30.6.17

NISA: Festival de Encerramento XVI “Jogos do Alto Alentejo”

A vila de Nisa acolhe, amanhã, sábado, dia 1 de Julho, o Festival de Encerramento dos “Jogos do Alto Alentejo”.
Os “Jogos do Alto Alentejo” são uma iniciativa organizada pela Comunidade Intermunicipal do Alto Alentejo (CIMAA), em colaboração com onze municípios do distrito de Portalegre, tendo como principal objectivo a promoção do desporto, a preservação da saúde, a inclusão social e a partilha de experiências.
Com uma extensa programação, a 16ª edição teve início em Castelo de Vide, no dia 5 de Março, de realçar que os “Jogos do Alto Alentejo” são um evento de grande sucesso entre os participantes e de profunda coesão territorial, incluindo mais de 20 modalidades desportivas e a participação de cerca de 4000 atletas, com idades compreendidas entre os 6 e os 90 anos, percorrendo vários locais do distrito de Portalegre.
O festival de encerramento realiza-se na vila de Nisa, a partir das 18,30 horas, após a realização da final de Futsal Masculino (16,30h) – no Pavilhão Gimnodesportivo, procedendo-se cerca das 18,30h ao desfile das comitivas e demonstrações das actividades de Karaté, Pilates e Ginástica localizada, na Praça da República, num ambiente de verdadeira diversão e convívio desportivo. ÀS 19,15h junto ao Posto de Turismo terá lugar a cerimónia protocolar de encerramento dos “Jogos do Alto Alentejo 2017

27.6.17

NISA: Modus Vivendi (1)

Há 60 anos (1946) foi representada em Nisa, com retumbante sucesso, a peça “Romeu e Julieta”. A foto mostra todo o elenco que participou nesta manifestação cultural. Que foi feito do gosto pelo teatro que animava as nossas gentes?
Publicado no "Jornal de Nisa" nº 200 - 2006

26.6.17

NISA: Ídolos do Passado (1)

Naquele tempo o futebol jogava-se aos domingos. Um jogo era uma festa e as equipas tinham os “backs”, os “alvos” e os avançados. Havia os extremos, sempre “colados” à linha, os interiores e o avançado centro. Com esta disposição “estratégica”, os golos não podiam faltar. E pode lá haver futebol-festa, sem golos...
Publicado na edição nº201 do "Jornal de Nisa" - 2006

25.6.17

CASTELO DE VIDE: Concerto assinala aniversário de Salgueiro Maia


JOGO DA MALHA: Torneio Vila de Nisa


OPINIÃO: O interior é fogo que arde sem se ver

Portugal não é apenas o país-falésia que pende sobre o Atlântico, não é somente essa massa de pedra que a qualquer instante ameaça desprender-se do resto do continente, tal como José Saramago o imaginou, à deriva: Portugal é em si mesmo um precipício. Um abismo profundíssimo nos limites do qual habita imprudentemente todo um povo. Uma gente que apenas toma consciência de si e da sua irrefletida existência quando a desgraça lhe bate à porta. Com estrondo.
Há filósofos que chamam a isto “portugalidade”. Os poetas preferem o termo “fado”. Certo é que o “infortúnio” (para usar a designação que é cara aos resignados) é o único fator inalterável e persistente em todos os grandes momentos da história geral de Portugal. “Depois da tempestade, vem a bonança”. Foi assim em Aljubarrota, na baixa pombalina ou frente ao quartel do Carmo. Mas será que era mesmo necessário também ser assim em Pedrógão Grande? Esta é a questão que não carece de resposta, para já, mas que exige muitas mais perguntas. Tantas quantas forem necessárias para que a culpa não morra solteira.
Tantas quantas forem precisas para que os erros de ontem não se repitam amanhã. O momento é de recato, de reflecção, de luto. De grande consternação, bem o disse Marcelo. Mas não deixa também de ser o momento de obrigar os eleitos da República a olharem para o mapa de Portugal. Com olhos de ver. Para que, de uma vez, percebam que o País não está doente, está moribundo. E que o grande mal que o acomete é um e apenas este: a viral litoralização do território. É evidente que nos próximos tempos muito se debaterá em torno da prevenção dos fogos, dos meios de combate aos incêndios, de interesses instalados e de conluios insondáveis, da má gestão da floresta e até dos maluquinhos piromaníacos. Mas a grande questão que salvará gente no futuro, que salvaguardará a floresta e os recursos naturais e que fará de Portugal um país inteiriço e justo tem a ver com a revitalização do interior. Com o desenvolvimento de políticas efetivas para a fixação de pessoas fora dos grandes centros. Com a discriminação positiva a nível fiscal e social para quem persiste em viver no coração da floresta, no cimo da montanha ou na vastidão da planície. Com o apoio às empresas que se queiram instalar nestas regiões. Com a descentralização efetiva do poder. Mas será que Pedrogão Grande os fará finalmente olhar para o mapa de Portugal? E será que eles querem mesmo ver o País que lá vem estampado?
Paulo Barriga in "Diário do Alentejo (Editorial) - 23/6/2017
Ilustração : Susa Monteiro           

