30.9.17

MEMÓRIA HISTÓRICA: A Feira de S. Miguel em Nisa (1908)

São documentos da Administração do Concelho de 1908 e referentes à Feira de S. Miguel (Outubro). Num, o Administrador do Concelho pede ao Governador Civil o reforço da segurança da feira, solicitando o envio de uma força militar e nos seguintes dá conhecimento de roubos, indicando os autores, em comunicações enviadas ao Juiz da Comarca. 
Carta do Administrador do concelho ao Governador Civil – 1/10/1908
Devendo realizar-se n´esta villa nos dias 9, 10 e 11 do corrente mez a feira annual denominada de São Miguel, aonde é costume affluirem muitos ciganos entre os quaes e alguns populares d´esta villa se teem dado conflictos nas feiras anteriores, venho rogar a Vª Exª se digne ordenar que seja para aqui destacada n´aquelles dias de feira uma força militar de 25 ou 30 praças a fim de me coadjuvarem na polícia da mesma feira. Peço outrossim a Vª Exª se digne dar as suas ordens para que se apresentem na mesma feira 4 guardas de polícia civil por causa dos gatunos que por essa occasião são muito frequentes.
Tanto a força militar como os guardas de polícia que requisito devem estar aqui no dia 8 de manhã para regressarem no dia 12, ficando aqui destacados como de costume dois dos referidos guardas.
(a)   Bastos

Roubos na Feira de S. Miguel
Carta do Administrador do concelho ao Dr. Juiz de Direito n´esta Comarca – 12/10/1908  
Para os devidos effeitos cumpre-me communicar a Vª Exª que na madrugada de 10 do corrente, foi preso na feira d´esta villa, António da Silva, solteiro, trabalhador, natural da freguesia de São João Boavista, concelho de Taboa, Districto de Coimbra, o qual roubou 1050 reis a Francisco Tavares, casado, caldeireiro, natural de Lardosa e residente no Fratel, e bem assim roubou um capote a José Simões Henriques, casado, paneiro, morador em Aldeia da Mata. Podem depor como testemunhas Francisco Maria Carrapiço, casado, morador na Estrada de Sant´Anna em Portalegre e os guardas de polícia civil nº 9 Manuel Maria Gomes, nº19 Domingos Bengalla, nº 40 António Dias e 44 João Rodrigues Rollo. O arguido encontra-se na cadeia d´esta villa às disposições de Vª Exª.
Com este officio será entregue a Vª Exª o capote e os 1050 reis, sendo mil reis em prata e cincoenta reis em cobre.
(a)   Bastos
Carta do Administrador do concelho ao Dr. Juiz de Direito n´esta Comarca – 12/10/1908  
Para os devidos effeitos cumpre-me communicar a Vª Exª que na madrugada de 10 do corrente, foi preso na feira d´esta villa, José da Sila Rato, solteiro, cesteiro,, natural de Castelo Branco, o qual roubou da carroça de Manoel Quaresma, de Porto da Espada, um casaco e um collete de fazenda, pertencentes a um seu creado.
Podem depor como testemunhas: José da Silva Salgueiro, casado, jornaleiro, morador na Rua do Martyr d´esta villa, e os guardas de polícia civil nº 9 Manuel Maria Gomes, nº19 Domingos Bengalla, nº 40 António Dias e 44 João Rodrigues Rollo. O arguido encontra-se na cadeia d´esta villa às disposições de Vª Exª.
Com este officio será entregue a Vª Exª os referidos casaco e collete.
(b)   Bastos

NISA: Fado Solidário a favor dos Bombeiros Voluntários


29.9.17

NISA: Memória Histórica - A arrematação do Paço Episcopal (1846)

