em espectáculos e festas.
São estes apoios que nos permitiram a aquisição de uma carrinha de 9 lugares, com um custo de 18 mil euros, e dar continuidade à Escola de Música. Temos o sonho de tentar criar em Nisa uma Academia de Música que não se restringisse, apenas, aos instrumentos "tradicionais" das bandas, mas contemplasse outras variantes como o piano, o violino, a viola, etc. O prestígio que alcançámos na formação inicial de muitos músicos que hoje se destacam, como instrumentistas de mérito e de direcção em muitas formações musicais superiores do país, justifica, plenamente, esta ideia que, por enquanto, não passa de um "sonho".
Para isso, precisamos de espaços adequados para proporcionarmos boas condições. Entretanto e porque "o sonho comanda a vida" temos como projectos a edição de um novo CD com músicas originais de António Maria Charrinho e a edição de um livro com toda a história da Banda de Nisa."
Mário Mendes in "Alto Alentejo" - 17/10/2012

17.10.12

ALPALHÃO COMEMOROU 500 Anos do Foral

Este fim-de-semana Alpalhão esteve em festa. As comemorações dos 500 anos da atribuição do Foral Manuelino, organizadas pela Associação de Jovens de Alpalhão (AJAL), pela Liga de Amigos de Alpalhão (LIAAL) e pela Junta de Freguesia, com o apoio da Câmara de Nisa, mobilizaram a população, que saiu à rua e recordou o passado, abraçando a história de Alpalhão.
As comemorações arrancaram ainda na noite de sexta-feira, com uma arruada medieval, mas foi no sábado que tiveram a sua verdadeira expressão. Ao início da tarde, João Moisés, ladeado por Gabriela Tsukamoto e Manuel Bichardo, descerrou a placa evocativa dos 500 anos do Foral.
Seguiu-se um desfile pelos locais históricos da vila, ao som da Banda Filarmónica de Alpalhão.
O percurso terminou no Centro de Lazer, onde teve lugar um colóquio subordinado ao contexto histórico do Foral de Alpalhão, apresentado pelo professor João Cosme.


As comemorações terminaram ao final da tarde, depois de uma recriação histórica no centro da vila, um dos momentos altos dos festejos, que contaram com uma grande adesão por parte da população da vila.
Mais do que uma festa, a efeméride mostrou ser também um momento de reflexão. João Moisés, presidente da Junta de Freguesia, não escondeu a preocupação com a perda de população, comércio e serviços registada nos últimos anos.
«Artes e ofícios vão acabando. Por este caminho, qualquer dia os nossos concelhos são um grande lar da terceira idade», referiu, salientando que quem nos governa «não se pode esquecer que aqui também é Portugal».
Também Gabriela Tsukamoto criticou a forma com o Poder Central tem olhado para o Interior. De acordo com a edil nisense, «os forais visaram o desenvolvimento do Interior» e hoje, centenas de anos depois, «assiste-se a uma política diferente, de encerramentos e extinções».
«Precisamos que todos percebam os perigos que estamos a correr com estas políticas. Sozinhos não conseguiremos lutar, precisamos de ajuda de todos», declarou a autarca, que teceu vários elogios à população de Alpalhão.•
Um tributo a António Grave Caldeira
Nos momentos que antecederam ao colóquio, João Tavares Mourato, da LIAAL, prestou um tributo ao falecido António Grave Caldeira, «um grande amigo de Alpalhão». Emocionado, João Tavares Mourato recordou as qualidades humanas e intelectuais do falecido amigo, e a forma apaixonada como tentava dinamizar Alpalhão.
Ainda antes de pedir um minuto de silêncio em homenagem a António Grave Caldeira, o responsável lembrou que foi ele o mentor do colóquio e das comemorações.
in "Alto Alentejo" - 17/10/2012