24.6.17

NISA: O nome João no dia deste santo popular



São fotos de anos diferentes e que mostram convívios onomásticos dos João(s). Imagens de alegria, saudade e evocação de tantos conterrâneos nossos que já nos deixaram. Recordamo-los, hoje, no "seu" Dia.
A foto de cima é de 1991. É quase histórica, não só por ter sido um convívio muito participado, mas porque na lonjura do tempo, ajuda-nos a perceber esse "fenómeno" a que os políticos não dão qualquer importância: a desertificação do interior.
Deixemos isso. Hoje é dia de S. João e nós, através destas imagens, prestamos homenagem a todos os nossos amigos, familiares e conterrâneos.

AMIEIRA DO TEJO: Arraial Rainha Santa Isabel


A FOTO DA SEMANA no "Diário do Alentejo"

Era o desastre anunciado, mas, ano após ano, pouco ou nada se fez para o evitar. Foi em Pedrógão Grande, mas podia ter sido noutro qualquer concelho do pinhal interior onde o desordenamento florestal é a regra. Sessenta e quatro mortos, 157 feridos. Os números são brutais, como brutais são as imagens que passam nos noticiários, com destaque para as carcaças dos carros no cenário desolador da EN 236-1, onde famílias inteiras morreram a tentar escapar ao inferno. No “passa culpas” fica-se sem perceber se a estrada deveria e poderia estar encerrada ou se foi apenas azar. A tempestade perfeita, dizem. Desta vez não foi mão criminosa a atear o fogo. Foi uma conjugação de fatores: o calor extremo, o vento ciclónico, um raio. Um raio que os parta. 
Foto: Miguel A. Lopes - in "Expresso"
Texto:  Aníbal Fernandes in "Diário do Alentejo" - 23/6/2017

23.6.17

ATLETISMO: Paulo Guerra no Torneio de Encerramento da AADP


A Associação de Atletismo de Portalegre que organiza dia 01 de Julho de 2017 o Torneio de Encerramento – “ convive com o Atletismo”, irá trazer até à pista do Estádio Prof. Eduardo Sousa Lima em Portalegre o Ex internacional Português Paulo Guerra, que virá apadrinhar o evento, especialista em corta-mato e provas de 10.000, foi atleta do Sporting Clube de Portugal e do Maratona Clube de Portugal e no ano de 1999 foi lhe entregue a medalha Olímpica Nobre Guedes que é atribuída aos atletas Portugueses que mais se destacam pelos resultados alcançados.
O Paulo vem até Portalegre para colaborar na promoção da modalidade no distrito, e passar um pouco da sua experiencia a todos aqueles que participarem na competição, gostaríamos de salientar também o facto de que assim que foi convidado a estar presente, o Paulo Guerra aceitou de imediato, demonstrando um enorme gosto pelo atletismo e pela sua divulgação enquanto promotor de um estilo de vida saudável.
A AADP endereça também um agradecimento especial ao IPDJ na pessoa do seu Diretor Regional Miguel Rasquinho, que tem desde o primeiro momento, colaborado de forma inexcedível com a AADP promovendo o atletismo por todo o distrito de Portalegre
Junta-te á AADP nesta festa da família do atletismo e inscreve-te através do formulário Google em : https://goo.gl/forms/WpbKmTQinw5djwXs2