Auto de Arrematação do Paço Episcopal com seu quintal arrendado a Joaquim da Costa Soares por 2.300 réis
Anno do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos quarenta e seis, ao primeiro dia do mez de Junho do dito anno n´esta villa de Niza e secretaria da Administração do concelho da mesma aonde se achava o actual Administrador, António Bibiano Biscaia e Ortas, mandou o mesmo metera pregão de venda e arrematação por tempo de hum anno que hade principiar no dia de S. João do corrente anno, e hade findar em outro egual dia de mil oitocentos e quarenta e sete; o Paço Episcopal, capella, quintal, e mais pertences ficando o rendeiro obrigado a boa conservação e amanho de prédio, sugeitando-se as vistorias que as authoridades julgarem necessárias para vereficar em consertado do mesmo, e responsabilizando-se para com a Fazenda Nacional pelos dannos e prejuízo que lhe causar, por dolo e ommissão e com declaração que a Fazenda não idemminisara por occorrencias de cazos idênticos; o qual andando em praça teve vários lanços, tendo por ultimo o de vinte mil e trezetos reis que lhe poz Joaquim da Costa Soares debaixo dasmensionadas condições, e por não haver qum mais desse lhe mandou o dito Administrador arrematar ao que o porteiro satisfez com as solemnidades da lei, e deu, no seu fiador e principal pagador a José Semedo Beato Gomes desta villa, do que para constar mandou o dito Administrador fazer este Auto que todos assignarão.
Eu, Manoel Alvez Grácio, Escrivão da Administração o escrevi.
 O Paço Episcopal na descrição de Motta e Moura
(...) Resta-nos falar do paço episcopal do bispo da diocese com sua capellinha mui elegante e formosa, e campanários, e uma espaçosa e fertilíssima cerca e cocheira, palheiros e cavalharices, isto no Arrabalde ao fundo da rua do Mourato, próximo da antiga porta de S. Thiago; foi mandado edificar nos annos de 1792, 93, e 94, por D. Manoel Tavares Coutinho, cujas armas estão collocadas n´uma formosa lapide de marmore           branco sobre a porta principal da entrada, e foi dirigida a obra pelo seu secretario o cónego António Fernandes da Costa, que na qualidade de vigário capitular governou o bispado no anno de 1828.
Havia antigamente n´este sitio uma estalagem com seu chão contíguo, que eram de Diogo Dias Galliano, e umas casas térreas, e entre estes prédios e a muralha vinha uma azinhaga da porta de Montalvão para a de S. Thiago, mas o prelado comprou aquelles, havendo primeiro licença para isso, e para possuir e transmitir a seus successores o novo paço que lhe foi concedido por Alvará de 11 de Outubro de 1790, que está registado no 5º livro do Tombo da camara, e mudou esta para o logar, em que se acha ao redor da cerca.
Concluída a obra, veiu seu dono estar aqui uma boa temporada, e por sua morte os seus successores continuaram possuindo-a, mas era tal a tendência, que em 1834 havia para a espoliação, que, fallecendo então o ultimo bispo D. José Francisco da Soledade Bravo, incorporam-n`a nos próprios nacionaes, e logo houve quem o quizesse comprar; mas o vigário geral da diocese oppôz-se á venda; e já agora é de crer, que não se venda, porque os animos vão quietando, e algumas ambições estão satisfeitas além de suas esperanças; e todos reconhecem já a identidade do dono, e não quereriam ir arrematar um prédio, que lhe podia mui breve ser reivindicado e pedido (1).
(1)   Foi porém vendido, e além do comprador, outros pretendiam não só, mas disputavam também a compra. Se é legal a posse ou não, que importa? É um facto consumado, como tantos outros!