A morte de António Grave Caldeira, alpalhoense bairrista

Faleceu, no dia 4, em Lisboa, vítima de um ataque cardíaco, o alpalhoense António Grave Caldeira.
Entusiasta da cultura, das tradições, do património e das gentes de Alpalhão, António Grave Caldeira fazia parte da Liga de Amigos de Alpalhão (LIAAL), da qual foi presidente.
Já reformado da companhia de seguros "Lusitânia Vida", António Grave Caldeira continuou em Lisboa, mas mantinha uma forte ligação a Alpalhão, que ficou chocada com a notícia do seu falecimento.
Foi um dos grandes mentores das comemorações dos 500 anos da atribuição do Foral Manuelino a Alpalhão, e foi por isso homenageado durante a efeméride, a que infelizmente já não conseguiu assistir. Faleceu aos 67 anos, muito antes de concretizar vários projectos que tinha desenhado para a sua vida, para a família e para Alpalhão.
À família enlutada, o Alto Alentejo apresenta as mais sentidas condolências
in "Alto Alentejo" - 17/10/2012

BANDA DE NISA RESSURGIU HÁ 30 ANOS

 

 
"Olha, lá vai a Música!…"
A Sociedade Musical Nisense, colectividade fundada em 1988, assinalou no passado sábado, dia 13, com um espectáculo, os 30 Anos da Reactivação da Banda de Nisa, acontecimento que teve lugar em Outubro de 1982.
No espectáculo, realizado no Cine Teatro de Nisa e a que assistiu numeroso público, actuaram os grupos da SMN, banda filarmónica, Filarmonisa (grupo de metais) e Canto do Corrupio, conjunto de música popular, que se juntou expressamente para esta festa.
O ressurgimento da banda de Nisa em 1982, após alguns anos de inactividade, fez renascer as tradições musicais e filarmónicas que remontam ao ano de 1844, quando foi fundada a Sociedade Phylarmonica Nizense.
Durante o século passado, a Banda de Nisa alternou períodos de grande fulgor e outros de reduzida actividade e de quase apagamento.
Mas, em Nisa, e como sustenta Carlos Cebola, "de um pau se faz um músico" e o gosto pela música esteve sempre vivo no espírito dos nisenses. A filarmónica tomou o nome de Banda Municipal, mostrando o carinho da autarquia pelas artes musicais e assim se manteve durante décadas, ensaiando aqui e ali, andando com a casa às costas, mas mantendo sempre viva e brilhante esta tradição cultural, até que em meados dos anos 60, com o êxodo rural e o fenómeno migratório a sua actividade cessou.
Foi o executivo camarário presidido por Carlos Bento Correia (1979-1982) e tendo José Manuel Basso como vereador do pelouro da Cultura que encetaram esforços para a revitalização da banda, um trabalho que se iniciou a partir da base e no qual assumiu um papel fulcral, o actual maestro António Maria Charrinho.
A primeira apresentação pública da "nova" Banda de Nisa, por ocasião da Feira de S. Miguel, em 1982, no Cine Teatro, constituiu um êxito estrondoso, com a sala apinhada de gente, para verem e aplaudirem muitas crianças e jovens, formadas a partir do início desse ano e a que se juntaram músicos mais velhos e experientes, vindos de outras formações da Banda Municipal de Nisa.
A Escola de Música que funcionou primeiro nas instalações da Sociedade Artística Nisense e mais tarde no espaço da JAC (Juventude Agrária Católica) na capela de S. Francisco, anexa à Igreja Matriz e numa casa particular, na Urbanização da Fonte Nova, apresentava à população de Nisa o fruto do seu ainda curto trabalho, os primeiros músicos e o embrião da sua banda de música que, anos mais tarde, viria a tornar-se um caso de popularidade, graças ao trabalho que tem desenvolvido e à qualidade dos seus intérpretes.
A Banda de Nisa ressurgiu há 30 anos e o aniversário foi condignamente comemorado. Venham mais trinta!
MARCOS DE UMA CAMINHADA DE 30 ANOS
*1981 – Início das aulas de Música, na antiga JAC (anexo da Igreja Matriz)
* 1982 – 1ª Apresentação pública com espectáculo no dia 9 de Outubro – Cine Teatro de Nisa
* 1986 – A banda tem 3 novos agrupamentos: Orquestra Ligeira, Grupo de Dança e grupo de música popular.
*1988 – É criada, em Abril, a Sociedade Musical Nisense
* 1989 – Primeira deslocação a França ( região de Indre et Loire) por ocasião da assinatura do protocolo de geminação entre Nisa e Azay-le-Rideau
* 1989 – São publicados os Estatutos da Sociedade Musical Nisense
*1992 – Segunda visita a França
* 1994 – O Município de Nisa homenageia a Banda de Nisa com a atribuição da Medalha de Mérito Municipal pelos 150 anos de existência (1844-1994)
* 1994 – É cunhada a medalha comemorativa de bronze alusiva aos 150 anos da banda, sob desenho de António Maria Charrinho.
*1997 – Terceira visita a França
* 1998 – A banda é convidada e participa nas celebrações anuais da Senhora de Fátima em Werl e Wickede Rur, na Alemanha.
* 2002 – Banda tem novo fardamento e inicia a renovação do seu acervo instrumental.
*2004 – Surge o grupo de música popular "Cante do Corrupio", grupo que no ano seguinte (2005) lança o seu CD com o mesmo nome.
* 2007 – Comemorações dos 25 anos do Ressurgimento da Banda com espectáculo e lançamento de CD no qual participam os 3 agrupamentos da SMN: Banda, Orquestra Ligeira e Filarmonisa.
* 2011 – Deslocação aos Açores com participação nas festas do Senhor da Pedra (Vila Franca do Campo) e concerto em Ponta Delgada.
*2012 – 13 Outubro – Concerto comemorativo dos 30 anos do Ressurgimento da Banda de Nisa – Cine Teatro.
Mário Mendes in "Alto Alentejo" - 17/10/2012