22.6.17

População de Nisa tem excesso de peso

Revela estudo de estagiárias de Enfermagem
A população da vila de Nisa tem excesso de peso, de acordo com um estudo realizado por quatro alunas do Curso de Enfermagem da Escola Superior de Saúde de Portalegre e que teve lugar no dia 2 de Novembro, no auditório da Biblioteca Municipal de Nisa.
Por um dia, parte das instalações da antiga Escola Dr. Graça, serviu como sala de estudo e consultório a quatro futuras enfermeiras, Ana Pinto, Carla Martins, Cláudia Henrique e Marlene Ferreira, no âmbito de um estágio de Cuidados de Saúde Primários que decorreu no Centro de Saúde de Nisa, durante nove semanas.
O excesso de peso e a obesidade, visível, de uma parte considerável da população, motivou as jovens estagiárias de enfermagem para uma acção prática que visava, por um lado, fazer um rastreio e conhecer a percentagem da população com excesso de peso e ao mesmo tempo aproveitar a presença do público para uma sensibilização sobre os cuidados e a necessidade de uma alimentação saudável.
A iniciativa decorreu no horário de funcionamento da Biblioteca Municipal, até às 18,30h, num dia de chuva, circunstância que terá afastado muitas pessoas. Ainda assim foram mais de centena e meia os homens e mulheres, adultos, sobretudo, que afluíram ao auditório da Biblioteca, fizeram a medição da altura, peso e da tensão arterial. Os dados destas operações indicavam, por fim, o Índice de Massa Corporal, que eram comunicados e acompanhados de diversos esclarecimentos e distribuição de folhetos informativos que abrangiam os problemas de saúde desta área em estudo.
No que se refere a algumas conclusões, temos que os indivíduos do sexo masculino são aqueles que apresentaram valores de tensão arterial, de acordo com o preconizado pela OMS (Organização Mundial de Saúde) como Elevados – Hipertensão Arterial.
São também os indivíduos de sexo masculino, ainda segundo os parâmetros da OMS, que apresentam Excesso de Peso, tendo em conta a tabela de classificação do Índice de Massa Corporal.
É na freguesia do Espírito Santo que residem os indivíduos que, na sua maioria têm Excesso de Peso, e na de Nossa Senhora da Graça os indivíduos que, maioritariamente, têm Obesidade.
O rastreio mostrou que é o grupo dos indivíduos reformados aquele que apresenta maiores riscos quer relativamente ao excesso de peso (30%), quer em relação à obesidade (27%), com apenas 10% dos indivíduos desta categoria, presentes no rastreio, a terem uma situação Normal na classificação do Índice de Massa Corporal.
Valores muito semelhantes foram os obtidos para a faixa etária da população com mais de 65 anos, que evidencia Excesso de peso (23%) e Obesidade (18%), sendo apenas de 6% os indivíduos com uma situação Normal, de acordo com os parâmetros já referidos. Note-se que, tanto no grupo dos Reformados como no da faixa etária > 65 anos não há situações de Magreza. Aliás, cabe referir que, da população presente no rastreio, apenas 1% se insere no conceito de Magreza, de acordo com a classificação do Índice de Massa Corporal, não se registando em Nisa, latu sensu, alguns dos fenómenos característicos dos grandes centros urbanos e que atingem, sobremaneira, adolescentes e jovens.
Ana Pinto, Carla Martins, Cláudia Henrique e Marlene Ferreira mostravam satisfação e o sentimento do dever cumprido, no final desta verdadeira acção de saúde pública e de contacto com a população.
“Foi muito gratificante este contacto com as pessoas” – começou por dizer Ana Pinto, natural de Nisa e a “jogar em casa”.
“Estas acções inscrevem-se no âmbito do estágio de Cuidados de Saúde Primários no Centro de Saúde de Nisa e nós tivemos esta ideia, mais abrangente e voltada para o exterior, uma forma de conhecermos os outros e de nos conhecermos a nós próprias. Esta acção era para ser feita na rua, mas acabámos por realizá-la aqui face às condições do tempo. “
De entusiasmo, era a expressão de Cláudia Henrique quando lhe perguntámos se tinha valido a pena esta iniciativa.