CGTP-IN: 47 anos a valorizar o trabalho e os trabalhadores

A criação da Intersindical Nacional, no dia 1 de Outubro de 1970, constituiu um marco de grande significado no percurso do movimento operário e sindical, força de progresso social e de emancipação dos trabalhadores.
A CGTP-IN, pela sua natureza de organização sindical de classe, pelos seus princípios (unidade, democracia, independência, solidariedade, sindicalismo de massas) e objectivos programáticos por que se orienta, pela acção desenvolvida ao serviço dos trabalhadores e do país, pelos valores internacionalistas que defende e pratica, afirma-se, justamente, como legítima herdeira e continuadora das melhores tradições do movimento operário e sindical português, da sua longa e heróica luta contra a exploração, pelo direito ao trabalho e ao trabalho com direitos, pela construção de um Portugal verdadeiramente soberano e independente, em que a democracia, a justiça social e o progresso sejam uma realidade em toda a sua plenitude.
Constituída a partir da base, pelos trabalhadores e para os trabalhadores, a CGTP-IN teve uma intervenção relevante na resistência ao fascismo, na luta pela liberdade, a democracia, os direitos laborais e sociais e, já após a Revolução de Abril, pela instauração e consolidação do regime democrático.
A intervenção da Intersindical Nacional foi decisiva para a concretização das transformações políticas, económicas e sociais então realizadas e consagradas na Constituição da República Portuguesa e a sua acção de resistência à política de direita tem sido determinante para obstaculizar a ofensiva neoliberal que faz das injustiças e das desigualdades, da exploração e do empobrecimento generalizado dos trabalhadores, do povo e do país, a favor dos mais ricos e poderosos, as traves mestras do ajuste de contas com a democracia política, económica, social e cultural, conquistadas com a Revolução de Abril.
A luta dos trabalhadores – nas suas formas e objectivos – e consequentemente a acção do movimento sindical de classe, como sua expressão organizada e dirigente, é sempre determinada pelas condições concretas de cada momento, pelas etapas de desenvolvimento social, pela correlação de forças que se vai construindo, pela ofensiva mais ou menos intensa do patronato, pelos níveis de organização e consciência dos trabalhadores.
Foi a força e a luta dos trabalhadores, unidos em torno da sua central de classe, que contribuiu decisivamente para tornar possível aquilo que parecia impossível: a demissão do governo PSD/CDS, a travagem do seu programa de destruição dos valores e direitos conquistados com Abril e a alteração da correlação de forças na Assembleia da República.
Valorizando um conjunto de medidas de âmbito laboral e social, introduzidas ao longo dos últimos dois anos, que atenuaram as dificuldades dos trabalhadores e das famílias, a realidade confirma a necessidade de serem dados passos firmes e consequentes no combate aos problemas estruturais, que colocam Portugal como o sétimo país da OCDE com maior nível de desigualdades.
Neste quadro, é preciso ir mais longe e implementar uma estratégia de desenvolvimento que tenha como referência central a valorização do trabalho e dos trabalhadores.
Uma estratégia que conduza ao aumento da produção nacional, de modo a superar a debilidade do tecido produtivo, que nos torna dependentes das importações excessivas; à redução do peso da dívida, o que exige a sua imediata renegociação, nos seus prazos, juros e montantes, disponibilizando os recursos financeiros para os investimentos necessários ao desenvolvimento económico e social; à rejeição das imposições da União Europeia e dos constrangimentos do Euro, nomeadamente do Tratado Orçamental e do Pacto de Estabilidade e Crescimento, para valorizar os trabalhadores do sector público e reforçar a capacidade de resposta dos serviços públicos às necessidades e anseios das populações; o retorno ao património público de empresas e sectores estratégicos, indispensáveis ao desenvolvimento sustentado do país e à defesa da sua soberania.
Uma estratégia que implica opções políticas de fundo, que combatam o desemprego e a precariedade e promovam o emprego estável e com direitos, sem o qual a emigração de jovens e trabalhadores qualificados não será estancada; o reforço da coesão social, o que exige uma justa repartição da riqueza e do rendimento, políticas sociais justas e o ataque às desigualdades, para dar resposta aos mais graves problemas da sociedade; a revogação das normas gravosas da legislação do trabalho, nos sectores privado e público, assim como a efectivação do direito de negociação, a eliminação da norma da caducidade e a reintrodução do princípio do tratamento mais favorável, para assegurar o direito de trabalho e promover a harmonização social no progresso.
A evolução recente comprova as potencialidades para o crescimento da economia e do emprego que uma política de devolução de rendimentos incorpora e confirma que, se houver vontade política, é possível afirmar e consolidar uma efectiva mudança de política que promova a coesão económica, social e territorial.
Neste quadro, a CGTP-IN exorta todos os trabalhadores a intensificarem a luta nos locais de trabalho e na rua, exigindo, do governo do PS e do patronato, a concretização das suas reivindicações, indissociáveis da melhoria das condições de vida das famílias e de um Portugal com futuro.
Tendo hoje, como sempre, nos trabalhadores, os protagonistas e destinatários da sua acção, a CGTP-IN vai continuar a mobilizar, esclarecer e unir esforços para dar corpo a uma verdadeira mudança de política, uma política de esquerda e soberana.
Arménio Carlos
Secretário-Geral

NISA: Poetas populares do concelho - Jorge Pires

Poesia de Outono
Termina o Verão, começa o Outono
É tempo de secarem as flores
É tempo de o rei descer do trono
E pintar o mundo de outras cores

É tempo das andorinhas nos deixarem
E partirem à procura de calor
É tempo de os tordos cá voltarem
Para serem exterminados sem pudor

É tempo de limpar os nossos rios
Com a chuva que cai do firmamento
É tempo de encher corpos vazios
E mostrar que somos gente por um momento

É tempo dos rouxinóis se calarem
E deixar os nossos campos sossegados
É tempo de outros pássaros voltarem
E não deixar que sejam apanhados

É tempo de varrer toda a folhagem
Que o vento agreste derrubou
É tempo de mostrar nossa coragem
A lembrar o tempo que passou.