12.10.12

OPINIÃO: Censura, disse ela!

Podia perguntar, mas não pergunto para que serve o site do Município de Nisa. A resposta é óbvia, em diversas versões, desde a "institucional" à política, passando pela propagandística (que não deixa de ser uma forma de fazer política com o dinheiro dos munícipes).
A Câmara -"gestora" dos conteúdos do site - colocou no mesmo, como informação aos munícipes e fregueses, a deliberação da Assembleia Municipal contra a extinção de freguesias. Está lá, em formato PDF, para consulta e leitura de quem aceder ao dito sítio.
O estranho - ou talvez, não, porque a autarquia é useira e vezeira neste procedimento - é que no mesmo site nada consta sobre uma outra deliberação da Assembleia Municipal e relativa ao famoso empreendimento turístico da Albergaria Penha do Tejo, uma Moção aprovada na mesma sessão daquele órgão autárquico e que, por constituir matéria relevante para a população do concelho e revelar preocupação com os gastos de dinheiros públicos, não deveria ser escondida dos cidadãos, para mais por quem apregoa os dotes de "Honestidade e Transparência" como valores insubstituíveis da sua teoria e prática políticas.
Trata-se, sem qualquer dúvida, de um grosseiro e vergonhoso acto de CENSURA, a juntar a muitos outros a que esta Câmara nos habituou. No caso vertente, o mesmo é duplamente condenável, porque esconde informação importante aos cidadãos e porque a autarquia se arroga "dona e senhora" de conteúdos e de tomadas de posição que lhe são alheias e provenientes de um órgão autárquico que, segundo a lei, goza de plena autonomia. Logo, ao CENSURAR uma deliberação da Assembleia Municipal, o "gestor de conteúdos" do site está a impedir o exercício de um pleno direito de informação por parte de eleitos municipais, consubstanciado numa Moção aprovada em sede própria e democrática.
As perguntas que me ocorrem sobre esta vergonhosa atitude são:
1 - Estará a Mesa da Assembleia Municipal diposta a apresentar queixa ao Ministério Público sobre esta limitação do direito de informar, bem como do facto de não serem disponibilizadas aos munícipes actas das sessões da Câmara?
2 - Vai a Mesa da Assembleia Municipal esperar que, como deliberado na Moção sobre o Complexo Turístico do Fratel, seja a Câmara a apresentar denúncia da situação às entidades competentes ou irá ela própria, a Mesa da Assembleia Municipal, tomar o assunto em suas próprias mãos?
3 - A Assembleia Municipal de Nisa (ainda) é um órgão do Município democraticamente eleito, de acordo com as leis da República Portuguesa ou, perante estas situações vergonhosas irá permanecer "mudo e sereno" servindo apenas como elemento decorativo da "fachada democrática" da Praça do Pelourinho?
Mário Mendes

