5.4.18

Poetas da lusofonia - Olavo Bilac

PRIMAVERA
Ah! Quem nos dera que isto, como outrora,
Inda nos comovesse! Ah! Quem nos dera
Que inda juntos pudéssemos agora
Ver o desabrochar da primavera!

Saíamos com os pássaros e a aurora.
E, no chão, sobre os troncos cheios de hera,
Sentavas-te sorrindo, de hora em hora:
"Beijemo-nos! Amemo-nos! Espera!"

E esse corpo de rosa recendia,
E aos meus beijos de fogo palpitava,
Alquebrado de amor e de cansaço. .

A alma da terra gorjeava e ria...
Nascia a primavera... E eu te levava,
Primavera de carne, pelo braço!
Olavo Bilac