12.9.17

NISA: Poder local, sinónimo de participação e auscultação.



As fotos não têm grande qualidade. Nessa altura, início dos anos 80, as autarquias tinham outras prioridades e carências mais urgentes para resolver. As "novas tecnologias" ainda andavam nas entranhas das estrelas. Mas sem meios informáticos, sem a parafernália dos canais de intoxicação e manipulação que hoje existem, eleitos e eleitores não deixavam de comunicar entre si. Planos, projectos, uma simples ideia para transformar a rua ou a recolha de lixo, era discutida entre os principais interessados. Este foi o principal "segredo" da governação da FEPU, APU e CDU no concelho de Nisa durante 30 anos e não, como pensa o "rapaz sem testa", fruto do jugo - palavra imprópria e vergonhosa, ainda mais saída da boca de um deputado, dito da nação e referente a uma força política que deu o aval para a constituição do actual governo -.
É certo que este estilo de trabalho nas autarquias se foi perdendo, paulatinamente, ao longos dos anos e o Poder Local, democrático e participado, como fora desde o início, enveredou por um caminho no qual apareceram os "especialistas", com ou sem canudo, os apetites de controle pessoal da vida dos concelhos, a personalização e o individualismo, os interesses imobiliários e o clientelismo. O "taxismo autárquico" é o actual sistema vigente no Poder Local, onde abundam e se misturam, dinossauros, barões e outros figurões, a par de autarcas honestos e dedicados, com uma folha de serviços indelével e que, muitas vezes, soçobram, perante as "máquinas partidárias locais" em que se transformaram, a nível de concelhos e freguesias, as extensões dos principais partidos.