11.10.12

Faleceu o enfermeiro José Filipe Rosa

Faleceu na segunda-feira aos 48 anos, vítima de doença prolongada, o enfermeiro José Filipe Toco Rosa, de Nisa, pessoa muito estimada em Portalegre, onde trabalhava e vivia, e em Nisa, de onde era natural o seu pai, o enfermeiro de gerações Joaquim Rosa, já falecido, figura pública de grande consideração.
O desfecho era, infelizmente, o esperado, mas nem por isso a morte de José Filipe Rosa deixou de causar enorme consternação entre os colegas e todos os restantes profissionais de saúde e funcionários da ULSNA, bem como em toda a cidade de Portalegre e em Nisa.
José Filipe Rosa trabalhou no Hospital de Abrantes, dava apoio a provas desportivas como a Baja, foi enfermeiro dos CTT em Portalegre, e no Hospital Doutor José Maria Grande trabalhou nos serviços de Medicina II, Psiquiatria, Cirurgia e na Urgência.
Casado com a enfermeira Cristina Cardinho, deixa dois filhos, uma jovem que é analista e um menino no início da adolescência.
O funeral, que se realizou na terça-feira de manhã. Constituiu uma grande manifestação de pesar e de solidariedade para com a família de José Filipe Rosa a quem apresentamos as mais sentidas condolências pela perda de um profissional exemplar e de um homem de bem e bom, que partiu na flor da idade.
in "Alto Alentejo" - 10/10/2012

NISA: Memória do Cine Teatro (Outubro 1942)




Cena do filme "O Ladrão de Bagdad" - 1940
O mês de Outubro de 1942 (há 70 anos) foi pródigo em manifestações culturais tendo como cenário o "velhinho" Cine Teatro de Nisa.
Foram sete, os espectáculos promovidos pela empresa do Cine Teatro Nisense Lda, com dois filmes a serem exibidos nos dias 9 e 10 (Feira de S. Miguel) e que constituíram dois assinaláveis êxitos de bilheteira e uma assistência de mil quatrocentos e setenta e dois (1.472) espectadores.
No dia 20 exibiu-se a Companhia Francesa de Variedades e Cinema, num espectáculo a que assistiram 437 pessoasbuiram para uma receita total de 1.182 escudos, vinte por cento da qual, a favor da empresa do CTN.
Setenta anos depois e com o Cine Teatro remodelado, a casa de espectáculos do Norte Alentejano, continua às moscas, vazia e sem vida, esperando, talvez, como a sua "vizinha" Albergaria Penha do Tejo, a classificação oficial do IPPAR ou coisa que o valha, como ISPD -  "Imóvel sem Préstimo e Decadente".
Tal como a Câmara que lhe tem "garantido" tão triste e deplorável destino...
Mário Mendes

10.10.12

OPINIÃO: O Flagelo da Droga


A História que aqui vou narrar é uma história verídica de uma Maria igual a outras tantas pelo nosso país fora e pelo mundo… Foi vivida na primeira pessoa a qual viveu o inferno da droga, passados alguns anos transmitiu esta sua vivência à filha, e esta por sua vez transmitiu-me este horror que é viver na droga para que possa dar a conhecer ao Mundo e em especial alertar os jovens que a droga, nada nos dá, mas sim tudo nos tira…
Mata-nos por fora e por dentro.