“Foi muito bom, pois apesar do mau tempo ainda veio muita gente. Foi pena não terem vindo mais crianças e jovens. Os que vieram mostraram curiosidade e atenção às mensagens que procurámos transmitir, principalmente os relacionados com a alimentação. Pensamos em qualquer coisa para nos aproximarmos da população e este objectivo foi alcançado”.
No âmbito do estágio de nove semanas em Nisa, as quatro jovens passaram por todas as valências do Centro de Saúde, desde o Internamento, às Urgências, Consultas e Extensões locais. O rastreio da Obesidade foi o culminar deste trabalho e aquele que, porventura, mais as terá motivado.
“Os resultados do rastreio, são o espelho do Alentejo, que tem uma população idosa e hábitos alimentares enraizados” – concluem Carla Martins e Marlene Ferreira.
“As pessoas fazem uma alimentação pouco equilibrada e pouco variada, à base de enchidos e gorduras, para além dos estilos de vida, sedentários, e sem actividade física regular. As consequências são as doenças como a hipertensão e a diabetes. A mensagem que procurámos transmitir, a nossa sensibilização, foi no sentido de procurarem ter uma alimentação saudável e variada.
Nota-se que as pessoas têm consciência que são obesas, mas depois não agem em conformidade, não se preocupam em ter comportamentos mais saudáveis, não só no aspecto da alimentação, mas interiorizando a importância do exercício físico, os passeios, uma vida menos sedentária.”
A terminar, as alunas da 4ª Licenciatura B em Enfermagem, fizeram questão de deixar expresso o seu agradecimento às seguintes entidades:
ARS de Portalegre, Engª Gabriela Tsukamoto, presidente da Câmara de Nisa, Equipa de Enfermagem do Centro de Saúde de Nisa, Sr. Bento Semedo, responsável pela Biblioteca Municipal, SPEO – Sociedade Portuguesa para o Estudo da Obesidade, e a todas as pessoas que directa ou indirectamente proporcionaram a realização deste trabalho.
Mário Mendes in “Jornal de Nisa” nº 219 – 2006

21.6.17

VIDAS: Joaquim Louro e o futebol em Nisa

“No meu tempo a bola era "quadrada""
 Do futebol de hoje ao futebol, tal e qual se praticava em Nisa, há 60 anos, no tempo de andar “com as balizas às costas”, vai uma grande distância: o “salto” das transformações que abalaram o mundo e do poder do dinheiro, que se instalou na designada “indústria do futebol".
Joaquim da Cruz Ribeirinho Louro, nisense, 85 anos, lembra, com uma memória, por vezes ténue, outras, empolgante, o que foram esses tempos e as paixões que o futebol despertava em Nisa. Ouçamo-lo:
“ Nasci em Nisa e andei na escola do Rossio e fiz a 4ª classe, sendo aprovado com distinção. O meu professor era o senhor José Dinis Paralta e quando queria dar reguadas dizia: xi, xi, xi, . Nunca levei reguadas, mas uma vez livrei-me de levar uma quantidade delas. O professor estava a fazer perguntas a um colega e eu antecipei-me e comecei a responder por ele. Diz-me, então o professor: “Ai sabes muito? Pois vais responder a seis perguntas e se não souberes podes preparar as mãos. Eu respondi, com grande alívio, às perguntas.
Quando saí da escola estive até aos 14 anos a ajudar o meu irmão Xico, que era alfaiate e barbeiro. Fiz ainda outros trabalhos e depois fui para o Grémio da Lavoura, onde estive mais de 20 anos, como contabilista.
Trabalhei também na Barragem do Fratel, na firma Vaz Guedes, Serra e Fortunato, em Nisa na Padaria do sr. Virgílio, era eu que passava as facturas e dava alguma assistência na contabilidade, para além de ter trabalhado ainda na Seprol, uma empresa que andava a instalar a rede de esgotos em Tolosa.”
E não me falou no Cine Teatro, onde esteve alguns anos…
" Fui o bilheteiro do cinema. Antes de mim era o senhor Moniz que lá estava, era empregado do Alcobia, que trouxe e cinema à renda durante anos. O Moniz passou-me a pasta a mim quando a exploração do Cine Teatro passou para a firma António Mendes, que era o pai do senhor Vilela.
Vendi bilhetes durante muitos anos, recebíamos uma bagatela, 3 ou 4 escudos. O cinema também não dava para mais e sempre víamos algum filme. Antigamente havia muita gente a ir ao cinema. Filmes de cowboys  e de romanos era sempre casa cheia. Isso hoje acabou e eu nunca mais fui ao cinema, a não ser a alguns espectáculos ou iniciativas da Câmara para idosos.
Vamos lá então ao futebol…
" Comecei a jogar aos 18 anos no Sport Lisboa e Nisa (Benfica). Os jogos eram no campo do Alto de Palhais e ali jogávamos com o Alpalhão, Ponte de Sor, Alter e outras equipas. Havia muita gente a ver os jogos, era um disparate.

