8.4.18

PRECARIEDADE: Pra melhor está bem, está bem. Pra pior já basta assim!

No passado dia 28 de Março, milhares de jovens trabalhadores manifestaram-se nas ruas de Lisboa exigindo trabalho com direitos e o direito ao futuro.
Assinalavam o Dia Nacional da Juventude Trabalhadora exigindo o direito que têm a um futuro digno no país que é o seu/nosso.
A Comunicação Social dita de referência pouco viu dessa manifestação ou então mostrou-nos muito pouco do que viu, talvez por não ter percepcionado que não se tratava de uma qualquer manifestação de apoio ao governo, que por norma contesta não pelo que faz ou não faz mas por se apoiar numa maioria parlamentar onde a “sinistra” está presente.
Mesmo no nosso território poucos, para lá do mundo do trabalho, terão tomado conhecimento da jornada de luta que os jovens trabalhadores levaram a Lisboa e o facto de naquele rio de gente estarem a participar dezenas de trabalhadores do nosso distrito.
E isto, apesar das razões que, também por cá, todos somos a reconhecer como justas.
Na verdade, quais as famílias que não têm no seu seio jovens em desespero por não terem emprego, por terem emprego mas em situação de absoluta precariedade ou que apesar de estarem a trabalhar não usufruem os rendimentos necessários a tornarem-se independentes e poderem criar a sua própria família.
As estatísticas ultimamente reveladas apenas confirmam o que todos, também aqui, a cada dia constatamos.
O observatório da Igualdade da OCD veio recentemente informar-nos que:
·         Entre 2007 e 2015 um em cada dez postos de trabalho ocupados por jovens portugueses que trabalham foi destruído;
·         66,3% dos jovens portugueses que trabalham têm um contrato de trabalho a termo.
Já o INE constata que em 2017 o salário médio dos jovens foi de 621,05€ o que significa que baixou 31% em relação ao salário médio em 2007.
Está tudo dito!
Se a estas situações arrasadoras juntarmos a posição de classe assumida por quantos, na Assembleia da Republica chumbaram as propostas de lei que visavam reparar as “maldades” impostas aos trabalhadores pelos governos “vassalos” das troicas, somos obrigados a concluir que não só os jovens trabalhadores estão carregados de razão quando lutam  pelos seus direitos como é igualmente justo pensarmos que esta pouca divulgação na comunicação social de âmbito nacional (e também local) não se deve a “falta de vista” mas à clara e deliberada opção pelos poderosos e contra a classe trabalhadora e em particular contra a juventude trabalhadora.
É uma ilação demasiado dura? Claro que não. Não há qualquer outra razão que justifique que quem se indigna até ao extremo quando o governo nacional não alinha cegamente com as decisões belicistas do imperialismo e não tem uma palavra de condenação contra quem rouba aos nossos filhos e netos o futuro que temos o direito de lhes garantir.
E as coisas começam a encaminhar-se para rumos que a não serem travados podem vir a não ter retorno.
Mesmo em Portalegre, são cada vez mais os casos de regresso ao passado.
Ainda esta semana patrões aqui sedeados tentavam impor a jovens trabalhadoras a obrigatoriedade de eliminar o descanso semanal, (um dia) numa jornada diária de 10/12 horas e um salário de miséria, “pago por debaixo da mesa” para evitar o pagamento devido à segurança social.
É fundamental deixar de assobiar para o lado!
Talvez valha a pena reflectir no futuro que queremos!
Diogo Júlio Serra