* Os nomes aqui designados são fictícios para que os mesmos possam viver no anonimato… e com isto termino dizendo que os pais de Ana conseguiram a tempo sair do Mundo das Drogas.
I
Andava no Colégio Maria Amália, um dos melhores de Lisboa, tinha cerca de 15/16anos quando comecei a fumar charros com os meus colegas da escola. Com esta mesma idade comecei a faltar às aulas, e acabei por conhecer um rapaz, que eu dizia ser o homem da minha vida. Mas, havia um problema, este rapaz andava metido nas drogas… Consumia charros, cocaína e por vezes heroína.
Eu muitas vezes lhe dizia:
- Deixa as drogas por favor, isso é um grande erro, estraga a vida das pessoas. Mas sempre que eu dizia isto, ele respondia-me que não era fácil.
Entretanto começámos a namorar, namorámos durante 1 ano. Os meus pais como já era de esperar, não aceitaram, pois o facto de ele andar no caminho que andava, a minha família iria ficar mal vista, mas não se meteram entre nós.
Com apenas 17 anos engravidei, fiquei um bocado assustada, pois não sabia qual iria ser a reacção da minha família, nem a do meu namorado. Eu sabia que um filho iria mudar muito a minha vida, mas mesmo assim sabendo isto, já amava aquele filho. Um dia tive de ganhar coragem e fui falar com o Manuel, o meu namorado.
- Amor, precisamos de falar.- Disse-lhe eu com um ar de assustada.
- Que se passa Maria? Estás com uma cara!
_Tenho medo da tua reacção, mas… tu também tens de saber. Eu estou… grávida, e não sei o que fazer.
_Estás grávida? Maria, estás a falar a sério?- Perguntou-me ele com um sorriso atordoado.
_Manuel, é claro que estou a falar a sério. Achas que ia brincar com uma coisa destas?!
_Pois tens razão. Então e a tua família já sabe?
_Não, ainda não lhes disse, queria contar-te primeiro a ti. Então e agora? O que vamos fazer?
- Sermos os pais ideais para essa criança e casarmos.
- Mas, para sermos os pais ideais, tens de deixar as drogas.
Maria queres casar comigo?- Perguntou-me ele para desviar a conversa…mas sim era verdade ele queria casar-se comigo.
- É claro que quero Manuel, isso é o que eu mais quero na vida.- Disse-lhe eu quase a chorar de alegria.
Nessa mesma noite, decidi contar à minha família, e para não passar por isto sozinha, o Manuel decidiu ir comigo.
- Olá mãe, o Manuel veio comigo, pode ficar para jantar?
- Maria, sabes muito bem que o teu pai não gosta disso, e que essa ideia não me agrada, mas vá, ele pode ficar para Jantar.
- Obrigada Mãe! Nós ao jantar precisamos de falar com vocês.
Ao jantar, no início estava tudo a correr muito bem, até que eu e o Manuel contamos da gravidez. O meu pai passou-se, como é óbvio, mas depois dissemos que nos íamos casar e ele aceitou.
Passado algum tempo casámos, e eu já estava no terceiro mês de gestação. Fomos viver juntos, eu arranjei um emprego e quando o menino nasceu arranjei uma pessoa que pudesse tomar conta dele enquanto eu trabalhava.
O meu menino era lindo, tinha uns olhinhos castanhos que brilhavam, era um menino tão feliz e ao mesmo tempo tão inocente. O meu marido, como eu já calculava não tinha deixado as drogas, e eu tantas vezes lhe dizia:
_Amor, por favor, deixa essa porcaria, isso só nos vai estragar a vida, ao menos faz isso pelo teu filho.
Ele dava-me sempre a mesma resposta:
_Isto não é assim como tu pensas, não é assim tão simples.
_Não é assim tão simples porquê?-Perguntei-lhe- Não é simples porque tu não queres, mais vale dizeres-me a verdade.
_Não Maria, não é simples- Dizia-me ele com calma- E também não é porque eu não quero, porque até quero, não sou é capaz. - Menti-me ele.
_Então, explica-me porque não consegues, não consigo entender isso- Dizia-lhe eu a chorar.
_Amor, é assim, vê se entendes isto, eu quando não consumo tenho muitas dores, não consigo andar assim, por isso não consigo deixar. -Explicou-me ele com calma.
_Eu não acredito em ti, não me venhas com desculpas, só para não teres de largar isso.