Quando apareceu o Sporting em Nisa, nos finais dos anos 30, a direcção disse-nos: “rapaziada, aqueles que são sportinguistas e quiserem sair, podem sair à vontade”. E eu, o Jaime Matutino e outros fomos jogar para o Sporting. E foi pelo Sporting que nós ganhamos ao Benfica de Nisa por 4-3 na inauguração do Campo do Sobreiro. O campo estava cheio, eu jogava a interior-direito. Nesse tempo, não era como agora. As equipas jogavam “à inglesa”, com cinco avançados, para marcar muitos golos.
O Sporting de Nisa teve uma existência muito curta?
" Sim, durou pouco tempo. Quando comecei a jogar já havia campo. O terreno no Alto de Palhais era do sr. Júlio Bento e do pai do sr. Isaac. Eram pessoas muito bairristas e também gostavam de futebol.
O Campo do Sobreiro esteve primeiro cedido ao Sporting, pois o Dr. Carlos Bento estava casado com uma filha do sr. Aníbal Vieira, o dr. Graça. Como o Sporting acabou, o campo continuou a ser utilizado pelo Benfica até hoje.
O Sporting tinha uma sede na rua do Mártir, por cima da casa do sr. Mário Bicho, numa casa do sr. Passinhas. O contínuo era o ti Manuel Marzia e a casa tinha um grande quintal onde se faziam bailes com muita gente. Naquela altura, o povo era quase todo sportinguista."
Quantos anos jogou à bola?
" Joguei futebol durante 15 anos. No Benfica e no Sporting. Gostava muito de jogar e era essa paixão que nos motivava. Nunca ganhámos nada. Uma vez, quando me mudei do Benfica para o Sporting ainda levei uma estalada do meu pai, lembro-me bem, à lareira, pois ele queria que eu jogasse no Benfica, não por ser benfiquista (era do Sporting) mas por respeito e afeição ao dr. Granja, um grande benfiquista que Nisa teve.
Nunca tive problemas com o futebol. Jogava-se rijo, corria-se muito, havia por vezes umas cacetadas, no calor dos jogos, mas depois tudo serenava. Era tudo boa gente. Jogava-se mais com o físico, não havia a técnica que há agora. Nem a técnica, nem os treinos e muito menos as condições que há hoje.
Uma vez fomos jogar ao Crato e viajámos numa carroça do ti Zé Moleiro. Demorámos 3 ou 4 horas daqui para lá e chegámos a casa já bem de noite."
Como foi o seu percurso de treinador?
" Eu propriamente treinador encartado nunca fui. Sendo sportinguista e sócio do Nisa e Benfica dei sempre a minha melhor colaboração a qualquer das direcções que me pediram para eu treinar, fosse a equipa de juniores, fosse a dos seniores. Treinava sem qualquer manual, baseava-me mais naquilo que eu sabia e na minha experiência pessoal. O que eu exigia era a preparação física. Esta é a base principal de qualquer jogador. Futebolista mal preparado não pode competir e não pode dar bom resultado."
Futebol de ontem, futebol actual. Quais as semelhanças e diferenças?
" Gosto muito de futebol e sempre que possível vou acompanhando. As arbitragens não condizem com aquilo que o futebol precisa, tem de haver mais verdade no jogo. O futebol agora é muito mais técnico, no geral. Privilegia-se a defesa, não sofrer golos, no meu tempo era ao contrário: marcar quantos mais melhor.
Em Nisa, tenho pena do que se está a passar, sem termos uma equipa sénior de futebol. No meu tempo tivemos duas, duas grandes equipas e lastimo bastante que não haja futebol em Nisa. As pessoas têm que acordar.
Eu joguei futebol, o que dei ao futebol foi de vontade e por prazer. Posso não ter agradado a muitos, mas nem eu nem os meus colegas desse tempo tiveram qualquer benefício em serem jogadores. Só um grande prazer e uma forte paixão.”
Se calhar é o que falta a muitos dos nossos “ídolos” com pés de barro…
Mário Mendes in "Jornal de Nisa" nº 219- 2006