É tempo de cultivar nossas terras
Para depois haver searas verdejantes
É tempo de acabar com tantas guerras
E ver os campos como a gente via dantes.

É tempo de brincar com nossos filhos
Nos jardins da prudência e do amor
É tempo de evitar muitos sarilhos
Ensinando-os a plantar uma flor!
Jorge Pires

28.9.17

NISA: Postais do Concelho – Teatro de Amadores (1946-1947)


A foto de 1946 mostra um grupo de amadores nisenses que representou a peça teatral “ A Morgadinha de ValFlor”, o sensacional drama em 5 actos, de Pinheiro Chagas, uma  “obra prima do Teatro Português” como anunciava o programa. A récita teve 2ª representação no dia 2 de Janeiro de 1947, no Cine Teatro de Nisa.
Para o registo, histórico, ficam os nomes dos actores (muitos deles já falecidos) desta “sublime e profunda peça do nosso Teatro”, indicando-se entre parêntesis o nome das personagens que interpretavam:
Lúcia Bicho (D. Leonor Coutinho), Lourdes Pinheiro Heitor (D. Teresa Coutinho),Antónia Maria Gomes (Mariquinhas), José Dinis Martins (Luís Fernandes), António Semedo (Leonardo Fernandes), António Serralha (Pedro Paulo, capitão-mór), António Emílio Ramos (Rodrigo, capitão de cavalaria), Joaquim A. Venâncio (Frei Inácio),António P. Bento (Bernardo Domingues), Joaquim Correia Matias (José Félix), Júlio Casimiro (Diogo Barradas). Completavam o elenco “camponezes, camponezas, criados da Casa ValFlor”. A ficha técnica integrava ainda dos nomes de Júlio da Cruz Filipe(ponto), António Pires Bento (contra-regra) e António José Pereira (caracterização).
A Troup Jazz  “Os Fixes” abrilhantavam o espectáculo e os bilhetes mais caros (cadeiras de orquestra) custavam 12 escudos e o mais económico (a geral) quatro escudos e cinquenta centavos.

26.9.17

NISA: A liberdade está a passar por aqui...

LIBERDADE
Foi em certa madrugada
De um tal mês de Abril
Que a população meio ensonada
Encheu os ares de vivas mil.

Acorda povo que és meu
Que as algemas estão quebradas
Vem ver o que aconteceu
Com as nossas forças armadas.

Despertai pró novo dia
Pois passou a noite escura:
Chegou p´ra nós a democracia
E já findou a ditadura.

Liberdade, viva a liberdade!
- Gritava-se a toda a brida;
Chegou p´ra todos a igualdade,
Que já nos foi prometida.

Treze anos já são passados
Desde que veio a liberdade.
Mas p´ra mal dos nossos pecados,
Ainda não chegou a igualdade.

Essa liberdade tão desejada
Nada nos trouxe de novo
E a igualdade veio mascarada
Só p´ra iludir o nosso povo.

Mata-se e rouba-se em pleno dia
E com toda a liberdade.
Para que serve a democracia
Num país sem autoridade?

Não há segurança nas ruas,
Que o digam os taxistas:
Essas madrugadas são já escuras,
Que só servem prós terroristas.

Ainda há fome e grandes misérias
Com os seus trajes horripilantes
Essas frases são apenas lérias,
Fazendo lembrar como era d´antes.

A liberdade que eu almejo
É bem real e vem de cima.
Traz-me do céu o seu lampejo,
Dá-me fé e me anima.