E infelizmente, era quase todos os dias assim.
E com isto tudo, passou-se um ano, e continuava tudo igual, eu trabalhava, trazia o dinheiro para casa, enquanto o Manuel o gastava em Heroína, todo o dinheiro que ele conseguia arranjar era para consumir. Eu odiava isso, mas por mais que eu tentasse resolver isso, não conseguia.
Mas, ele ao menos continuava a dar-me atenção, e mesmo drogado ligava ao filho, amava-o tanto como eu, mas por causa do efeito da droga, mal o conseguia demostrar. Pois quando as pessoas estão sobre o efeito de drogas, não são elas mesmas, não são o que aparentam ser. E continuámos mais 1 ano nisto.
E nisto tudo, o Francisco já tinha dois aninhos feitos, e já tinha assistido a muitas discussões e conversas sobre drogas, e visto o estado do pai quando estava drogado, pois estava assim quase todos os dias.
II
Numa certa altura, consegui fazer com que ele ficasse em casa durante uma semana de recuperação com comprimidos. Mas não deu em nada, pois no final dessa semana o Manuel disse-me para eu lhe dar dinheiro para ele poder ir comprar heroína.
_Não Manuel, como é óbvio não te vou dar dinheiro para isso. -Disse-lhe.
_Maria por favor, eu não aguento mais isto, não aguento.
_Desculpa, mas não, não te aguentei aqui em casa durante uma semana para nada.
Por mais que eu lhe dissesse que não, ele acabou por me convencer a dar-lhe dinheiro, mas eu impus-lhe a condição que também queria experimentar. Nesse dia, ainda por cima estava cheia de dores de cabeça e o Manuel disse-me que não me deixava, pois ia ser pior. Mas ele lá aceitou essa condição, pois se assim não fosse ele também não poderia consumir. E ele lá foi comprar aquilo, enquanto eu fiquei em casa a tomar conta do Francisco.
Era a primeira vez que estava a fumar heroína, então quando comecei a fumar vi que aquilo sabia muito mal, então por causa do sabor daquilo e porque estava a inserir substâncias no meu corpo que o meu organismo nunca tinha tido contacto, comecei a vomitar, mas as dores de cabeça desapareceram. A partir desse dia de vez em quando comecei a consumir, chegou um dia em que disse para mim mesma:
_Que constipação tenho em cima caraças, dói-me o corpo todo, tenho arrepios e tudo…
Enfim, mal eu sabia que estava a ressacar. A partir daqui comecei a perceber o meu marido, o porquê de ele não conseguir largar aquela porcaria. É muito triste lembrar-me desta altura, pois só consegui ver a imagem do meu filho de apenas 3 anos, quando me via a fumar dizer:
_Mamã, podes acabar de fumar, estou farto de estar em casa, quero ir brincar, quero ir ao parque, vá-la mãe, estou farto.
Entretanto isto continuou sempre assim, com tudo já tinham passado 3 anos desde que estava no mundo das drogas, e engravidei de novo. É triste pensar, estava grávida e a consumir droga, pois também agora já não podia deixar, pois o bebé que tinha dentro do meu ventre, coitadinha pedia-me a droga primeiro que o meu corpo, pois por causa da droga a bebé tinha o síndrome de abstinência. Então passados 7 meses nasceu a minha filha, a quem eu e o Manuel demos o nome de Ana. Graças a Deus nasceu bem sem nenhuma doença, teve que ficar mais uns dias do que o normal na maternidade, dentro de uma incubadora, para lhe tirarem a ressaca e a droga toda que tinha dentro dela.
A minha menina era linda, era grandinha e tinha a minha cara, apesar de tudo o que se passou enquanto estava dentro de mim, era uma menina muito calminha, tinha uma carinha de anjo. Quando a minha menina saiu do hospital, o Francisco, que na altura tinha 5 anos, disse que a mana era a bebé mais linda que tinha visto.
Passado um tempo de a Ana ter nascido e de toda a família a conhecer, eu e o Manuel decidimos então ir à procura de ajuda, pois a nossa vida assim não ia dar com nada. Então fomos para Burgos, Espanha para a Remar. Os tratamentos que lá nos faziam, eram todos a frio, só à base de chá de camomila e tília, não podíamos fumar, nem mesmo tabaco.