19.6.17

ALPALHÃO: Vem aí a 1ª Feira Equestre e Agrícola


NISA: Academia de Férias escolares


CASTELO DE VIDE: Noivas de S. João


Banda de Nisa no Festival Internacional de Bandas Filarmónicas do Alto Alentejo

A banda da Sociedade Musical Nisense é uma das participantes no Encontro Internacional de Bandas do Alto Alentejo, a realizar em Monforte no dia 2 de julho de 2017.
Apelamos à divulgalção do festival e convidamos as bandas que não irão marcar presença e as diferentes entidades a marcarem presença.
Apela-se ainda à imprensa para marcar presença. Refira-se que as 8 bandas irão interpretar em conjunto o Hino da Federação, de Sílvio Pleno e o Paso Doble, João Moura, de Alexandre Ribeiro (homenageado) e que os dois temas serão acompanhados por um espetáculo pirotécnico.

16.6.17

O Andanças'17 em Castelo de Vide!

Em 2017 o Andanças acontecerá durante 4 dias, de 8 a 11 de agosto, na vila de Castelo de Vide,  assinalando a sua vigésima segunda edição, sob o tema Andanças, em Redor da Vila – Castelo de Vide.
A realização do Andanças 2017 em Castelo de Vide nasce da vontade de garantir o futuro do festival, após o incêndio que ocorreu em 2016, tendo a PédeXumbo, a associação organizadora, decidido realizar uma edição num formato mais reduzido, tanto em número de dias, como em número de públicos.
A bonita vila de Castelo de Vide será assim o cenário da nova edição do Andanças, onde as danças e as músicas tradicionais do mundo, as diversas oficinas, os passeios, os bailes, os concertos,  as sessões de cinema, a programação especialmente dedicada a crianças e famílias, animarão as ruas e os espaços da vila do Alto Alentejo.
O Andanças 2017 manterá o mesmo formato e continuará a ser um festival onde o público deixa a típica postura de espetador para assumir um papel ativo, participando nas dezenas de oficinas e atividades que preenchem cada dia.
Entre os vários espaços programados destaca-se o recinto do festival no antigo campo de tiro, a oferecer vistas panorâmicas da paisagem circundante e das montanhas que envolvem a vila, assim como diversos recantos com sombras e árvores. Nesta área estarão três palcos de bailes e oficinas, o Espaço Crianças e Famílias, o Espaço das Atividades Paralelas assim como várias áreas lounge e um bar.
Estreitando laços com a comunidade que o acolhe, está prevista programação aberta e gratuita a todos, que acontecerá no Coreto do Jardim Público no Cineteatro Mouzinho da Silveira, na Igreja de S. Francisco, nas ruas da vila de  Castelo de Vide e também em Póvoa e Meadas, com um dia de Andamentos. O Mercado de Artesanato e os Espaços de Restauração também estarão acessíveis a todos.
No Andanças 2017 não faltará dança e música, um convite constante para experimentar e partilhar através destas formas de expressão e para viajar por universos sonoros e sensoriais de outras partes do mundo. Haverá mais de 40 oficinas, 30 atividades para crianças e famílias, 30 bailes, 10 concertos, 20 atividades de relaxamento e desenvolvimento pessoal, assim como vários passeios e atividades locais.
Continuaremos a manter o espaço livre de poluição, promovendo e disseminando boas práticas sociais, económicas e ambientais, como o uso da caneca, o apelo para a escolha de formas mais sustentáveis de transporte, a compra de produtos produzidos localmente, entre outras. 
Este ano a caneca Andanças, ex-libris do festival, para além de ajudar a manter o festival livre de plásticos e descartáveis, transformar-se-á num símbolo da solidariedade. A venda das canecas Andanças reverterá a favor da AJUDADA Andanças 2016 – movimento espontâneo, informal e independente de solidariedade e entreajuda, baseado numa rede alargada de grupos locais e regionais de voluntários, criado para dar apoio aos lesados do incêndio no Andanças em 2016.
Como em anos anteriores o campismo será gratuito, embora limitado por se encontrar também na vila. Ofereceremos, também gratuitamente, a possibilidade de acantonamento no Pavilhão Gimnodesportivo, para o qual será necessário reservar espaço.
Este ano será mais fácil chegar até ao Andanças de transporte público. Já foram criadas parcerias com a CP e a Rede Expressos, com descontos para quem apresente bilhete válido, e transferes gratuitos a partir de Vila Velha de Ródão. Apesar de não haver um parque de estacionamento oficial, serão criadas várias bolsas de estacionamento em diferentes pontos da vila.
O voluntariado  continuará a pautar e a distinguir o festival, que é de todos os que o ajudam a fazer.
Em 2017, o Andanças continuará a ser um laboratório de ideias, experiências, criações, como génese de sonhos e momentos de sinergias, assentes nos pilares da música e da dança, do voluntariado, da sustentabilidade e da comunidade - que este ano estará ainda mais presente!
O Andanças, mais do que um Festival de Música e de Dança, pretende continuar a ser um festival onde se é, se dança, se aprende, se está em família e se faz parte!
O Andanças é organizado pela PédeXumbo – Associação para a Promoção de Música e Dança.
A PédeXumbo (PX) é uma associação portuguesa que trabalha desde 1998 a promoção da música e dança tradicional, não apenas de Portugal, mas também de outras origens. Uma equipa profissional dedica-se à recuperação e divulgação destas práticas culturais, através de registos, coproduções, criações artísticas, investigação e através do ensino formal e informal destinado a todas as idades. A PédeXumbo também organiza festivais em todo o país e programa regularmente no seu próprio espaço, em Évora, oficinas, concertos e bailes para vários públicos.