Por isso, eu serei sempre fiel
A essa liberdade tão querida
E a igualdade será como mel,
Quando por Deus for repartida.
Um nisense (1987)

NISA: Um "equilibrista" na Praça da República

25.9.17

NISA: Evocação do Dr. Durões Correia



É uma lembrança singela do Almoço de Confraternização e Homenagem dos antigos alunos do Colégio Condestável ao seu director Dr. António Durões Correia, iniciativa realizada no dia 15 de Abril de 1973. Como se vê na foto de baixo, há muita gente conhecida, alguns já falecidos, todos eles, reconhecidos ao papel educativo desempenhado pelo Colégio Condestável e principalmente pelo seu Director, que se empenhou, juntamente com outros professores, na preparação e formação dos alunos que frequentaram aquele estabelecimento de ensino, muitos deles guindados a outros patamares da vida académica e científica ou a desempenhar funções de alto nível na administração pública. 
Sobre o Dr. Durões Correia teremos oportunidade de, nestas páginas (faz de conta que escrevemos no Jornal de Nisa), descrevermos um pouco da sua personalidade, obra e seu contributo na formação de tantos jovens do concelho de Nisa. 

SAÚDE: Dia Mundial do Coração assinala-se a 29 de setembro

Valorização imediata dos sintomas pode evitar morte por enfarte
 O enfarte agudo do miocárdio, ou ataque cardíaco, ocorre quando uma das artérias do coração fica obstruída o que faz com que uma parte do músculo cardíaco fique em sofrimento por falta de oxigénio e nutrientes. Esta obstrução é habitualmente causada pela formação de um coágulo devido à rutura de uma placa de colesterol.
Os sintomas mais comuns, para os quais as pessoas devem estar despertas, são a dor no peito, por vezes com irradiação ao braço esquerdo, costas e pescoço, acompanhada de suores, náuseas, vómitos, falta de ar e ansiedade. Normalmente os sintomas duram mais de 20 minutos, mas também podem ser intermitentes. Podem ocorrer de forma repentina ou gradualmente, ao longo de vários minutos.
Na presença destes sintomas é importante ligar imediatamente para o número de emergência médica – 112 e esperar pela ambulância que estará equipada com aparelhos que registam e monitorizam a atividade do coração e permitem diagnosticar o enfarte. A pessoa não deve tentar chegar a um hospital pelos seus próprios meios. Cerca de 50% dos doentes recorrem a um Centro sem capacidade para realizar o tratamento, o que conduz a um atraso significativo no início da terapêutica mais adequada. Esta situação não acontece quando se liga para o 112.
É importante a precocidade no diagnóstico (valorização dos sintomas) - o que implica um tratamento mais rápido com redução significativa da quantidade de músculo cardíaco "perdido" , o que leva a que os doentes tenham um melhor prognostico, isto é que voltem a ter uma vida "normal".
 No hospital, o cardiologista de intervenção irá efetuar uma angioplastia coronária que consiste na colocação de um cateter fino na artéria obstruída, através do qual se introduz um balão que quando insuflado permite a abertura da artéria e o restabelecimento do fluxo sanguíneo. Na maioria das vezes, este procedimento é complementado com a colocação de um stent, um pequeno tubo de rede metálica que mantém o vaso aberto.
Atualmente, a angioplastia coronária é o melhor tratamento para o enfarte agudo do miocárdio.
Para evitar um enfarte é importar adotar estilos de vida saudáveis: não fumar; reduzir o colesterol; controlar a tensão arterial e a diabetes; fazer uma alimentação saudável; praticar exercício físico; vigiar o peso e evitar o stress. A Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC), uma entidade sem fins lucrativos, está a promover, em Portugal, a campanha Stent Save a Life – Não perca Tempo, Salve uma vida” com o objetivo de melhorar a prestação de cuidados médicos ao doente com enfarte e o seu acesso ao tratamento mais adequado. Para mais informações consulte: www.apic.pt
Artigo de Opinião do médico João Brum Silveira, presidente da Associação Portuguesa de Intervenção Cardiovascular (APIC)

FÉRIAS: A consolação apetecida... (1)







NISA: Outras eleições II (1997)