Mas para podermos superar isto, pois era uma dor muito grande, precisávamos de muita força de vontade, sem isso não havia nada a fazer. Nem aspirinas para as dores de cabeça e assim podíamos tomar. Estive lá durante um ano e meio e passei lá um mês horrível, sem pregar olho, nem de noite nem mesmo de dia.
Entrei também muitas vezes em falta de ar. Cheguei a pesar 39kg, só devia ter ossos, nem sei como me aguentava com a minha menina ao colo. Enfim, estive agarrada durante 4 anos, e foram os piores da minha vida, foi muito difícil para mim estar num beco sem saída. Mas curei-me e para mim isso é o mais importante.
III
Quando nos viemos embora da Remar, o Francisco já tinha 7 anos e a Ana 2. Decidi então deixar o Manuel, pois se continuasse com ele, muito provavelmente iria cair na mesma coisa e voltar a consumir, e essa não era a vida que eu queria para mim, e muito sinceramente já não gostava assim tanto dele. Depois de me separar dele, ele ficou com o Francisco, e os meus pais com a Ana, pois o Manuel disse que não tinha possibilidade de ficar com os dois, e ficava com o menino.
Eu queria ter ficado com os dois ou até mesmo só com um, mas não tinha uma vida estável, nem dinheiro, não podia ter um filho assim nessas condições.
Felizmente estou curada há 13/14anos, e não desejo passar o mesmo, nem saber que os meus rebento zinhos tivessem problemas destes. Eu já tento nem me lembrar daqueles 4 anos horríveis, pois só tenho remorsos, já não por mim, mas sim pelos meus filhos, pois não posso perdoar-me ter feito sofrer tanto estes dois meninos, que são tudo para mim, por culpa da minha cabeça.
Sabem é muito triste lembrar-me destas coisas, ou até mesmo que por causa da droga, muitas das vezes não tinha de comer para dar aos meus filhos. Hoje em dia, por vezes posso não ter um tostão, mas pelo menos não tenho o sofrimento de quando me levanto necessitar de alguma substância, porque felizmente não necessito de nada para me manter de pé, e tenho orgulho em mim, porque apesar de todas as dificuldades que passei, e por causa das drogas ter ficado com alguns problemas de saúde, tais como perdas de memoria, pois as drogas afetam o cérebro, problemas no fígado e Hepatite C, consegui superar isso e já não consumo nada, mas infelizmente as doenças continuam cá.
Sinto-me também orgulhosa, porque os meus filhos apesar de todas as circunstâncias me amam, e apesar de só ter o Francisco perto de mim, pois já é maior de idade, são os meus filhotes que me dão força para continuar a lutar. E também pelo que sei, eles têm muito orgulho em mim, posso não ter sido a melhor mãe do mundo mas já sofri e continuarei a sofrer por causa dos erros que cometi quando era jovem.
O mundo das drogas é muito perigoso e eu sei disso por experiência própria e posso dizer em voz alta, que foi o maior erro da minha vida…
NOTA
Este texto que fiz, como sendo a minha mãe, é verdadeiro, e foi com o pouco que sei da vida da minha mãe e do meu pai e da minha opinião sobre as drogas que o escrevi.
Posso não me lembrar de nada pois era pequena, mas o meu irmão lembra-se de tudo, e é triste para mim pensar nisto, pois na minha opinião uma criança tão pequena com apenas 3 anos dizer o que o meu irmão dizia. Sei que se na barriga da minha mãe pudesse falar que por um lado dizia a ela para parar, mas, por outro não, pois eu também já estava dependente da droga tal como ela.
Já passei por muito desde pequena, principalmente antes de ter nascido e sei que sou revoltada por isso, mas sei também que não vai ser por isso que vou seguir o mesmo caminho.
As drogas estragam vidas, amizades e até famílias, como fez com a minha.
Odeio as drogas, mas tenho bastante orgulho na minha mãe!
Ana Paula Mendes Nunes da Conceição Horta in "Alto Alentejo" - 26/9/2012