15.6.17

MONTALVÃO: Recordações da casa amarela




Ai que saudade eu já tinha
Da minha alegre casinha
Tão modesta como eu
Meu Deus, como é bom morar,
Numa aldeia onde o luar
Parece uma bênção do Céu...

SANTANA (Nisa): O cultivo do linho como fonte de receita

Sabia que…
… O linho foi no passado a maior fonte de receita dos lavradores do Arneiro, Duque e Pardo? No ano de 1855 “…os Montezinhos se adiantavam um pouco mais, por não terem terras de safra , mas n´estes últimos tempos, como tem deixado bons proventos, e é muito perguntado, todos em geral o semeiam, e em quantidade, que n´este anno, houve lavrador, que semeou 40 alqueires de linhaça e mais e o preço regulou por oitocentos réis a pedra (oito arráteis) (1), e produziu por um cálculo aproximado sete a oito pedras por alqueire, e recolheram-se em todo o concelho para mais de 10,000 pedras".(Motta e Moura, 1855).
Do linho faziam-se as melhores peças do enxoval e as camisas domingueiras do vestuário masculino. Mas antes de o tecer havia que o semear em fins de Outubro, que o mondar pela Primavera, e que o arrancar ao princípio do Verão. Durante os cinco dias seguintes dormia sobre a terra para perder o viço. Depois era vê-lo, louro, atado em molhos que secavam ao alto para amadurecer a semente, a linhaça. Alagava-se, mais tarde, no Tejo, junto aos Moinhos, aí permanecendo cerca de nove dias, altura em que de novo se erguia em molhos para enxuga. A seguir era colocado em cima de uma pedra e com um pau redondo era batido até que a casca do linho ficasse moída. Enquanto os homens maçavam, as mulheres, com gramas, limpavam-no de cascas e arestas. Em seguida era penteado no sedeiro e finalmente, já separado da estopa, era enrolado numa roca, fiado e feito em meadas que, depois de lavadas em água corrente, eram mergulhadas na barrela, numa calda com água e cinza. Escorridas as meadas, eram estas levadas a um forno tépido, sobre pedaços de cortiça, e tapadas com um pano embebido na mesma calda. Tapavam-se bem todas as fissuras do forno (usando cinza e bosta de boi) e aí ficavam durante três ou quatro dias. Uma vez retiradas do forno, lavavam-se nos ribeiros e coravam-se em cima de junco ou palha e, depois, fazia-se a barrela: metiam-se as meadas num cesto, e cada camada era aspergida com cinza e água quente. Aí ficavam de um dia para o outro, até serem de novo limpas pelas águas correntes dos ribeiros. Por fim eram dobadas e levadas a tecer A cultura do linho foi das primeiras a ser abandonada quando começaram a escassear os braços para a agricultura, e os seus tecidos frescos, de brancura imaculada, tornaram-se luxos ciosamente guardados para os filhos e os netos.
(1) - Arrátel, antiga medida de peso, equivalente a 459 gr.
Texto e foto retirado de "O Montezinho" - Boletim da freguesia de Santana