23.9.17

“CRÓNICAS DE LISBOA”: Uma manhã de alma cheia

 É domingo e acordo com o corpo dorido, fruto da idade e de noites mal dormidas, porque o desassossego provoca estes danos colaterais. Hoje não tenho compromissos, porque apesar desta vida de reformado, debato-me com a terrível falta de tempo, mas, às vezes, sem saber o que fazer com ele. O ginásio espera-me, nesta rotina de dar “vida à vida” que se vai esbatendo nestes já sessenta anos com muito desgaste do tempo e das “avarias”, sim, porque somos uma máquina perfeita, mas com defeitos e sem garantia fixa. Aliás, há muito que o meu cardiologista me disse que o meu prazo de validade poderia ter terminado há mais de vinte anos.
Entro no carro, a caminho do ginásio, porque a mente, por vezes, tem mais força do que o corpo onde “vive” e por ele é transportada. O rádio está sempre ligado e, como sou homem fiel e de rotinas, por agora a emissora é a mesma. A canção que passa é linda (Espelho de água – Paulo Gonzo) e, apesar de ter sido patrocinada pela EDP, vem muito a propósito neste final de Verão terrível de seca e fogos que agravam, e de que maneira, o nosso ambiente e uma das suas fontes vitais: a água. Se não fosse a conduzir, apetecia-me fechar os olhos e relembrar o videoclip utilizado na canção, aquando do seu lançamento. Vou sorvendo a letra e a musica: “Olhos bem abertos, percorro a paisagem e guardo o que vejo, para sempre, uma clara imagem. Um manto imenso de água…, de um azul quase profundo. Um sopro de ar, faz girar, o mundo melhor, raio de sol, luz maior, para partilhar…Faz da vida, paixão energia, que toca sempre mais alguém. Vai, espelho de água, trata e guarda, o que é nosso afinal. Em nós, vive a arte, de ser parte, de um mundo melhor. Eu sei, que gestos banais, parecem pouco, mas talvez sejam fundamentais”. Sim, parecem banais os gestos, que todos deveríamos praticar na defesa deste mundo melhor e que são de vital importância na preservação daquilo que é nosso.
Sento-me na bicicleta estática do ginásio e, para ajudar no “sacrifício” de castigar o corpo, ligo a televisão do sistema do ginásio e deixo-me ficar na transmissão da missa dominical pela RTP, diretamente, duma igreja do Funchal. Faço isso com frequência, sempre na esperança de que algum padre celebrante me surpreenda nas homilias. Por vezes, a surpresa é enorme, quer pelo tema da homilia quer pelas qualidades oratórias do celebrante. Tal como aconteceu há duas semanas e diretamente duma igreja de Ponta Delgada, na ilha de S. Miguel, hoje o jovem celebrante contagiou-me, porque o tema do “perdão” e as suas qualidades comunicacionais atingiram-me a alma.
Perdoar é algo que deveria ser assumido por todos os cidadãos, independentemente da sua crença religiosa, porque é um valor civilizacional. Mas não é fácil perdoar a quem nos fez mal ou mesmo termos a coragem de, humildemente, pedirmos perdão, porque sentiríamos esse gesto como uma humilhação. Contudo, a humildade é uma característica apaziguadora de outros potenciais conflitos, pessoais ou coletivos. Por vezes, egoisticamente, pedimos perdão por algumas das nossas faltas, mas já não somos capazes de conceder o mesmo a alguém que nos fez algo semelhante ou mesmo de menor importância. O celebrante prendeu-me ao tema tão atual, recorrendo às parábolas de há mais de dois mil anos e à realidade atual, pois é algo que a todos nos toca, quer como ofendidos quer como ofensores de alguém, por vezes bem próximo de nós nos laços afetivos e familiares. Aliás, as câmaras da televisão mostraram algumas das fiéis a secarem as lágrimas e outras exibiam uma imagem que tocavam fundo aos expectadores.
Vivemos uma época muito complicada nesta matéria, onde o ódio, a vingança, a ganância, o crime, o desamor e as guerras fazem deste mundo e de nós, por vezes, um inferno. Por isso, as “forças vivas do bem” têm muito para fazer com que este mundo seja bem melhor do que está a ser. As religiões e os seus crentes têm muita culpa nestes comportamentos, mas nelas há, garantidamente, líderes e seguidores que condenam as violências que se praticam, muitas do foro meramente individual, mas outras movidas pelas instituições religiosas e políticas, incluindo os governantes que, ávidos do poder, da vingança e da ganância sacrificam milhões de inocentes. Assumo que sou católico, não fanático e muito seletivo e independente nas minhas crenças e práticas, - o meu lema é , chegar a Deus através dos humanos, procurando praticar neles e com eles os valores cristãos - e confesso que me “reaproximei” mais da igreja católica depois de me aperceber dos perigos que as sociedades cristãs correm , mais no futuro, porque a expansão e a agressividade e fanatismos de outras religiões, com o beneplácito de muitos governantes europeus, faz delas e dos seus fanáticos, uma séria ameaça à paz e aos cidadãos europeus e aos seus valores culturais e educacionais. Exagero?  Que a realidade no tempo adulto dos meus netos, ainda criancinhas, desminta esta minha profecia. Muito tem que ser feito para que a convivência entre religiões, raças e povos seja pacifica e não belicista e com consequências imprevisíveis. É uma tarefa de todos e não apenas dos governantes mundiais.
Porque a dose de exercício físico ainda não era a recomendada, deu ainda para ver na televisão um episódio, duma série que desconhecia (Caminhos de Irmandade) que me maravilhou durante meia hora. A personagem portuguesa, uma jovem, tenta explicar o passado glorioso de Portugal a um jovem espanhol. Uma delícia, pelos textos, pelas imagens e pela originalidade narrativa, fresca e cativante. Ai aquilo que eu aprendi ou rememorei acerca do nosso passado. A não perder, para fortalecer o ego português e o orgulho do nosso passado, como lição para o presente.
Com o corpo liberto de toxinas e mais “fresco” do que estava ao acordar, porque a mente o obrigou a lutar, e com a alma cheias de mensagens de esperança, num mundo e num meio que corre sérios riscos, já merecia o almoço, não de guerreiro lusitano, mas de um cidadão consciente de que este Mundo, onde estamos de passagem, merece os nossos cuidados. A natureza está “revoltada e violenta”….
Serafim Marques
Economista Reformado

NISA - POSTAIS DO CONCELHO: Descanso

No Outono da Vida que entrementes começou, há lugar para o descanso e para reviver as memórias de um vida de trabalhos e canseiras. Há lugar e tempo para mil e um sorrisos... Tantas vidas numa vida, tantas histórias que nos fazem viajar do presente ao passado e daqui ao presente, sem deixarmos de pensar no futuro. Como será? Que Primaveras e Outonos nos trarão os ventos de amanhã?  

Alpalhão e Nisa acolhem o lançamento do 1º livro de Gonçalo Roldão


A Chiado Editora e o Autor Gonçalo Roldão têm o prazer de convidá-lo(a) à sessão de lançamento da obra Ambiguidade no dia 23 de Setembro, às 15h, no Centro Cultural de Alpalhão. A mesma obra será apresentada no dia seguinte, dia 24, pelas 15 horas na Biblioteca Municipal de Nisa.
Gonçalo Roldão
Um jovem de 18 anos que vive em plena reflexão com o mundo que o rodeia. Apresenta-se desde já com muito orgulho na família e nos amigos que tanto o inspiram. Nascido e criado em Alpalhão, concelho de Nisa, onde, aliás, busca inspiração constante nas gentes que o rodeiam, as gentes da sua terra.
Ambiguidade
Pegas no computador. Escreves. Sentes. Mais uma miúda que não convenceste, mais uma editora que te fechou a porta, mais um caminho que se tornou lamacento. Mais e mais e nunca foi tanto, foi sempre menos. Qual será o dia em que te vou, finalmente, encontrar por entre risos amados e afins? Passas despercebida no autocarro não maior do que a tua beleza provavelmente infinita, mas não passas da miúda que, infelizmente, ainda não convenci ou quiçá a miúda que quero conhecer. Talvez seja isso. Todo eu sou vento quando te vejo. Todo eu sou nada comparado contigo. Margarida, a miúda que ainda não consegui convencer.

22.9.17

NISA: “Artilheiros” comemoraram 75 anos de vida (2011)

Mais vale tarde do que nunca, terão pensado os naturais ou residentes em Nisa, nascidos em 1936 e que se juntaram para assinalar 75 anos de vida.
O encontro realizou-se no dia 2 de Outubro e serviu para se reverem amigos de infância e juventude, contarem histórias daqueles tempos difíceis, para além de se reforçarem os laços de amizade.
No convívio gastronómico, com um almoço servido a preceito, degustaram-se as especialidades da cozinha tradicional alentejana.
O encontro foi organizado pelo “artilheiro” Parente e os participantes fizeram questão de marcar encontro para o próximo ano, deixando uma promessa e desafio: que venham todos!
NR: Este convívio de "Artilheiros" realizou-sem 2011, já lá vão 6 anos e como Recordar é Viver, lembramos através da foto, uma festa e comemoração especial.