ALPALHÃO: Largo do Calvário vai ser palco da primeira feira equestre e agrícola

Exposições de gado e maquinaria agrícola; demonstrações com cavalos; tasquinhas e animação musical compõem o programa da ALFAGRI, a primeira feira equestre e de agricultura de Alpalhão.
O certame, agendado para os dias 14,15 e 16 de julho, no Largo do Calvário, vai contar com mais sessenta expositores, todos do Alto Alentejo.
Em declarações à rádio Portalegre, Alcina Batista, uma das promotoras do evento, explicou que na primeira edição da ALFAGRI as entradas vão ter um preço simbólico de forma a assegurar a continuidade da feira, naquela freguesia do concelho de Nisa.

Carla Aguiã in "Rádio Portalegre"

14.6.17

MONTALVÃO HOMENAGEOU ANTÓNIO CARDOSO MOURATO

Professor, humanista e defensor do património











A antiga Escola de Montalvão acolheu no passado sábado, uma Festa e Homenagem ao Dr. António Cardoso Mourato, organizada pela Associação Vamos à Vila e distinguindo uma das personalidades que se evidenciaram no campo da Salvaguarda do Património Cultural de Montalvão.
Numa sala cheia, coube à classe de acordeão do Conservatório Regional de Castelo Branco, dirigida pelos professores Carisa Marcelino e Horácio Pio, dar as boas vindas aos convidados e ao homenageado, com um concerto musical de grande qualidade que prendeu e entusiasmou a assistência.
José Maria Belo, fez o elogio do Dr. António Cardoso Mourato, um dos compiladores de "Montalvão, Elementos para uma monografia desta freguesia do concelho de Nisa", e autor de importante recolha gravada em Montalvão, Nisa e Póvoa e Meadas, que abrange diversas áreas da Cultura, desde a Literatura Tradicional, a Linguística e a Antropologia.
José Belo justificou a homenagem como uma prova de respeito e admiração a um montalvanense de elevado mérito, sempre arreigado á sua terra, aos seus valores e tradições.
Destacou o percurso de vida do homenageado, de origem humilde, o Curso de Enfermagem, através do qual evidenciou a sua capacidade de se dar aos outros em hospitais como o de S. José e outros, destacando ainda a sua ânsia de conhecimentos que o levou a frequentar e a concluir o Curso de Letras da Universidade de Lisboa, após o qual enveredou pela carreira profissional no Ensino, leccionando em diversas escolas da Grande Lisboa e mostrou o seu carácter de grande professor e humanista.
Entre 1965 e 1976 foi assistente de programas de âmbito cultural na EN (Emissora Nacional) procurando dar sentido ao lema “instruir e educar”, que prosseguiu mesmo após a aposentação, mostrando a sua ânsia de servir, como sempre fizera com os seus doentes e alunos. Esta homenagem é, pois, inteiramente merecida e justa”.
João Caixado, presidente do Casal Popular da Damaia, associação de solidariedade social à qual António Mourato, desde há cerca de 20 anos presta valiosa colaboração como voluntário, disse que “o professor Mourato é bem o exemplo daquilo que nós, que gerimos um Centro de Dia, defendemos para a chamada “3ª idade”, que é o conceito de “Envelhecimento Ativo”.
Há pessoas que estariam dispostas a gastar rios de dinheiro, pelo “elixir da eterna juventude”, por medicamentos que lhes garantisse uma vida longa e saudável, quando a solução está ao alcance de todos, e é gratuita.
Com 85 anos continua a colaborar com o Casal Popular, animando, todas as semanas, tertúlias literárias, com um papel activo de grande humanista e sendo um exemplo de solidariedade para com os outros.”
António Mourato agradeceu a iniciativa da Associação Vamos à Vila, considerou que a noção de valor é relativa, e que tudo o que fizera na vida tinha uma “marca”, a da terra onde nascera: Montalvão.
Prometeu continuar a trabalhar, pois “parar é morrer” e na forja está já a preparação de um livro sobre poetas populares montalvanenses.
Mário Mendes in "Alto Alentejo" - 14/6/2017